Epidemia de Covid-19 volta a crescer em todas as regiões do mundo

Publicado em 25/07/2020 18:09

(Reuters) - Quase 40 países relataram aumentos recordes de novas infecções por coronavírus em um único dia na semana passada, cerca do dobro do número que o fez na semana anterior, de acordo com um relatório da Reuters que mostra um aumento na pandemia em todas as regiões do mundo.

A taxa de casos tem aumentado não apenas em países como Estados Unidos, Brasil e Índia, que dominaram as manchetes globais com grandes surtos, mas na Austrália, Japão, Hong Kong, Bolívia, Sudão, Etiópia, Bulgária, Bélgica, Uzbequistão e Israel, entre outros.

Muitos países, especialmente aqueles em que as autoridades diminuíram os bloqueios de distanciamento social anteriores, estão enfrentando um segundo pico mais de um mês após registrar o primeiro.

"Não voltaremos ao 'velho normal'. A pandemia já mudou a maneira como vivemos nossas vidas", disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus . "Estamos pedindo a todos que tratem as decisões sobre onde vão, o que fazem e com quem se encontram como decisões de vida ou morte - porque são."

Os dados da Reuters, compilados a partir de relatórios oficiais, mostram um aumento constante no número de países que relatam aumentos diários no vírus que causa a Covid-19 no mês passado. Pelo menos sete países registram aumentos há três semanas, enquanto ao menos 13 países tem aumentos há duas semanas, pelo menos 20 países tiveram na semana passada e 37 países esta semana.

Os números reais de casos e mortes são quase certamente subnotificados, principalmente em países com sistemas de saúde mais pobres, dizem especialistas e autoridades de saúde. Para este relatório, os dados da Reuters foram restritos a países que fornecem números diários regulares.

Um aumento nos casos geralmente precede um aumento nas mortes em algumas semanas.

Os Estados Unidos continuam no topo da lista de casos, chegando a mais de 4 milhões de casos esta semana e registrando mais de 1.000 mortes por quatro dias consecutivos. O Brasil e a Índia - que epidemiologistas dizem que provavelmente ainda não atingiram o pico da epidemia, também ultrapassaram 1 milhão de casos.

SEGUNDA ONDA

Os dados revelam um número crescente de casos ressurgentes em países de todas as regiões.

Na Austrália, as autoridades aplicaram um bloqueio parcial de seis semanas e tornaram obrigatórias as máscaras para os residentes na segunda maior cidade do país, Melbourne, após um novo surto.

Austrália e Japão, que também divulgaram um registro diário de caso nesta semana, alertaram para o aumento de infecções entre jovens, muitos dos quais comemoraram o fim das restrições sociais em bares e festas.

No México, que também registrou um recorde diário esta semana e tem o quarto maior número de mortes do mundo, as autoridades alertaram que uma tendência de queda nos números de casos que começaram em meados de junho - na época em que a cidade começou a relaxar as medidas de distanciamento social - poderia reverter.

Com base na taxa de internações hospitalares na semana passada, os níveis de hospitalização até outubro podem exceder os registrados em junho, o auge da pandemia, disse a prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum.

"É importante reconhecer que, se não mudarmos a tendência, poderá haver um crescimento exponencial", afirmou.

Na Europa, onde as férias de verão estão em pleno andamento, é provável que um novo recorde diário na Espanha impeça os turistas de visitar um dos destinos mais populares do continente.

Na África, o Quênia registrou um número recorde diário de casos menos de duas semanas após a reabertura da atividade, incluindo para voos domésticos de passageiros. O presidente Uhuru Kenyatta, que anunciou a retomada dos vôos internacionais em 1º de agosto, convocou autoridades para uma reunião de emergência na segunda-feira para discutir o aumento de casos.

No Oriente Médio, Omã impôs novas restrições que começam no sábado, além de um bloqueio de duas semanas que se sobreporá à festa islâmica de Eid al-Adha, depois de relatar um número recorde de casos.

  • Multidão assiste queima de fogos na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro 01/01/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino

Rio cancela festa de Réveillon em Copacabana devido à epidemia do novo coronavírus

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A prefeitura do Rio de Janeiro decidiu cancelar a tradicional festa de Réveillon em Copacabana, que anualmente reúne cerca de 3 milhões de pessoas na orla da cidade, por conta da epidemia de Covid-19.

"Com relação ao Réveillon, esse modelo tradicional que conhecemos e que praticamos na cidade há anos, assim como o carnaval, não é viável neste cenário de pandemia, sem a existência de uma vacina” , informou a Riotur , empresa de turismo do Rio de Janeiro.

Além da grande aglomeração em Copacabana, milhares de pessoas de todo se deslocam para a festa na orla usando transporte público, uma vez que o acesso de veículos particulares é proibido.

A prefeitura estuda alternativas para a festa, uma das mais tradicionais do país, que tem como ponto alto o show de fogos de artifício. Uma das alternativas estudadas são uma exibição voltada apenas para transmissões ao vivo para TV , internet e streaming.

Outra possibilidade seria uma diluição da festa, com apresentações em dezenas de pontos pela cidade para diminuir a presença de pessoas.

"O Réveillon não é um evento rígido e ele pode acontecer de diversas formas que não apenas reunindo 3 milhões de pessoas na Praia de Copacabana", acrescentou a Riotur.

Nos próximos dias, a Riotur apresentará ao prefeito Marcelo Crivella diferentes formatos possíveis para o evento da virada sem presença direta de público. Segundo a agência de turismo, "em um modelo virtual, onde poderemos atingir o público pela TV e pelas plataformas digitais, preservando prioritariamente a segurança das pessoas e considerando também uma atmosfera de reflexão e esperança diante de tantas perdas sofridas."

Esta semana, a prefeitura de São Paulo também anunciou que o Réveillon na avenida Paulista, que costuma reunir 1 milhão de pessoas, também estava cancelado. Da mesma forma, a parada LGBT e a Marcha para Jesus, que já haviam sido transferidas de junho para novembro, devem ser adiadas mais uma vez. E o Carnaval também deve ser adiado.

No Rio, o Carnaval de 2021 também está ameaçado. Discussões sobre o desfile na Marquês de Sapucaí já começaram e uma decisão será tomada em setembro . A tendência é de adiamento da festa, que costuma acontecer em fevereiro.

"Como resultado dessas tratativas, a Riotur atendeu ao pedido da Liesa e não abriu a venda de ingressos para o setor turístico do Sambódromo. Agora, a Riotur aguarda, conforme solicitado formalmente pelo presidente da entidade, a próxima assembleia da Liga Independente das Escolas de Samba, que definirá o rumo dos desfiles e comunicará à Prefeitura do Rio”, disse a Riotur.

O carnaval de rua, que também reúne milhões de pessoas e turistas na cidade também segue em discussão com autoridades da prefeitura.

Brasil registra mais 1.156 óbitos por Covid-19 e passa de 85 mil mortes

  • Enterro de vítima da Covid-19 no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo (SP) 26/06/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil registrou nesta sexta-feira 55.891 novos casos de coronavírus, atingindo um total de 2.343.366 infecções, e mais 1.156 óbitos em decorrência da Covid-19, o que eleva a contagem total de mortes a 85.238, informou o Ministério da Saúde.
 

Esse é o terceiro dia consecutivo em que o país contabiliza mais de 50 mil novos casos da doença, depois de um problema técnico enfrentado por Estados para o registro de casos no fim de semana passado e também após o ministério publicar uma portaria que passou a exigir a notificação de testes realizados por qualquer laboratório do Brasil.

Na quarta-feira, foram mais de 67 mil casos notificados, um recorde desde o início da pandemia, e na quinta, quase 60 mil. Abaixo de ambas, a contagem de infecções desta sexta-feira torna-se a terceira maior registrada pelo país em um só dia.

O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos.

"Nós --com poucas exceções, num país do tamanho que é o Brasil-- temos conseguido passar sem um maior colapso (do sistema de saúde)", disse o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, em pronunciamento nesta sexta-feira.

Ele, que visitou os três Estados da região Sul nesta semana, voltou a afirmar que a pandemia tem caminhado para o centro-sul do país, depois de ter foco no Norte-Nordeste e "pontos fora da curva nas capitais de Rio de Janeiro e São Paulo" entre março e junho.

"A conduta precoce (no tratamento) é a melhor ação que nós podemos fazer. A solução definitiva virá somente com a vacina", acrescentou Pazuello, que admite o número elevado de casos da doença no país, mas vê a curva de óbitos sob controle.

Segundo os números do Ministério da Saúde, São Paulo segue como o Estado mais afetado pela Covid-19 no Brasil, atingindo 463.218 casos e 21.206 óbitos.

Nesta sexta, o prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), anunciou o adiamento do Carnaval 2021 para maio ou julho, por causa da pandemia. Além disso, a Fórmula 1 decidiu cancelar o Grande Prêmio do Brasil deste ano. 

Ceará e Rio de Janeiro dividem o segundo lugar entre os Estados mais atingidos pela pandemia. O Estado nordestino possui maior número de casos (158.824 infecções, 7.426 óbitos), mas o Rio conta com contagem mais elevada de mortes (154.879 casos, 12.654 óbitos).

Pará, Bahia, Maranhão e Minas Gerais completam o grupo de sete Estados brasileiros com mais de 100 mil casos confirmados de Covid-19.

O Brasil possui 1.592.281 pacientes recuperados da doença, além de 655.847 em acompanhamento, segundo o Ministério da Saúde.

A taxa de mortalidade da doença no país é de 3,6%.

Fonte: Reuters

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