Trump indica Amy Coney Barrett para Suprema Corte dos EUA

Publicado em 26/09/2020 19:00 e atualizado em 27/09/2020 14:39

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a indicação da juíza conservadora Amy Coney Barrett para a Suprema Corte, em um importante movimento eleitoral na reta final da disputa à presidência. Com a nomeação de Barrett, Trump busca energizar a base fiel do eleitorado republicano e briga para garantir uma nova juíza na Corte antes da eleição, para o caso de a votação ser judicializada.

Nos jardins da Casa Branca, Trump afirmou neste sábado que Amy Coney Barrett é notável pelo caráter e intelecto e qualificada para o trabalho.

--"Se confirmada, ela fará a história como a primeira mãe de crianças em idade escolar a servir na Suprema Corte", disse Trump, ao lado de Barrett.

Na sequência, Trump mencionou os nomes dos sete filhos da juíza, que assistiam à cerimônia na primeira fileira do público.

-- "Ela irá decidir (casos) baseada no texto da Constituição como escrito", afirmou Trump.

Juíza da Corte de Apelações Federal para o 7º Circuito, em Chicago, Barrett era a favorita ao posto da ala conservadora do partido republicano, por sua visão anti-aborto. A possibilidade de ampliar o conservadorismo na Corte é tema de campanha de Trump desde antes da morte de Ruth Bader Ginsburg e tem sido explorada politicamente pelo republicano, que está pressionado pelo mau resultado nas pesquisas eleitorais.

O assunto mudou o foco das atenções na política e na imprensa americana e se sobrepôs às manchetes sobre a pandemia de coronavírus, por exemplo, na semana em que os EUA superaram a marca de 200 mil mortos por covid-19.

Trump escolhe Barret para Suprema Corte dos EUA buscando inclinação à direita

WASHINGTON (Reuters) - O presidente Donald Trump indicou no sábado Amy Coney Barrett para a Suprema Corte, e ela prometeu se tornar uma juíza nos moldes do falecido conservador Antonin Scalia, estabelecendo outro marco na guinada para a direita aplicada por Trump no topo do principal órgão judicial dos EUA.

O anúncio de Trump-- durante uma cerimônia no Jardim das Rosas da Casa Branca ao lado de Barrett, 48, que tinha seus sete filhos por perto --desencadeia uma corrida dos republicanos do Senado para confirmar a nomeação antes do dia da eleição em cinco semanas e meia, conforme solicitado por Trump, que buscará um segundo mandato.

Se confirmada pelo Senado para substituir a icônica liberal Ruth Bader Ginsburg, que morreu aos 87 anos em 18 de setembro, Barrett se tornaria a quinta mulher a servir no tribunal e empurraria a maioria conservadora da corte para 6-3.

Como os outros dois nomeados de Trump, Neil Gorsuch em 2017 e Brett Kavanaugh em 2018, Barrett é jovem o suficiente para passar décadas no cargo, deixando uma marca conservadora duradoura. Barrett é a candidata mais jovem à Suprema Corte desde o conservador Clarence Thomas, que tinha 43 anos em 1991.

Scalia, que morreu em 2016, foi um dos juízes conservadores mais influentes da história recente. Barrett trabalhou anteriormente como escrivã de Scalia no tribunal superior e o descreveu como seu mentor, citando sua "influência incalculável" em sua vida.

“A filosofia judicial dele também é a minha: um juiz deve aplicar a lei como está escrita. Os juízes não são formuladores de políticas”, disse Barrett.

No tribunal, Scalia votou para restringir os direitos ao aborto, discordou quando o tribunal legalizou o casamento gay - que ele chamou de "ataque judicial" - e apoiou o amplo direito às armas, entre outras posições.

Com os companheiros republicanos de Trump tendo uma maioria de 53-47 no Senado, a confirmação parece certa, embora os democratas possam tentar torná-la o mais difícil possível.

Uma maioria conservadora encorajada da Suprema Corte poderia levar os Estados Unidos à direita em questões polêmicas, entre outras coisas, restringindo os direitos ao aborto, expandindo direitos religiosos, derrubando leis de controle de armas ou interrompendo a expansão dos direitos LGBT.

Barrett, uma católica devota que se formou em direito e lecionou na Universidade de Notre Dame em Indiana, foi nomeada por Trump para o 7º Tribunal de Apelações do Circuito dos EUA em 2017 e é uma das favoritas dos conservadores religiosos, um importante bloco eleitoral de Trump.

"Hoje é uma honra nomear uma das mentes jurídicas mais brilhantes e talentosas de nossa nação para a Suprema Corte", disse Trump.

Trump afirmou que Barrett seria a primeira mãe de crianças em idade escolar a atuar no tribunal. O marido dela, que é advogado, e seus filhos, dois dos quais foram adotados do Haiti, estavam na audiência.

Mais tarde na noite de sábado, o presidente recebeu aplausos de milhares de apoiadores em um comício de campanha em Middletown, Pensilvânia, quando chamou Barrett de "uma extraordinária estudiosa" que defenderia seus "direitos e liberdades dados por Deus".

"Ela deveria estar concorrendo à presidência", disse ele, comparando histórico acadêmico da juíza ao de seu rival democrata Joe Biden.

Barrett também elogiou Ginsburg, dizendo que a falecida juíza era "uma mulher de enorme talento e importância" e mencionou a longa amizade de Ginsburg com Scalia.

Fonte: Estadão Conteúdo

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