Assessoria de Marinho nega críticas a Guedes, diz que solução para auxílio respeitará âncoras fiscais

Publicado em 02/10/2020 17:27

A assessoria do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, divulgou nota nesta sexta-feira negando que ele tenha desqualificado "agentes públicos" em reunião com grupo de economistas da qual participou nesta manhã e destacando que a solução do governo para as famílias que dependem de auxílio respeitará as âncoras fiscais.

A nota foi uma referência a notícia que circulava nos mercados de que, na reunião, Marinho teria criticado o ministro da Economia, Paulo Guedes, e afirmado que o programa Renda Cidadã, de transferência de renda, será lançado de qualquer forma --o que foi interpretado como uma disposição do governo de violar a regra do teto de gastos.

Os juros futuros disparavam nesta sexta-feira, com taxas de vencimentos do miolo da curva saltando mais de 20 pontos-base, em repercussão ao rumor sobre a reunião. 

"A reunião teve o intuito de reforçar o compromisso do governo com a austeridade nos gastos e a política fiscal", diz a nota do ministério.

"Em sua fala, Rogério Marinho destacou que o governo reconhece a necessidade de construção de uma solução para as famílias que hoje dependem da auxílio emergencial e que essa solução será resultado de um amplo debate com o Parlamento, em respeito à sociedade e às âncoras fiscais que regem a atuação do governo."

A nota afirma, ainda, que na reunião não foram feitas "desqualificações ou adjetivações de qualquer natureza contra agentes públicos, nem tampouco às propostas já apresentadas".

"Quem dissemina informações falsas como essas tem claro interesse em especular no mercado, gerando instabilidade e apostando contra o Brasil."

Uma fonte próxima a Marinho disse à Reuters que, apesar das reservas de Paulo Guedes, não há opção e vai ter que se criar o Renda Cidadã de algum jeito como forma de contemplar futuramente os beneficiário do auxílio emergencial.

Essa fonte avaliou que, no início da pandemia, o Supremo Tribunal Federal (STF) tinha permitido que despesas com o Covid-19 fossem excepcionalizadas pelo governo federal de restrições de gastos. Contudo, ressalvou a fonte, essa providência foi adotada para despesas na área de saúde com a doença, mas não para questões referentes à economia.

A fonte lembrou ainda que Marinho esteve na véspera todo o dia com o presidente Jair Bolsonaro cumprindo uma agenda de viagens e cada vez mais tem se aproximado dele. Mas frisou que o ministro do Desenvolvimento Regional não tem qualquer interesse em desgastar o colega da Economia.

Fonte: Reuters

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