Acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no governo, diz Bolsonaro

Publicado em 08/10/2020 07:39 e atualizado em 08/10/2020 11:40

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que acabou com a Lava Jato porque, segundo ele, não há mais corrupção no governo, no momento em que se alia politicamente a investigados da operação no Congresso e se aproximou de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) críticos à investigação.

"É um orgulho, uma satisfação que eu tenho dizer para essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava Jato, eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo", disse Bolsonaro, sob palmas, em evento no Palácio do Planalto para lançamento do programa Voo Simples, de medidas para o setor aéreo.

"Sei que não é virtude, é obrigação", afirmou o presidente, ao destacar que faz um governo de "peito aberto".

Bolsonaro indicou o desembargador Kassio Nunes, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), para a cadeira ocupada atualmente pelo decano do STF, Celso de Mello, que se aposenta na próxima semana.

Nunes é tido como garantista e conta no Supremo e no Congresso, respectivamente, com o respaldo de ministros e parlamentares críticos da Lava Jato.

Na solenidade no Planalto, sem citar o nome do desembargador, Bolsonaro fez uma defesa de suas indicações. "Quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local, eu sei que é uma boa pessoa tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe da grande mídia”, ironizou.

O desembargador vai ser sabatinado pelo Senado no dia 21 de outubro e, se for aprovado, empossado a seguir como ministro do STF, a primeira indicação de Bolsonaro para a corte.

Bolsonaro foi eleito em 2018 no rastro da bandeira de combate à corrupção e fazendo uma defesa enfática da Lava Jato. Escalou para seu governo o ex-juiz Sergio Moro, símbolo da operação, como ministro da Justiça e Segurança Pública.

Contudo, após desentendimentos com Moro, que o acusou de tentar interferir na Polícia Federal, o presidente demitiu-o do governo no final de abril e acabou por se aproximar de investigados na operação.

Bolsonaro encaminha ao Senado indicação de Jorge Oliveira para vaga no TCU

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro informou nesta quarta-feira que encaminhou mensagem ao Senado indicando o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, para vaga a ser aberta no Tribunal de Contas da União (TCU), com a aposentadoria do ministro José Múcio Monteiro.

A sabatina de Oliveira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado deve ocorrer no dia 20 deste mês. A previsão é que o nome seja submetido ao plenário do Senado no dia 21, segundo acordo fechado entre líderes de bancada no início desta semana.

"Encaminhei mensagem para o Senado Federal indicando o Maj R/1 PMDF, atual ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira para exercer o cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União", publicou o presidente em seu perfil do Twitter e também no Facebook.

Na segunda-feira, a Reuters adiantou a decisão do presidente de indicar Oliveira para o lugar do atual presidente do TCU, ministro José Múcio Monteiro, que se aposenta em dezembro deste ano. Na semana passada, Múcio avisou Bolsonaro que deixará o TCU e planeja apresentar seu pedido de aposentadoria esta semana.

O nome de Jorge Oliveira era um dos preferidos do presidente para uma das vagas no Supremo Tribunal Federal (STF), já que o ministro é um dos homens da sua confiança e amigo de infância de seus filhos.

Mas o ministro resistia à indicação para a Suprema Corte e preferiu a chance de ir para o TCU, cargo que também tem estabilidade até aposentadoria compulsória com salário integral aos 75 anos, mas menos visibilidade, segundo uma fonte.

Oliveira é filho do capitão do Exército Jorge Francisco, chefe de gabinete de Bolsonaro por 20 anos na Câmara dos Deputados e falecido em 2018.

Formado em Direito, Oliveira foi major da Polícia Militar do Distrito Federal, e também trabalhou como chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro, terceiro filho do presidente.

Para a vaga do STF, Bolsonaro anunciou na última semana o desembargador Kassio Nunes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Bolsonaro diz que trabalho da PF contra corrupção ajudou a elegê-lo

BRASÍLIA (Reuters) - Em cerimônia de formatura de novos policiais federais nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que o trabalho da instituição contra a corrupção ajudou-o a vencer a eleição presidencial de 2018, ao fazer com que os brasileiros procurassem um candidato "diferente".

"O trabalho de vocês no combate à corrupção fez que muitos olhassem para um candidato diferente e eu acabei sendo eleito", disse o presidente na solenidade.

Bolsonaro ainda afirmou que não tem dado motivos para a Polícia Federal ir atrás de seus ministros, em uma prova de que não haveria corrupção em seu governo. No entanto, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado pela PF por associação criminosa, apropriação indébita e falsidade ideológica eleitoral, pelo suposto uso de candidaturas-laranja no PSL nas últimas eleições.

Bolsonaro aproveitou a cerimônia ainda para alfinetar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, ao dizer que o ministro atual, André Mendonça, tem feito um trabalho muito melhor que "aquele que nos deixou há pouco tempo".

Moro pediu demissão em abril deste ano e deixou o governo afirmando que Bolsonaro busca interferir politicamente na Polícia Federal, o que o presidente nega. A acusação levou à abertura de um inquérito contra Bolsonaro e também contra Moro, este por suposta difamação contra o presidente.

Nesta quinta o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deverá decidir se Bolsonaro pode depor por escrito no inquérito ou se terá de prestar esclarecimentos presencialmente.

Fonte: Reuters

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