Esperança de vacina reforça apetite por risco e derruba dólar; Produção de aço sobe 3,5%
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar começou a semana em queda ante o real, em dia amplamente fraco para a divisa norte-americana em meio ao apetite generalizado por risco depois de novos progressos em vacina contra a Covid-19 alimentarem esperanças de retomada acelerada da atividade econômica global.
O dólar à vista caiu 0,65% nesta segunda-feira, a 5,4400 reais na venda. A moeda oscilou em baixa durante toda a sessão, indo de 5,3643 reais (-2,03%) a 5,4588 reais (-0,30%).
Na B3, o contrato mais líquido do dólar futuro recuava 0,39%, a 5,4405 reais, às 17h19.
O real figurou entre as moedas de melhor desempenho do dia, em lista liderada por rublo russo (+1,8%), rand sul-africano (+1,4%) e coroa norueguesa (+1,1%) --clássicos beneficiados por maior demanda por ativos mais arriscados.
O otimismo deu a tônica depois de a farmacêutica Moderna informar que sua vacina experimental foi 94,5% eficaz na prevenção da Covid-19 com base em dados preliminares de um teste clínico em estágio final, tornando-se a segunda farmacêutica dos Estados Unidos a relatar resultados que excederam as expectativas.
Na semana passada, foi a Pfizer Inc que reportou números encorajadores sobre o desenvolvimento de sua vacina.
A expectativa de que uma vacina seja desenvolvida e distribuída em massa já faz surgirem análises de forte queda global do dólar no ano que vem.
Em relatório nesta segunda-feira, o Citi previu que a ampla distribuição de vacinas para combater a pandemia do coronavírus e o afrouxamento monetário em curso podem fazer com que o dólar norte-americano enfraqueça até 20% no próximo ano em âmbito global.
Nesse contexto, ganha corpo a avaliação de que o real tem potencial para apreciação, com a moeda brasileira já sendo considerada pelo Deutsche Bank a divisa mais barata dentre as principais.
Em outro relatório, o Goldman Sachs projetou que o dólar no mundo pode cair 15% em termos reais entre seu pico de 2020 e o fim de 2024. O banco norte-americano citou que o câmbio na América Latina se coloca como um destaque em termos de espaço para apreciação e que o real é o principal expoente dessa expectativa na região.
Porém, o Goldman voltou a fazer ressalvas do lado fiscal.
"Em suma: embora o real provavelmente esteja entre os melhores desempenhos em um "(muito) bom estado no mundo", o caso para apostas de alta depende crucialmente de o beta do real em relação a um amplo movimento do dólar compensar sua combinação nada atraente de elevados riscos domésticos e baixo 'carry' (retorno de taxa de juros)", ponderaram os analistas do banco dos EUA.
Produção de aço sobe 3,5% em outubro sobre um ano antes, diz Aço Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - A produção brasileira de aço bruto em outubro cresceu 3,5% sobre o mesmo período do ano passado, para 2,78 milhões de toneladas, informou o Instituto Aço Brasil (antigo IABr), nesta segunda-feira, citando melhor volume de vendas até agora neste ano.
No comparativo com setembro, o setor teve alta de 7,4% na produção, mantendo recuperação iniciada em meados do ano quando flexibilização de medidas de quarentena e retomada de indústrias consumidoras da liga geraram um forte aumento na demanda, que encontrou estoques reduzidos na cadeia.
As vendas no mercado interno subiram 16,7% sobre outubro do ano passado, para 1,93 milhão de toneladas, segundo o Aço Brasil. O volume foi o maior em um único mês do ano e 3,2% mais alto que o vendido em setembro, sendo registrado em meio a avisos de siderúrgicas sobre aumentos de preços da ordem de 10%.
Com o desempenho de outubro, a indústria siderúrgica acumula produção de 25,13 milhões de toneladas nos 10 meses de 2020, queda de 8,5% sobre o mesmo período de 2019. As vendas mostram retração de 1%, a 15,6 milhões de toneladas.