Brasil está oficialmente saindo da recessão, afirma ministro (Agencia Brasil)

Publicado em 14/11/2020 07:47
Guedes destaca queda de contaminações pelo Covid-19 e diz que vacina está chegando

O Brasil está oficialmente saindo da recessão, afirmou hoje (13) o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao participar virtualmente do 39º Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex). “Recebemos hoje a notícia de que o Brasil está oficialmente está saindo da recessão”, disse Guedes.

Ele destacou que sua “hipótese de trabalho” é que as contaminações pelo novo coronavírus estão em queda e que a “vacina está chegando”. “O Brasil está conseguindo combater a doença. Isso é um fato que está acontecendo do lado da saúde. Do outro lado, da economia, é um fato que o Brasil está saindo da recessão”, enfatizou.

Para o ministro, o governo tem cerca de um ano e meio para transformar a retomada da economia em crescimento sustentável. “Em vez de uma onda de consumo, em uma forte recuperação cíclica, o desafio é transformar isso na ampliação da capacidade produtiva.”

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período), divulgado nesta sexta-feira, mostrou crescimento de 9,47% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o segundo trimestre. Em setembro, comparado a agosto, houve expansão de 1,29%.

Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, foi registrada queda de 3%. Em 12 meses encerrados em setembro, houve retração de 3,32%.

Ministro Paulo Guedes participa do ENAEX - 39º Encontro Nacional do Comércio Exterior - Reprodução/YouTube/AEB

Empregos

Guedes ressaltou que o país criou 300 mil empregos em setembro. Segundo o ministro, o “ritmo está tão forte que talvez seja difícil manter” a criação de emprego nesse patamar.

O ministro lembrou que, em anos anteriores de crise, as perdas de emprego foram maiores no que na atual. Neste ano, até setembro, a perda chegou a 550 mil postos de trabalho, contra 650 mil na recessão de 2015 (de janeiro a setembro) e 687 mil em igual período de 2016. “Os erros de política econômica causaram mais dano do que a pandemia”, afirmou.

Teto de gastos

O ministro da Economia voltou a defender o controle das contas públicas, por meio do teto de gastos. “Não vamos aumentar impostos, então precisamos do controle de gastos”, disse.

Para Guedes, o teto de gastos é uma “barreira contra a irresponsabilidade com as finanças públicas”. “É importante que lutemos para manter esse teto para mudar o eixo da economia brasileira que era baseada nos investimentos dirigidos pelo governo.”

Guedes destacou ainda que os servidores públicos “aceitaram com patriotismo” o congelamento de salários neste ano e em 2021 como contribuição para o enfrentamento da pandemia. “Os salários estavam muito acima da média do setor privado, e o funcionalismo, com patriotismo, porque não houve grandes reclamações, aceitou essa contribuição de não pedir aumento durante este ano de pandemia e o ano que vem, quando estaremos ainda com o efeito devastador sobre as finanças públicas”, afirmou.

BC diz que aumentou incerteza sobre velocidade de retomada da economia

Pouca previsibilidade sobre ajustes nos gastos gera incerteza (Agencia Brasil)

A velocidade da retomada da atividade econômica ainda é incerta. A avaliação é do Banco Central (BC), que divulgou hoje (13) o Boletim Regional, uma publicação trimestral com análise das condições da economia por regiões do país.

Mais cedo, foi divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período). No terceiro trimestre deste ano, o indicador apresentou expansão de 9,47% na comparação com o segundo trimestre. Em setembro, comparado a agosto, houve expansão de 1,29%. Em relação ao terceiro trimestre de 2019, foi registrada queda de 3%. Em 12 meses encerrados em setembro, houve retração de 3,32%.

Segundo o Boletim Regional, indicadores recentes da atividade “sugerem recuperação desigual” entre setores na economia brasileira. “Os programas governamentais de recomposição de renda favoreceram retomada relativamente forte do consumo de bens. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas”, diz a instituição.

Nas regiões do país, o BC avalia que “os movimentos das economias também foram desiguais, refletindo, em alguns casos, a estrutura produtiva distinta, e, em outros, as diferenças do aumento da mobilidade e dos impulsos dos programas emergenciais”.

“Prospectivamente, apesar de melhor dimensionamento dos impactos iniciais da pandemia, a pouca previsibilidade associada à sua evolução e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a velocidade da retomada da atividade econômica”, acrescenta o banco.

Regiões

Segundo o BC, a atividade econômica do Norte apresentou o maior ritmo de recuperação após o impacto da pandemia. “Contribuíram para esse movimento o aumento da mobilidade ainda em maio, a estrutura industrial voltada para bens duráveis destinados ao mercado doméstico e para as exportações de commodities [produtos primários com cotação internacional] e a maior importância relativa dos benefícios sociais”. O Índice de Atividade Econômica Regional da Região Norte (IBCR-N) cresceu 6,7% no trimestre até agosto, em relação ao encerrado em maio (-6%), de acordo com dados dessazonalizados.

De acordo com o Banco Central, essa foi a única região a superar o nível do primeiro bimestre (período pré-pandemia). “Os crescimentos do comércio, da prestação de serviços e da produção industrial foram superiores aos das demais regiões e refletiram também em indicadores relativamente melhores no mercado de trabalho”.

No Nordeste, a atividade econômica, no trimestre encerrado em agosto, “recuperou parcialmente a retração ocorrida no trimestre anterior, favorecida pelo aumento de mobilidade e reabertura de atividades econômicas, pela recomposição da renda decorrente do auxílio emergencial e pela expansão do crédito”.

Apesar do crescimento no trimestre, a economia da região apresenta a maior retração comparativamente ao período pré-pandemia. “Esse resultado repercute os desempenhos regionais mais fracos nos serviços e na indústria, além de piores indicadores no mercado de trabalho. O comércio ampliado, favorecido pelo auxílio emergencial, registra crescimento acima da média nacional”. O IBCR-NE avançou 2,8% no período, em relação ao trimestre encerrado em maio, quando decrescera 7,1%, no mesmo tipo de comparação.

No Centro-Oeste, “a vocação agrícola e a produção recorde de grãos impulsionaram as indústrias de processamento de alimentos e os serviços de logística, mitigando os efeitos adversos durante o período mais crítico de restrição de circulação e funcionamento das empresas”. O IBCR-CO cresceu 0,5% frente ao trimestre anterior (quando a retração não tinha sido tão severa quanto no restante do país), na série com ajuste sazonal. “Ressalta-se que o setor industrial da região é o único a recuperar o nível do primeiro bimestre do ano”, acrescentou o BC.

No Sudeste, os indicadores sinalizaram recuperação da economia no trimestre encerrado em agosto, após queda acentuada no trimestre anterior. “O aumento gradual da mobilidade social permitiu a mretomada da indústria e do comércio e, em menor medida, do setor de serviços, com reflexos positivos sobre o mercado de trabalho”. O IBCR-SE avançou 4,3% no período, em relação ao trimestre encerrado em maio, quando tinha caído 6,8%, no mesmo tipo de comparação. “Adicionalmente, a trajetória de dados mais tempestivos – como os de consumo de energia elétrica e vendas com cartão de débito – sugere que a economia continuou o processo de recuperação em setembro e outubro, embora com alguma acomodação na margem [recentemente]”.

Na Região Sul, indicadores mostram recuperação “gradual da economia, em linha com a evolução relativamente mais positiva da crise sanitária”. “Os processos de retomada, estimulados por medidas fiscais e creditícias, mostram-se distintos entre os setores e com baixa intensidade no mercado de trabalho”, diz o BC. O nível de atividade no Sul – medido pelo IBCR-S – avançou 5,1% no trimestre encerrado em agosto, na comparação com o finalizado em maio, quando a queda de 7,1% repercutia os efeitos severos da pandemia sobre a região.

Fonte: Agencia Brasil

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