Ibovespa futuro recua com receios sobre comércio somando-se a incertezas acerca de pandemia
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa futuro com vencimento mais curto abriu em queda nesta quinta-feira, em meio a um ambiente mais avesso a risco no exterior, reflexo de uma combinação pouco amigável para mercados acionários, notadamente incertezas relacionadas à pandemia de Covid-19 e a possibilidade de retorno de um conflito comercial.
Por volta de 09:20, o contrato do Ibovespa com vencimento em 12 de agosto recuava 0,6%, a 94.135 pontos.
O viés negativo também prevalecia nas bolsas no exterior, incluindo os futuros acionários norte-americanos, em meio ao aumento alarmante nos casos de coronavírus nos Estados Unidos, enquanto analistas aguardam um salto nos pedidos de auxílio-desemprego naquele país que serão conhecidos nesta sessão.
Além disso, o governo Trump determinou que importantes empresas chinesas, incluindo a gigante de equipamentos de telecomunicações Huawei Technologies, pertencem ou são controladas pelas forças armadas chinesas, preparando as bases para novas sanções financeiras dos EUA.
Além disso, os Estados Unidos também estão considerando adotar tarifas sobre 3,1 bilhões de dólares em importações do Reino Unido, Espanha, Alemanha e França, em disputa sobre subsídios a fabricantes de aviões.
"Para investidores, está ficando cada vez mais difícil ignorar as manchetes negativas. Muitas das expectativas positivas já foram precificadas no mercado e agora existem incertezas crescentes com a pandemia", afirmou o analista de mercado Milan Cutkovic, da AxiCorp.
"Como se o Covid-19 já não fosse ruim o suficiente, agora há preocupações de que o governo Trump abra uma nova frente na guerra comercial", acrescentou, destacando que o momento para uma escalada nas disputas comerciais não poderia ser pior, com a economia global ainda sofrendo para se recuperar.
No cenário doméstico, o Banco Central piorou sua projeção para o PIB em 2020 para uma retração de 6,4%, ante crescimento zero calculado em março, refletindo o impacto profundo da crise com o coronavírus na atividade, conforme Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira.
Ao mesmo tempo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,02% em junho, sobre baixa de 0,59% no mês anterior, informou o IBGE. Pesquisa da Reuters com economistas estimava queda de 0,08% para o período.