Lucro da Ambev desaba 56% no 1º tri com impacto de Covid-19, despesas financeiras
A Ambev informou nesta quinta-feira um tombo de 55,9% no ano em que obteve primeiro lucro trimestral, conforme pandemia de coronavírus derrubou os volumes de venda no Brasil, seu maior mercado e as vendas financeiras mais que dobraram.
Uma subsidiária latino-americana da Anheuser Busch InBev teve lucro líquido de 1.211 bilhões de reais, bem abaixo do consenso das análises compiladas pela Refinitiv, de 2,5 bilhões de reais.
Uma pandemia começou a afetar as operações da companhia em março, conforme regras restritas a circulação de pessoas e decretaram o bloqueio de bares e restaurantes, prejudicando a distribuição de bebidas. Alguns países, como Panamá, foram além e baniram ou consumiram álcool.
"O impacto total da pandemia de Covid-19 em nossos resultados futuros permanece bastante incidente, mas esperamos que o impacto nos nossos resultados do segundo trimestre seja materialmente pior do que no primeiro trimestre", disse a Ambev no relatório de resultados.
Em abril, o volume de vendas despencou 27%, disse uma empresa.
No primeiro trimestre, houve uma queda de 5,6% no ano, puxado principalmente pela redução de 9,1% nos volumes vendidos no Brasil, além de um retorno de 13,5% na América Central e Caribe.
O custo dos produtos vendidos, por sua vez, aumentou 10,5% na mesma comparação.
Um fabricante de cervejas Budweiser, Corona e Stella Artois ainda forneceu uma receita líquida de 12,6 bilhões de reais, 0,3% menor em relação ao primeiro trimestre de 2019.
A despesa com vendas, geral e administrativa subiu 10,4% com pressão inflacionada na Argentina e maiores gastos de marketing no Brasil no Carnaval. Já o resultado financeiro veio negativo em 1,54 bilhão de reais, mais o dobro de um ano antes.
O desempenho operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recebeu 17,3% na comparação anual, para 4,23 bilhões de reais, mas apareceu acima da previsão de 3,3 bilhões de reais apurada pela Refinitiv .
A Ambev, maior cervejaria da América Latina e qualificada pela AB InBev, detém uma participação de 61,9%, opera em 16 países, incluindo a Argentina e o Canadá.
Uma ação da empresa negociada na B3 caía 2,5% às 12:10 (horário de Brasília), acumulando mais de 35% até agora em 2020.
"Nosso senso é que o desempenho do setor de cervejas no Brasil poderia ter sido ainda pior, com cerca de dois terços de consumo ainda no local", escreveu os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin do BTG Pactual, usando o que foi planejado para atualizar como usado para os resultados da Ambev.