Campos Neto reforça que há tranquilidade com inflação, minimiza aumento de volatilidade cambial

Publicado em 17/11/2020 13:15

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou nesta terça-feira que há tranquilidade da autoridade monetária em relação à inflação, ao mesmo tempo em que minimizou o aumento da volatilidade cambial.

"O Banco Central está olhando, está monitorando e entendemos que grande parte do movimento (inflacionário) recente é temporal", disse ele, ao falar em evento organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

O presidente do BC voltou a avaliar que uma parte desse avanço é ligada à alta do câmbio, com outra parte advinda dos efeitos na economia da concessão do auxílio emergencial e também do impacto nos preços do chamado efeito substituição, com os brasileiros consumindo menos serviços em meio à pandemia e direcionando seus gastos à alimentação em domicílio.

Em breve fala sobre o câmbio, Campos Neto reconheceu o aumento da volatilidade, mas pontuou que ele não se deu em grande magnitude.

"Teve realmente um aumento de volatilidade, o Brasil teve um pequeno descolamento de volatilidade, mas não foi muito alto", disse.

Campos Neto chamou a atenção para o aumento no número de contratos de 'daytrade' na bolsa ocorrendo concomitantemente à elevação da volatilidade, embora tenha destacado que essa não é uma relação causal.

RISCO FISCAL

Em mais uma fala pública em que destacou a importância do país retomar a trajetória de sustentabilidade nas contas públicas, o presidente do BC apontou que há "realmente" um aumento de prêmio de risco nos títulos públicos.

Ele afirmou que a ação conjunta do BC com o Tesouro implementada recentemente foi importante para tratar o elemento técnico, mas afirmou que é preciso voltar à disciplina fiscal para que haja estabilização nos preços.

Segundo Campos Neto, a curva longa de juros está hoje "muito inclinada" e isso espelha a incerteza dos agentes em relação à parte fiscal.

"País não roda na Selic, então a gente precisa ter uma curva longa mais baixa exatamente para criar esse movimento de substituição de subsídios por funding privado", afirmou ele, frisando que a credibilidade é chave para fazer com que o fluxo de investimentos estrangeiros volte ao país.

CRESCIMENTO EM 2020

Sobre o comportamento da economia neste ano, o presidente do BC estimou que, se o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre confirmar um crescimento perto de 9% sobre os três meses anteriores, algumas revisões para melhor devem ocorrer para o consolidado do ano.

"(Isso) coloca o Brasil com carry, carregamento de crescimento para 2021 mais positivo, vai estar aí entre 2,7% e 3% de carregamento, o que deve também melhorar as perspectivas para 2021", acrescentou.

Nesta manhã, o Ministério da Economia melhorou sua projeção para o PIB neste ano a -4,5%, sobre -4,7% antes, com alta estimada de 8,3% do PIB no terceiro trimestre sobre o segundo.

Enquanto economistas ouvidos pelo mais recente boletim Focus estimaram um tombo para a economia de 4,66% neste ano, o BC previu, em setembro, que o PIB cairia 5% este ano.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar à vista fecha em baixa de 0,04%, a R$5,5849 na venda
Trump vai propor dedução dos juros sobre financiamento de veículos
Presidente do Fed de Atlanta se diz "confortável" em manter juros inalterados em novembro
Ações recuam na Europa após dados de inflação dos EUA e com orçamento francês em foco
Fed deve cortar juros gradualmente para 3,5% até meados de 2025, segundo operadores
Wall Street cai após dados sobre inflação e pedidos de auxílio-desemprego