Algumas regiões parecem ter segunda onda de Covid-19, mas fenômeno não é geral, diz Guedes

Publicado em 19/11/2020 18:51

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou nesta quinta-feira que algumas regiões do país parecem estar acusando uma segunda onda de Covid-19, mas que este não é um quadro generalizado.

"A economia brasileira voltou. A doença recuou e a economia brasileira voltou. É fato que está havendo um retorno, uma segunda onda, etc? Por enquanto, algumas regiões parecem estar acusando isso. Mas não é um fenômeno geral", afirmou.

Ao participar virtualmente do Congresso Brasileiro de Previdência Privada, ele disse que, se a segunda onda de fato ocorrer, ela será enfrentada pelo governo.

"É como se uma guerra em vez de durar um ano ela durasse dois, ela durasse três. Brasileiros são resilientes, sabem enfrentar. E nós enfrentaremos como enfrentamos antes. Nós sabemos enfrentar a crise", disse.

"Se doença vier estamos numa outra dimensão, sabemos como agir, mas não é nosso plano", pontuou ele, voltando a frisar que o plano A é prosseguir com a realização de reformas, com respeito ao teto e sem programas populistas.

As declarações ocorrem em meio ao aumento de casos e de mortes por coronavírus em algumas localidades do país, movimento que tem reacendido temores de uma nova e generalizada escalada da doença. Na Europa, a chegada da segunda onda tem feito governos se debruçarem sobre novas medidas de lockdown.

Mais cedo nesta semana, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, havia dito que a probabilidade de uma segunda onda de coronavírus no Brasil era baixa, citando estudos internos.

Sachsida disse ainda que alguns Estados tinham chegado ou estavam próximos da imunidade de rebanho, em referência ao atingimento de um percentual mínimo de pessoas já infectadas pelo novo coronavírus que garantiria um certo efeito de proteção contra a circulação do vírus. O secretário citou o percentual de 20% para sua declaração, embora tenha reconhecido que parte da literatura considera a imunidade de rebanho com 60% a 70% da população infectada.

EMPREGO

O ministro da Economia reafirmou nesta quinta-feira que a economia está se recuperando em formato de V e disse que o país deve encerrar este ano com fechamento de 300 mil vagas formais de emprego, equivalente a um terço ou um quarto do que foi perdido em cada um dos anos de 2015 e 2016, que ele chamou de períodos de "recessões autoimpostas".

De janeiro até setembro, o Brasil fechou 558.597 vagas formais.

Guedes também apontou que o cenário de Selic mais baixa e um dólar mais elevado frente ao real têm ajudado o país em meio à crise.

"Estamos trabalhando agora com juros bem mais baixos e com câmbio bem mais alto e isso nos ajuda no processo de estimular exportações, nos ajuda na substituição de importações e proteção de mercados internos, do ponto de vista de mercado. Não tem ninguém fazendo nenhuma política artificial, de campeão nacional, de subsídio, nada disso", disse.

CENTRO-DIREITA

Sobre as eleições municipais, Guedes afirmou que elas não foram uma vitória enorme da esquerda, defendendo que os resultados mostraram que a aliança de centro-direita que alçou o presidente Jair Bolsonaro ao poder segue crescendo.

"Todos os partidos de centro-direita --DEM, PP, PSD, PTB-- tiveram aumento no número de prefeitos, aumentaram a abrangência das administrações sob sua influência. Isso significa que a mesma aliança de centro-direita que ganhou eleições em 2018 continua ampliando seu espectro", afirmou ele.

"Há muitas leituras equivocadas do que foi a eleição, como se houvesse uma vitória enorme da esquerda, como se a esquerda tivesse ganho alguma coisa. Não foi a leitura correta do que nós estamos vendo das eleições", completou o ministro.

Brasil registra 606 novas mortes por Covid-19 e 35.918 novos casos

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil registrou nesta quinta-feira 606 novos óbitos em decorrência da Covid-19, o que eleva o total de mortes pela doença no país a 168.061, informou o Ministério da Saúde.

Também foram notificados 35.918 novos casos da doença provocada pelo coronavírus, com o total de infecções confirmadas atingindo 5.981.767, acrescentou a pasta.

O governo tem normalizado a publicação dos dados após sofrer por mais de uma semana com problemas técnicos, mas ainda mantém uma mensagem no site em que as informações são divulgadas afirmando que "estamos com alguns problemas nos sistemas que podem levar a algum atraso na atualização dos dados, estamos trabalhando na correção".

O Brasil é o segundo país com maior número de mortes por coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e o terceiro em casos, abaixo dos EUA e da Índia.

Hospitalizações por Covid-19 nos EUA disparam com festas de final de ano no horizonte

NOVA YORK (Reuters) - O número de pacientes hospitalizados com a Covid-19 nos Estados Unidos saltou quase 50% nas últimas duas semanas, forçando alguns Estados a estabelecerem novas restrições para conter a propagação do vírus enquanto os norte-americanos se aproximam de um inverno e final de ano sombrios.

Quase 79 mil pessoas estão sendo tratadas para a doença em hospitais por todo o país nesta quinta-feira, como mostrou uma contagem da Reuters, o maior número de toda a pandemia até agora. O país registrou 161.607 novos casos diários na média semanal variável contabilizada na quarta-feira.

A aceleração forçou uma nova série de fechamentos de escolas e empresas para desacelerar a contaminação comunitária, freando as vidas dos cidadãos norte-americanos mais uma vez.

Suzanna Riordan, uma mãe residente no bairro do Brooklyn, em Nova York, disse que começou a chorar assim que ouviu o anúncio de que as salas de aula do sistema público de ensino da cidade seriam fechadas a partir de quinta-feira após a taxa de positividade de testes superar o patamar previamente estabelecido de 3%. 

A filha de Riordan, Olivia, de 7 anos, estava empolgada com a possibilidade de acrescentar um dia a mais de educação presencial por semana a partir da semana que vem, como parte do plano híbrido de educação da cidade, disse Riordan.

"Desde setembro ela passou cerca de sete dias na escola", disse Riordan. "E esses são os dias quando ela vem para casa empolgada e feliz de ver outras crianças de sua idade. E agora isso acabou de novo."

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, defendeu sua decisão de voltar com o ensino à distância, acrescentando que mais medidas e requerimentos de segurança para reabrir o maior distrito escolar dos Estados Unidos seriam anunciadas antes do feriado de Ação de Graças.

Fonte: Reuters

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