S&P 500 fecha quase estável com salto em casos de Covid-19 e dados econômicos

Publicado em 19/06/2020 03:39

NOVA YORK (Reuters) - O índice S&P 500 encerrou com alta nominal nesta quinta-feira, dia em que investidores avaliaram ressurgimento de infecções por coronavírus e possibilidade de nova rodada de fechamento de atividades empresariais, além de dados sugerindo que a economia dos Estados Unidos pode não mostrar recuperação em "V".

Todos os três principais índices de ações dos EUA oscilaram em intervalo estreito durante a maior parte do dia, mas o S&P encerrou a sessão no campo positivo, juntamente com o Nasdaq, que tem forte peso em ações de empresas de tecnologia.

O Dow Jones, composto por blue chips, perdeu terreno.

"O mercado está procurando o próximo grande impulso", disse Chuck Carlson, presidente-executivo da Horizon Investment Services em Hammond, Indiana. "Existem muitos impulsos no mercado para investidores considerarem, analisarem e levarem em conta para descobrirem a próxima direção."

Os pedidos iniciais do auxílio-desemprego caíram levemente na semana passada, mas para um número ainda contundente de 1,51 milhão, segundo o Departamento do Trabalho. O dado veio pior que o consenso, e as reivindicações contínuas permanecem resistentemente altas, em 20,54 milhões, sugerindo que o mercado de trabalho tem um longo caminho para recuperação.

O Dow Jones recuou 0,15%, para 26.080,1 pontos, o S&P 500 teve variação positiva de 0,06%, para 3.115,34 pontos, e o Nasdaq Composite acrescentou 0,33%, para 9.943,05 pontos.

Bullard, do Fed, diz que economia dos EUA ainda não saiu de zona de perigo

NOVA YORK (Reuters) - O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, disse nesta quinta-feira esperar que o pior da crise econômica causada pela pandemia de coronavírus tenha passado em abril, mas alertou que a economia dos Estados Unidos ainda não está a salvo.

"Definitivamente, não acho que estamos fora de perigo", disse Bullard durante conferência virtual. "Ainda estamos em um nível de risco acima do normal aqui. Em qualquer crise, acho que você deve manter em mente que muitas coisas podem acontecer --muitas reviravoltas podem ocorrer."

Crise econômica mexicana deverá ser a pior desde 1932, diz ministro das Finanças

CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - A pandemia de coronavírus provavelmente deflagrou a mais profunda contração econômica do México desde a Grande Depressão, afirmou o ministro das Finanças do país em entrevista a analistas do Banorte (um banco comercial do país).

O ministro das Finanças, Arturo Herrera, havia dito anteriormente que a economia provavelmente encolheu 17% em abril, e analistas do setor privado estimam contração anual de 10% ou mais até o fim do ano.

"É provavelmente a crise mais séria desde 1932", disse Herrera na entrevista ao Banorte, publicada na quarta-feira.

A economia do México adentrou uma leve recessão em 2019, na sua primeira contração em uma década. Entre 1925 e 1932, a economia do México recuou 22%, segundo dados do banco central do país.

Autoridade do FMI diz ter esperança de que Argentina e credores possam alcançar acordo em breve

WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) não faz parte das discussões entre a Argentina e seus credores, mas acredita que é do interesse de ambos os lados alcançar em breve entendimento nas negociações de reestruturação da dívida do país, afirmou um funcionário do alto escalão do FMI.

O vice-diretor-gerente do FMI, Geoffrey Okamoto, disse em evento online realizado pelo American Enterprise Institute estar esperançoso de que um acordo poderia ser alcançado, embora tenha admitido que não era necessariamente "um exercício fácil".

"Achamos que é do maior interesse de ambas as partes que um acordo seja alcançado em breve", disse Okamoto. "O que queremos, em última análise, é... também ter um arcabouço político sólido que permita à Argentina crescer, prosperar e interagir com o mundo no futuro."

Real tem pior desempenho global com incerteza doméstica e exterior arisco

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em forte alta ante o real nesta quinta-feira, terminando no maior patamar desde 1º de junho e não apenas revertendo a queda acumulada no mês como passando a subir, puxado pela combinação de exterior arisco e de noticiário local ainda inspirando cautela para o câmbio.

O dólar à vista subiu 2,10%, a 5,3715 reais na venda. É o maior patamar desde 1º de junho (5,3843 reais) e o sétimo pregão consecutivo de alta.

A volatilidade seguiu presente e intensa. Na máxima, a cotação saltou 2,44%, a 5,3893 reais, depois de chegar a cair 0,62%, a 5,2285 reais.

O dólar reverteu a queda de 1,49% em junho até a véspera e passou a subir 0,58%. Na semana, a moeda ganha 6,46%. No ano, o dólar dispara 33,86%, o que mantém com folga o real na lanterna entre as principais divisas globais.

A valorização do dólar no Brasil decorreu em boa parte da força da moeda no exterior, onde receios sobre uma segunda onda de Covid-19 em economias centrais conduziram investidores a ativos considerados seguros, como dólar, iene e títulos do Tesouro norte-americano.

Pares emergentes do real também mostraram firmes quedas. O peso mexicano cedia 2,1% no fim da tarde. Mas, de novo, a taxa de câmbio brasileira liderou as perdas globais, em meio a um fluxo de notícias do lado político que ainda dita cautela, um dia depois de o Banco Central sinalizar chance de novo corte da taxa básica de juros da economia, a Selic --que caiu na véspera a nova mínima recorde de 2,25% ao ano.

A queda dos juros é citada como elemento que pressionou o câmbio nos últimos tempos, já que reduziu a taxa paga por títulos de renda fixa e colocou o Brasil em desvantagem em relação a outros emergentes com juros básicos mais elevados. Pesa sobre o real o fato de os retornos da renda fixa estarem em queda livre enquanto a percepção de risco segue elevada --contrariando a lei do mercado de quanto menor o retorno, menor o risco.

O risco-país medido pelo CDS de cinco anos subiu nesta sessão, enquanto a inclinação da curva de juros --outra medida de risco-- também mostrou alta, com expressivo ganho de prêmio nos contratos longos, estes mais associados ao cenário estrutural para a economia.

No noticiário político, Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta-feira em Atibaia, interior de São Paulo, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado. O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou uma série de recados indiretos ao governo Jair Bolsonaro nesta quinta-feira, ao dar o nono voto a favor da legalidade do inquérito das fake news. Abraham Weintraub anunciou nesta quinta-feira, em vídeo ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que está deixando o Ministério da Educação e que irá assumir uma diretoria do Banco Mundial. A demissão de Weintraub vinha sendo negociada há algumas semanas, mas Bolsonaro não queria deixar o ministro, um de seus maiores defensores, sair sem ter um novo cargo.

"Nossa avaliação (sobre mercado) sempre contempla a questão do risco político", disse Adriano Cantreva, sócio e responsável pela gestão de portfólios da Portofino Investimentos. "Pela falta de conhecimento total dos fatos, sempre existe uma nuvem que vai acabar afetando preços e deixando gestores mais desconfortáveis", acrescentou. Para ele, o patamar atual do real não parece fora do que seria um nível condizente com o atual combo de riscos. "Mas quando se pensa em crescimento (econômico), por exemplo, se houver frustração, o real poderá desvalorizar ainda mais."

O banco Crédit Agricole recomenda compra de dólar e mira a taxa de 5,650 reais, citando enfraquecimento do apetite por risco, consequências da pandemia, sinalização de mais afrouxamento monetário pelo Banco Central, maior tensão política em Brasília e incerteza sobre agenda de reformas.

"O real já havia perdido status de moeda de carry, mas o BC continuar cortando o juro obviamente não ajuda", disse o estrategista sênior para mercados emergentes Italo Lombardi. "É tanta incerteza no radar, incluindo fiscal, que você pode ver de novo o dólar sofrer um 'overshooting' para perto das máximas históricas", disse.

O recorde de fechamento nominal para o dólar foi alcançado no último dia 13 de maio (5,9012 reais). Ante essa cotação, a moeda acumulou queda de 17,73% ao bater a mínima recente de 8 de junho (4,855 reais), mas desde essa data disparou 10,64%, reduzindo as perdas frente ao pico histórico para 8,98%.

Fonte: Reuters

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