Junho tem o maior volume de vendas do ano e indica recuperação importante, diz Receita

Publicado em 05/07/2020 10:10

A Receita Federal identificou que as vendas registradas por meio de notas fiscais eletrônicas em todo País reagiram em junho e atingiram o maior patamar do ano, com uma média diária de R$ 23,9 bilhões. O crescimento chegou a 15,6% na comparação com maio e a 10,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Essas notas funcionam como um "termômetro" da atividade econômica porque registram negócios que ocorrem diariamente.

Depois do fundo do poço observado em abril devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus, o secretário da Receita, José Tostes, avalia que os dados do registro diário das notas fiscais em todas as regiões sinalizam o início de uma recuperação importante, embora ainda "aquém" do que o País precisa.

O mais importante, segundo ele, foi a reversão da tendência de queda brutal de abril. "É um retrato da economia real. O que está registrado aqui é o que foi vendido", ressalta.

O mapeamento diário das vendas para mensurar o impacto do coronavírus, ao qual o Estadão teve acesso, mostra também que nem todas as empresas foram impactadas negativamente. Um grupo de 200 mil empresas conseguiu manter o volume de vendas mesmo durante a pandemia. Entre os setores nesta condição estão construção civil , informação e comunicação, supermercados e farmácias, além da agroindústria e da indústria extrativa e de transformação.

A alta das compras públicas pelo governo federal, Estados e municípios para atender às necessidades das medidas de combate e tratamento da covid-19 - como construção de hospitais de campanha, compra de equipamentos e contratação de pessoal - também ajudou.

Outro fator que segurou as vendas foi o próprio programa de auxílio emergencial de R$ 600, distribuído à população mais vulnerável, e que atendeu as necessidades imediatas de consumo dos mais pobres que ficaram sem renda.

Os dados da Receita mostram que as quantidades de notas fiscais eletrônicas emitidas ficaram em junho acima dos níveis anteriores ao impacto da covid-19, ocorrido em março. No acumulado do ano, as vendas em 2020 e 2019 se equivalem, em termos reais.

A melhora já havia começado em maio, quando as vendas cresceram 9,1% em relação a abril, mas ainda apresentavam queda de 16,8% ante o mesmo mês do ano passado. Após o pico de R$ 180 bilhões de vendas na última semana de maio, as semanas de junho mostraram vendas superiores a R$ 150 bilhões, exceto a semana do feriado de Corpus Christi (R$ 137 bilhões). A última semana de junho registrou vendas de R$ 177 bilhões.

'Trajetória'

As quantidades de notas fiscais eletrônicas subiram gradualmente após o choque da covid-19 (na 13.ª semana) e permanecem maiores do que no início do ano. "Precisaremos de mais tempo e de muitas outras medidas para retomar uma trajetória sustentável de crescimento, porém, essa reversão foi importante e a constatação de que o fundo de poço foi em abril", ressalta o secretário da Receita.

As notas incluem as vendas das empresas para administração pública; de companhia para companhia como, por exemplo, de um distribuidor para uma atacadista; e as vendas das empresas diretamente para o consumidor final. Um convênio assinado com os Estados vai permitir a inclusão dos dados do varejo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, passou a semana reforçando o discurso de que os primeiros indicadores mostram recuperação da economia brasileira em junho. "Abril foi o fundo do poço, em maio começou ligeira recuperação e junho acelerou", disse ele na sexta-feira, durante evento virtual promovido pela Associação Brasileira de Indústria de Base (Abdib).

Ele tem cobrado da equipe dados mais aprofundados sobre o movimento de recuperação econômica depois da pandemia. Como mostrou o Estadão, ele vai criar uma secretaria especial sobre estudos econômicos, reunindo IPEA, IBGE e a Secretaria de Política Econômica.

Web dita ritmo de negócios

O isolamento social durante a pandemia da covid-19 fez disparar as vendas pelo comércio eletrônico. Em junho, o crescimento das notas fiscais eletrônicas referentes a vendas pela internet chegou a 73% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Segundo o secretário da Receita Federal, José Tostes, o comércio eletrônico foi a grande força motriz das compras, que deixaram de ser feitas presencialmente nos grandes centros comerciais. A média diária chegou a R$ 670 milhões durante o mês passado.

O crescimento do comércio eletrônico já estava forte antes da pandemia e, com o isolamento e o fechamento do comércio, ganhou ainda mais força. "Certamente vai continuar depois da pandemia. É uma adaptação a uma nova cultura, assim como estamos nos adaptando ao trabalho remoto", disse o secretário.

Segundo Tostes, a tendência de crescimento do comércio eletrônico vai continuar porque novos hábitos estão sendo criados. "Há um longo caminho a percorrer, mas estamos na direção certa no rumo da recuperação."

Como mostrou reportagem do Estadão, em pouco mais dois meses de pandemia foram abertos 107 mil novos estabelecimentos criados na internet, segundo levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), entre 23 de março e 31 de maio.

Flexibilização do isolamento pode ter levado 1,1 milhão de volta ao trabalho

A taxa de desocupação aumentou no País na passagem da primeira semana para a segunda semana de junho. As medidas de flexibilização do isolamento social podem ter encorajado mais pessoas a procurarem emprego, mas também levou mais brasileiros de volta ao trabalho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid (Pnad Covid), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 3.

A taxa de desemprego passou de 11,8% na semana de 31 de maio a 6 de junho para 12,4% na semana de 7 a 13 de junho. No mesmo período, o número de desempregados cresceu de 11,228 milhões para 11,854 milhões - foram mais 626 mil pessoas em busca de uma vaga em apenas uma semana.

O total de trabalhadores ocupados diminuiu, de 83,733 milhões para 83,479 milhões, o equivalente a 254 mil demissões em uma semana.

Por outro lado, o total de trabalhadores ocupados que estavam afastados de suas atividades profissionais devido ao distanciamento social diminuiu de 13,504 milhões na semana de 31 de maio a 6 de junho para 12,393 milhões na semana de 7 a 13 de junho. Ou seja, a flexibilização das medidas de isolamento em algumas regiões do País pode ter levado de volta ao trabalho 1,111 milhão de pessoas na segunda semana de junho.

Entre os trabalhadores ocupados, 12,5% deles, o equivalente a 8,5 milhões de pessoas, trabalhavam remotamente na semana de 7 a 13 de junho, ante 8,9 milhões de trabalhadores em trabalho remoto na semana anterior.

A população inativa, que não estava trabalhando nem procurava por trabalho, caiu de 75 milhões na primeira semana de junho para 74,9 milhões na segunda semana. Dessa população que estava fora da força de trabalho, cerca de 26,7 milhões de pessoas (ou uma fatia de 35,7%) disseram que gostariam de trabalhar. Na semana anterior, esse contingente somava 26,8 milhões de pessoas

Segundo o IBGE, cerca de 18,2 milhões de inativos não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por não encontrarem uma ocupação na localidade em que moravam.

O nível de ocupação desceu de 49,3% na primeira semana de junho para 49,0% na segunda semana do mês. A taxa de informalidade também diminuiu de 35,6% para 35,0% no período.

 

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Fonte: Estadão Conteúdo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Venda de veículos pode superar previsões em 2024, diz Anfavea
Dólar sobe com alta nos rendimentos dos Treasuries contendo apetite por risco
Ibovespa avança com endosso de petróleo e minério de ferro
Wall Street abre em baixa com pressão de alta nos rendimentos dos Treasuries
Ibovespa sobe na abertura com alta de commodities
Dólar recua em linha com exterior antes de dados de inflação de Brasil e EUA