Bolsonaro se solidariza com familiares de mortos por Covid-19, e diz que "talvez tenha contraido a doença"
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro aproveitou uma live nesta quinta-feira para expressar solidareidade aos parentes que perderam pessoas em função da pandemia, embora tenha voltado a criticar as medidas de isolamento social.
"Encerrando a live, nossa solidariedade aos familiares que perderam os seus entes queridos. São seres humanos e não interessa se tinham comorbidade ou uma idade", disse ele, em transmissão semanal pelas redes sociais.
O presidente afirmou ficar "realmente abatido" pelas pessoas que perdem entes queridos e, a título de exemplo, disse esperar que sua mãe, com 93 anos, viva ainda muitos anos.
A fala de solidariedade do presidente, que foi repetida algumas vezes durante a transmissão, contrasta com a maneira como ele tratou o recorde de mortes por coronavírus registrados em 24 horas anunciado na terça-feira.
Ainda assim, o presidente voltou a criticar medidas mais drásticas de isolamento social tomadas por governadores e prefeitos e chegou a questionar a eficácia delas. Essa posição, contudo, contraria frontalmente o que tem sido preconizado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Pelo que parece, pelo que estamos vendo agora, todo o empenho para achatar a curva praticamente foi inútil", disse sem nenhuma base científica. "Agora, consequência disso, efeito colateral disso? Desemprego. O povo quer voltar a trabalhar."
Segundo o presidente, "infelizmente" 70% da população será infectada. Ele disse que os problemas da "segunda onda" que ele falava desde lá detrás e que era duramente criticado --o desemprego decorrente da redução da atividade econômica-- estão chegando.
"Talvez já tenha pegado esse vírus no passado", diz Bolsonaro, que se recusa a divulgar resultado de testes
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, em entrevista à Rádio Guaíba, que "talvez" já pode ter sido infectado pelo novo coronavírus, em um momento em que ele tem sido questionado judicialmente a divulgar o laudo com o resultado do exame --ele disse publicamente que os dois testes que fez deram negativo.
"Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado, talvez, talvez, e nem senti", afirmou o presidente em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre.
Na entrevista, o presidente disse que ordenou que a Advocacia-Geral da União recorra da decisão judicial de primeira instância que ordenou a entrega do resultado do exame.
Bolsonaro justificou a decisão de não revelar o laudo do exame com o argumento de que isso pertence à "nossa intimidade" e que não é obrigado a "mostrar para ninguém" que está contaminado ou não.
"Não cabe à Justiça se intrometer nessa questão", criticou ele, ao acrescentar que, se no final a Justiça determinar a entrega do documento, ele vai cumprir a ordem.
Em outro momento da entrevista, Bolsonaro disse que já tinha falado do resultado negativo dos exames que fez.