Não há mais espaço para postergar a reabertura da economia, insiste Bolsonaro
"A indústria, a atividade comercial está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Não há mais espaço para postergar", afirmou Bolsonaro.
O presidente recebeu nesta quinta no Planalto o representantes da indústria e em seguida foi ao Supremo. "Há dois meses eu venho falando que a economia não pode parar porque a economia também é vida", disse.
Bolsonaro destacou que o posicionamento da indústria é que "abertura gradual e responsável tem que começar o mais rápido possível". Se isso não acontecer, o presidente afirmou que "fica impossível (o País) voltar a ser o que era em janeiro do corrente ano".
Repetindo o que disse na reunião não programada com Toffoli, Bolsonaro afirmou ainda que a responsabilidade de combate à crise do novo coronavírus é uma responsabilidade de todos, e citou: "Executivo, Legislativo, Judiciário, governadores, prefeitos, empresários."
Demanda
"Nós da indústria, além do enfrentamento da covid-19, estamos enfrentando uma severa, profunda crise de demanda", afirmou Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador da Coalizão Indústria, que falou em nome dos empresários na reunião.
O impacto na demanda foi causado pelas decisões sobre o fechamento "da ponta do comércio", segundo o empresário.
Marco Polo destacou que, de março para abril, as vendas caíram 50% e a indústria, de maneira geral, opera com 60% de ociosidade "A indústria está na UTI e precisa sair. Para sair, precisa que ocorram as flexibilizações de maneira que a roda volte a rodar", disse.
'Engrenagem econômica'
Em concordância, o ministro Paulo Guedes reforçou que "embora preservados os sinais de vida" da indústria e comércio, a economia "do ponto de vista de organização e engrenagem econômica" se encaminha para a UTI.
Ele alertou para o risco de desorganização da produção brasileira nos próximos 30 dias. "O alerta que eles (representantes da indústria) deram é muito importante. Embora haja proteção e o povo ainda tenha o dinheiro na mão, daqui a 30 dias pode ser que comece a falta (abastecimento) nas prateleiras "
Guedes afirmou ainda que em um cenário de produção desorganizada, o País pode "entrar em um sistema não só de colapso econômico, mas de desorganização social".
Bolsonaro assina decreto sobre construção civil como atividade essencial
O presidente da República, Jair Bolsonaro, assinou nesta quinta-feira, 7, decreto colocando no rol de atividades essenciais o setor de construção civil. Após participar de reunião com empresários no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro disse que outras categorias serão incluídas "nas próximas horas e nos próximos dias".
Ele afirmou que está fazendo isso para que esses setores possam funcionar durante a pandemia.
Ressaltou que o funcionamento de atividades que não estão listadas no decreto de atividades essenciais é decidido por Estados e municípios, por determinação do STF.
"Alguns Estados exageraram, mas não estou brigando com ninguém", afirmou Bolsonaro. "Vamos colocar novas categorias com responsabilidade e observando as normas do Ministério da Saúde. Porque senão, depois da UTI, é o cemitério, e não queremos isso para o Brasil", completou.
Sinais vitais talvez não sejam preservados por tanto tempo, diz Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira, 7, que "a economia está começando a colapsar" por causa da pandemia de covid-19. Em reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro, representantes da indústria e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, o ministro disse que Bolsonaro sempre alertou que a segunda onda da pandemia seria o colapso na Economia.
"A indústria passou que está difícil e a economia está começando a colapsar. Ao ouvir relato de empresários, presidente disse para compartilhar com Supremo", afirmou Guedes, que atravessou a pé Praça dos Três Poderes junto com Bolsonaro e empresários para se reunirem com Dias Toffoli.
Guedes citou as medidas tomadas pelo governo, as quais, segundo ele, preservaram mais de 5,5 milhões de empregos com programas criados.
Para o ministro, a indústria informou que poderia suportar dois ou três meses os efeitos da pandemia na economia, mas "a informação é que talvez os sinais vitais não sejam preservados por tanto tempo", disse. "Em vez de sairmos como urso hibernado, talvez seja o caso (de) o colapso total."
Guedes informou também que pediria que o presidente vetasse o aumento de salários até dezembro de 2021 previsto como contrapartida para o socorro a Estados e Municípios. "A contribuição que pedimos era não haver aumento do funcionalismo", ressaltou Guedes.
Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador da Coalizão Indústria, lembrou que o setor industrial representa 45% do PIB, 65% das exportações e 30 milhões de empregos diretos e indiretos. "Existe a necessidade de colocarmos a roda para rodar", disse.