Setor público tem déficit primário de R$ 23,655 bi em março, diz BC

Publicado em 01/05/2020 15:49


Sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 23,655 bilhões em março, informou nesta quinta-feira, 30, o Banco Central. Em fevereiro, havia sido registrado déficit de R$ 20,901 bilhões.

O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento da dívida pública. Em função da pandemia, cujos efeitos econômicos se intensificaram em março, o governo federal e os governos regionais passaram a enfrentar um cenário de forte retração das receitas e aumento dos gastos públicos.

O déficit primário consolidado do mês passado ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que iam de déficit de R$ 40,900 bilhões a déficit de R$ 17,452 bilhões. A mediana estava negativa em R$ 22,300 bilhões.

O resultado de março representa o maior déficit para o mês desde 2018, quando houve resultado negativo de R$ 25,135 bilhões.

Composição

O resultado fiscal de março foi composto por um déficit de R$ 21,380 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS). Já os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado negativamente com R$ 2,680 bilhões no mês. Enquanto os Estados registraram um déficit de R$ 1,420 bilhão, os municípios tiveram resultado negativo de R$ 1,260 bilhão. As empresas estatais registraram superávit primário de R$ 405 milhões.

Projeções e meta

Com o aumento de despesas públicas em função da pandemia do novo coronavírus, o Tesouro Nacional vem afirmando que o déficit primário do setor público consolidado poderá superar os R$ 600 bilhões em 2020, sendo que R$ 550 bilhões seriam do governo central.

A meta original para este ano era de déficit de R$ 124 bilhões (1,6%) do Produto Interno Bruto (PIB), mas ela foi suspensa a pedido do Executivo, para que o governo possa aumentar os gastos e fazer frente ao avanço da covid-19.

Trimestre

As contas do setor público acumularam um superávit primário de R$ 11,720 bilhões no primeiro trimestre de 2020, o equivalente a 0,65% do PIB, informou o Banco Central.

Este resultado foi consequência do desempenho registrado nos dois primeiro meses do ano, quando os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia ainda eram insipientes. Em março, com o avanço da covid-19, houve déficit primário de R$ 23,655 bilhões.

O superávit fiscal no primeiro trimestre ocorreu a despeito do déficit de R$ 2,804 bilhões do Governo Central (0,15% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 12,712 bilhões (0,70% do PIB) no período. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 11,730 bilhões, os municípios tiveram um saldo positivo de R$ 982 milhões. As empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 1,811 bilhão no período.

12 meses

As contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 63,490 bilhões em 12 meses até março, o equivalente a 0,86% do PIutebol estabelecido em 2015. Quem tomará a decisão final sobre o pedido é o responsável pela pasta, Paulo Guedes.

"Os clubes precisarão de fôlego financeiro, pois suas fontes de receitas podem secar neste período. Uma das alternativas seria a suspensão do pagamento das parcelas mensais do Profut", afirmou o advogado especializado em direito desportivo Eduardo Carlezzo. "Uma questão que deverá ser enfrentada, caso a paralisação das competições se alongue, é a suspensão dos contratos dos atletas enquanto perdurar a crise. Dezenas de clubes não suportarão pagar salários sem que estejam disputando algo", completou.

Para o professor de marketing esportivo da ESPM Ivan Martinho, a hora é de as equipes diversificarem receitas e buscar lucrar com outras áreas. "A criatividade é a resposta. A condição que estamos passando nos dá a chance de inventar e ousar. Ainda temos gente que está querendo consumir futebol", explicou. A dica dele é apostar na internet nesta época de quarentena, com interatividade entre torcedores, vídeos de gols antigos e atuação dos jogadores em torneios online de videogame.

Outra indicação é de usar a própria preocupação mundial com a pandemia em um instrumento para reforçar a marca e imagem dos clubes em campanhas. "Estamos em uma fase do marketing que não importa só expor a marca, é importante olhar os valores. O futebol não está deslocado da realidade do mundo e pode ter um protagonismo como preservação pública", avaliou Bruno Maia, ex-vice-presidente de marketing do Vasco, diretor executivo da Agência de Conteúdo 14 e especialista em negócios e novas tecnologias no esporte.

O líder de mercados da KPMG André Coutinho relembra que mesmo sem o calendário, os clubes vão conseguir manter a torcida e um grande potencial para diminuir perdas. "Nenhuma empresa no mundo tem milhões de clientes tão cativos quanto os clubes. É um público leal e que consome sem precisar fazer muito esforço. Será preciso fazer um marketing diferenciado para esse período", comentou.

Fonte: Estadão Conteúdo

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