Dólar sobe na sessão, mas tem maior queda para novembro em pelo menos 18 anos

Publicado em 30/11/2020 17:35

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta na última sessão do mês, puxado por uma correção global em outros mercados, mas nada que tenha tirado o brilho de novembro, quando o resultado da eleição norte-americana e desenvolvimentos de vacinas para a Covid-19 turbinaram a demanda por ativos mais arriscados em meio à perspectiva de recuperação da economia global.

Tamanho otimismo provocou um "short squeeze" na moeda brasileira, o que significa uma forte correção de posições, que até então estavam muito mais para o lado negativo. Com isso, o dólar teve a maior queda mensal em dois anos e o maior tombo para meses de novembro desde pelo menos 2002, conforme dados da Refinitiv.

O dólar à vista subiu 0,39% nesta segunda-feira, para 5,3467 reais. A retomada da moeda ocorreu em sintonia com o exterior, conforme gráfico abaixo do dólar/real e do índice do dólar ante uma cesta de moedas:

Em novembro, contudo, a moeda perdeu 6,82%. É a maior baixa mensal desde outubro de 2018 (-7,79%) e a mais forte para meses de novembro desde pelo menos 2002.

Considerando a taxa Ptax de venda do Banco Central --cujo fechamento é baseado em consultas feitas ainda pela manhã--, o dólar caiu 7,63% em novembro, a mais intensa desvalorização para o mês já vista.

O real não esteve sozinho na boa performance do mês. Outras moedas correlacionadas às commodities, como peso colombiano (+7,6%), se destacaram, enquanto o dólar no mundo tocou em novembro mínimas em mais de dois anos, afetado pela perspectiva de farta liquidez no mundo em meio a estímulos de bancos centrais e à mudança de governo nos Estados Unidos.

Ao longo do dia, o dólar no Brasil oscilou entre 5,3974 reais (+1,34%) e 5,2762 reais (-0,94%), com a volatilidade associada, entre outros motivos, à "briga" entre comprados e vendidos pela Ptax de fim de mês.

A mínima da sessão foi atingida ainda pela manhã, quando o mercado repercutiu decisão do Banco Central de aumentar o volume ofertado em leilão de rolagem de swap cambial tradicional nesta segunda-feira para um ritmo que, se mantido até o fim do ano, representará colocação líquida de dólares no mercado futuro.

O BC disponibilizou e vendeu 16 mil contratos de swap para rolagem. Caso assim mantenha, o BC terminará negociando até o fim de dezembro pelo menos 9 bilhões de dólares a mais do que o estoque a vencer em 4 de janeiro (11,798 bilhões de dólares).

"Com isso, (o BC) alivia pressão do overhedge de 16 bilhões de dólares", comentou Marcos Mollica, do Opportunity.

O overhedge é uma proteção cambial adicional adotada por bancos que deixou de ser interessante depois de mudanças, anunciadas no começo do ano, em regras tributárias. Desfazer o overhedge implica compra de dólares, movimento em curso desde os primeiros meses do ano e que, segundo analistas, tem grande peso na disparada de 33,24% do dólar em 2020.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar oscila em margens estreitas e fecha perto da estabilidade no Brasil
Trump vai propor dedução dos juros sobre financiamento de veículos
Presidente do Fed de Atlanta se diz "confortável" em manter juros inalterados em novembro
Ações recuam na Europa após dados de inflação dos EUA e com orçamento francês em foco
Fed deve cortar juros gradualmente para 3,5% até meados de 2025, segundo operadores
Wall Street cai após dados sobre inflação e pedidos de auxílio-desemprego