Dólar dispara e fecha em novo recorde acima de R$ 5,70 antes de Copom e atento a exterior

Publicado em 06/05/2020 17:11 e atualizado em 07/05/2020 06:47

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou acima de 5,70 reais pela primeira vez na história, com o real mais uma vez liderando as perdas entre as principais moedas globais nesta quarta-feira, pouco antes de um provável novo corte de juros pelo Banco Central e um dia após a Fitch rebaixar a perspectiva para a nota de crédito do país citando renovada incerteza política.

Novos dados mostrando um tombo recorde na atividade de serviços do Brasil --o que aponta impacto agudo da crise do Covid-19-- também ajudaram a empurrar o dólar para cima, numa sessão já de fortalecimento da divisa norte-americana no mundo.

O dólar à vista fechou em alta de 2,03%, a 5,7035 reais na venda, nova máxima recorde nominal. No pico intradiário, a cotação foi a 5,7072 reais.

Na B3, o dólar futuro tinha valorização de 2,20%, a 5,7130 reais, às 17h03

Em 2020, dólar à vista sobe 42,13% ante real.

Dólar tem nova alta e vai a R$ 5,70 com expectativa por corte de juros e exterior

O dólar engatou a quarta alta consecutiva e superou os R$ 5,70. A moeda americana teve dia de fortalecimento geral no mercado mundial, após nova rodada de indicadores ruins nos Estados Unidos, especialmente o relatório mostrando perda de 20 milhões de postos de trabalho em abril, o que estimula a fuga de ativos de risco.

Mas fatores domésticos também tiveram peso importante nesta quarta-feira ,6 , incluindo a redução da economia fiscal na Câmara do projeto de socorro para Estados, isso horas após de a agência de classificação de risco Fitch Ratings mudar a perspectiva do rating brasileiro para "negativa" Há ainda a expectativa pelo final da reunião de política monetária do Banco Central, com as mesas de câmbio não descartando, mesmo com a forte piora do real, a possibilidade de redução mais forte dos juros, de 0,75 ponto porcentual. No ano, o dólar já subiu 42%.

O dólar à vista fechou em alta de 1,97%, cotado em R$ 5,7024. No mercado futuro, o dólar para junho subia 2,3%, negociado em R$ 5,72 às 17h30. Nesta quarta-feira, as moedas emergentes perderam força de forma generalizada ante o dólar, mas o real foi novamente a com pior desempenho. Em outros mercados, a divisa dos EUA subiu 1,85% na Turquia, 1,51% no México e 1,19% na África do Sul.

"Apesar da crise política, o Banco Central vai cortar os juros hoje", avalia a analista de moedas do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger. Ela prevê que o BC pode ainda deixar "as portas abertas" para novos cortes na Selic, principalmente porque neste momento ainda não se consegue ter uma dimensão mais clara dos efeitos na economia do ambiente atual, marcado não só pela pandemia do coronavírus, mas por uma crise política.

Em evento hoje pela internet do BTG Pactual, o ex-diretor do BC, Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital, afirmou que um corte de 0,75 hoje é o mais adequado, mas ele também cobrou ação mais forte do BC no câmbio. "O BC deveria cuidar para que real não fosse a mais 'feia' de todas as moedas", disse ele.

Hoje, porém, assim como nos outros dias da semana, o BC não fez intervenção extraordinária no câmbio. Um diretor de tesouraria destaca que o mercado até "chamou o BC" para atuar, ao forçar a moeda a superar os R$ 5,70, mas sem sucesso.

"A sustentabilidade fiscal de longo prazo está em risco no Brasil", afirma o analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York, Edward Moya, ao comentar em relatório o desempenho do mercado local. "A pandemia de coronavírus e a turbulência política esmagaram as perspectivas de crescimento", destaca Moya O analista da Oanda avalia que o ambiente político pode não melhorar tão cedo, já que Bolsonaro e o Congresso não se entendem.

Ibovespa fecha em queda com petróleo e quadro fiscal, mas ecommerce atenua perda

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em baixa nesta quarta-feira, marcado por falta de apetite a risco e queda do petróleo no exterior, além de receios com o cenário fiscal no país, em meio a um ambiente ainda de incertezas com a pandemia de Covid-19. A perda, contudo, foi amenizada pela disparada de ações de ecommerce.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,3%, a 79.228,80 pontos, de acordo com dados preliminares, após chegar a 79.996,04 pontos na máxima e 19,69 bilhões de reais.

Bolsas de NY fecham sem sinal único com reabertura, balanços, dados e Trump

As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único, em pregão marcado por altas e baixas nos índices. Um sinal ruim do mercado de trabalho apoiou certa cautela com a economia dos Estados Unidos no início desta quarta-feira, 6, mas os sinais de retomada gradual da atividade continuaram a ser bem avaliados por investidores. Algumas ações reagiram após a divulgação de balanços, enquanto houve ainda atenção para uma declaração do presidente americano, Donald Trump, que fez as bolsas perderem fôlego na reta final.

O índice Dow Jones fechou em queda de 0,91%, em 23.664,64 pontos, o Nasdaq subiu 0,51%, a 8.854,39 pontos, e o S&P 500 teve baixa de 0,70%, a 2.848,42 pontos.

Ainda antes da abertura, os índices futuros estavam em alta, mas perderam parte do impulso após o relatório de vagas no setor privado dos EUA. O ADP informou que foram cortadas 20,236 milhões de empregos em abril no setor privado no país, o que reforçou a cautela sobre o relatório de empregos (payroll) desta sexta-feira.

Mesmo assim, o início dos negócios foi positivo nas bolsas. General Motors foi destaque, fechando em alta de 2,96% após registrar lucro acima do esperado no primeiro trimestre. A GM disse ainda que trabalha para abrir boa parte de suas operações em fábricas nos EUA e no Canadá no dia 18 de maio. Por outro lado, a queda do petróleo pressionou ações de energia: ExxonMobil caiu 1,92% e ConocoPhillips, 1,05%. Entre outras ações importantes, Boeing recuou 2,82%, pressionando o índice Dow Jones, Citigroup perdeu 2,28% e Caterpillar, 1,14%.

O Nasdaq se saiu melhor, com papéis de tecnologia e serviços de comunicação em geral em alta: Apple subiu 1,03% e Microsoft, 0,98%. Facebook fechou em alta de 0,68%, Amazon teve ganho de 1,44%, mas Alphabet perdeu força na reta final e caiu 0,27%.

Mais para o fim do pregão, houve perda de força nas bolsas, com mínimas do Dow Jones e o S&P 500. O presidente americano, Donald Trump, disse que a China "pode ou não" cumprir o acordo comercial firmado anteriormente, em momento de tensões bilaterais por causa de acusações americanas de suposta responsabilidade de Pequim no surgimento e na disseminação do coronavírus.

A Capital Economics comenta, em relatório hoje, que o índice S&P 500 pode avançar ainda "um pouco mais". Na avaliação da consultoria, mesmo com os estragos econômicos da pandemia, os bancos centrais têm mantido uma política muito relaxada, o que deve continuar a ocorrer durante anos, e isso apoia a demanda por ações. "Com tudo isso em mente, a força do S&P 500 pode não ser tão irracional quanto parece num primeiro momento", argumenta.

 

 

 

Fonte: Reuters/Estadão Conteúdo

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