Quadro clínico de Trump não é claro, mas médicos cogitam alta nesta 2ª-feira

Publicado em 05/10/2020 08:52

Por Andy Sullivan

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter alta do hospital onde está sendo tratado de Covid-19 já nesta segunda-feira, de acordo com seus médicos, mas seu estado clínico ainda não está claro, e especialistas externos alertam que seu caso pode ser grave.

Internado no Centro Médico Nacional Militar Walter Reed, nos arredores de Washington, desde sexta-feira, Trump publicou uma série de vídeos na tentativa de provar ao público que está se recuperando de uma doença que já infectou 4,7 milhões de norte-americanos e matou mais de 209 mil.

"É uma jornada muito interessante. Aprendi muito sobre a Covid", disse ele em um vídeo publicado no Twitter no domingo.

Uma volta à Casa Branca pode ajudar Trump a projetar uma sensação de normalidade agora que enfrenta uma batalha contra o democrata Joe Biden visando a reeleição.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada no domingo mostrou Trump 10 pontos percentuais atrás de Biden. Cerca de 65% dos norte-americanos disseram que Trump não teria sido infectado se tivesse levado o vírus mais a sério.

Os médicos de Trump disseram que sua saúde está melhorando e que ele pode ser enviado de volta à Casa Branca já nesta segunda-feira.

Mas eles estão tratando o presidente de 74 anos com dexametasona, um esteroide que normalmente é usado nos casos mais graves. Ele também está no segundo de cinco dias de um tratamento com remdesivir, um remédio antiviral intravenoso.

O doutor Sean P. Conley, o médico oficial da Casa Branca, disse no domingo que o estado de Trump esteve pior do que ele chegou a admitir. Conley disse que Trump teve febre alta na manhã de sexta-feira e que recebeu oxigênio suplementar depois que o nível de oxigênio em seu sangue diminuiu.

Médicos não envolvidos no tratamento de Trump disseram suspeitar que sua condição pode ser pior do que Conley deu a entender. Sendo idoso e estando acima do peso, o presidente está em uma categoria na qual é mais provável desenvolver complicações graves ou morrer da doença.

Trump minimizou continuamente os riscos de uma pandemia desde que ela surgiu neste ano, assim como desdenhou as diretrizes de distanciamento social concebidas para conter sua disseminação.

Ainda no domingo, Trump montou uma pequena comitiva para acenar aos apoiadores reunidos diante do hospital Walter Reed. Ele ainda disse que estava se encontrando com soldados e socorristas – o que provocou críticas de que pode estar expondo mais compatriotas a infecções. Ele foi diagnosticado pouco depois de comparecer a um evento de arrecadação em Nova Jersey na quinta-feira.

Internado e afastado de atividades eleitorais, Trump reforça campanha nas redes

Internado para tratar a covid-19 - e, por isso, afastado de atividades eleitorais como entrevistas e comícios - o presidente americano, Donald Trump, decidiu reforçar sua campanha nas redes sociais. Apenas na manhã desta segunda-feira, 5, o republicano fez 18 postagens no Twitter: algumas, defendendo seu mandato; outras, atacando a candidatura do rival Joe Biden, postulante à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata.

"Se você quer um aumento massivo de impostos, o maior da história do nosso país (e que fechará nossa economia e trabalhos), vote no democrata", publicou o republicano, candidato à reeleição, em caixa alta. Ao defender seu mandato, escreveu: "Altas no mercado acionário, vote", "Maior corte de impostos da história e mais um à vista, vote", "Pró-vida, vote".

O voto nos Estados Unidos não é obrigatório, o que leva os candidatos a motivarem a participação de eleitores.

Donald Trump está internado desde a última sexta-feira, 2, dia em que testou positivo para o novo coronavírus. Existe a expectativa, porém, de que o líder tenha alta ainda nesta segunda-feira para seguir o tratamento na Casa Branca.

O presidente americano está atrás nas pesquisas e pode ficar de fora das atividades presenciais de campanha por ao menos mais dez dias, caso cumpra a recomendação de autoridades médicas e fique em isolamento social por duas semanas, às vésperas das eleições. Os americanos vão às urnas no dia 3 de novembro.

Fonte: Reuters

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