US$ 3 bi do Banco dos Brics vão entrar no país em 2-3 meses, diz ministro Paulo Guedes

Publicado em 18/11/2020 19:21

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como Banco dos Brics, irá injetar recursos de 3 bilhões de dólares no país nos próximos meses.

"O banco foi fundado em 2016, tínhamos tomado apenas 700 milhões de dólares. Nos próximos dois, três meses temos 3 bilhões de dólares para entrar para investimentos, para ajudar no coronavírus, para investimentos em infraestrutura", afirmou ele, ao participar de evento promovido pela revista Exame.

Em sua fala, Guedes reiterou que a alta recente da inflação é transitória e que a recuperação da economia está sendo em formato de V. Ele voltou a defender o teto de gastos, especialmente num contexto em que as despesas são indexadas e obrigatórias.

"Enquanto o Brasil não tiver coragem de enfrentar esse problema de indexação automática de despesas, onde a classe política não controla 96% dos orçamentos, não podemos sonhar em abrir mão dessa bandeira do teto", disse.

Segundo Guedes, o Brasil fechará 2020 com perda de empregos equivalente a cerca de um terço do que foi registrado na crise de 2015.

Fitch reafirma rating "BB-" para o Brasil com perspectiva negativa e alerta para deterioração fiscal

(Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch Ratings reafirmou nesta quarta-feira a nota de crédito soberano "BB-" para o Brasil, com perspectiva negativa, e chamou atenção para os riscos fiscais do país em um ambiente de incerteza política doméstica e ressurgimento global das infecções pelo coronavírus.

"A perspectiva negativa reflete a severa deterioração do déficit fiscal do Brasil e do fardo da dívida pública durante 2020 e a incerteza persistente quanto às perspectivas de consolidação fiscal, incluindo a sustentabilidade do teto de gastos de 2016 (a principal âncora da política fiscal), dadas as contínuas pressões sobre os gastos", afirmou a Fitch em relatório.

A agência citou ainda em seu comunicado riscos referentes ao encurtamento da dívida pública, movimento que tem ocorrido conforme o Tesouro Nacional tem maiores dificuldades para captar recursos tendo como pano de fundo maior receio do mercado sobre as contas públicas e um juro real de curto prazo negativo.

"Embora a equipe econômica esteja comprometida em retornar à sua agenda de reformas em 2021, o ambiente político permanece fluido, reduzindo a visibilidade e previsibilidade do processo", disse a Fitch no texto.

"A Fitch espera que a economia se recupere a partir de 2021; no entanto, a incerteza em torno dos desenvolvimentos políticos e de políticas públicas, combinada com um ressurgimento de infecções globais por coronavírus, continua a obscurecer o panorama."

A agência prevê que a economia brasileira vai contrair 5% em 2020, quando a dívida pública deverá chegar a quase 95% do Produto Interno Bruto (PIB). O déficit nominal do governo geral vai escalar para 16,7% do PIB em 2020, ante cerca de 6,0% em 2019 e mais do que o dobro do rombo de 7,8% correspondente à mediana de países de rating "BB".

Em setembro, porém, a Fitch previa uma queda do PIB ainda maior, de 5,8%.

Para 2021, a Fitch projeta que a economia brasileira vai se beneficiar de uma recuperação econômica global, de maior crescimento na China (seu principal parceiro comercial) e de uma taxa de câmbio competitiva. Mas a agência ponderou que vários riscos negativos podem amortecer a recuperação, incluindo a eliminação progressiva das medidas emergenciais de apoio e a persistência de uma elevada taxa de desemprego.

"O ressurgimento do coronavírus, o endurecimento das medidas de distanciamento social e/ou manobras de política que minam a confiança do mercado na trajetória fiscal futura são riscos negativos adicionais", afirmou a Fitch.

A nota soberana atribuída ao Brasil pela Fitch mantém o país no grupo de maior risco de crédito, o chamado status "junk". Moody's ("Ba2", perspectiva estável) e S&P ("BB-", perspectiva estável) também classificam o rating do Brasil abaixo do grau de investimento.

Fonte: Reuters

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