Venezuela registra tumultos e saques a comércios

Publicado em 23/04/2020 13:51
Os saques começaram depois que comerciantes aumentaram os preços durante a manhã


Saques a comércios da cidade de Cumanacoa, no norte da Venezuela, terminaram em violência nesta quarta-feira, dia 22. Segundo o gabinete do autoproclamado presidente Juan Guaidó, ao menos sete pessoas ficaram feridas no tumulto. Uma delas foi baleada, segundo ele.

Segundo o deputado Robert Alcalá, aliado de Guaidó, os saques começaram depois que comerciantes aumentaram os preços durante a manhã. O parlamentar ouviu relatos de que os moradores da cidade passam fome.

O Centro de Comunicação da Assembleia Nacional - parlamento dominado pela oposição e presidido por Guaidó - também afirmou que a crise se agravou com a pandemia de covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

Ainda em março, o regime de Nicolás Maduro impôs quarentena para toda a Venezuela para evitar o espalhamento da covid-19. Levantamento da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, desta quarta-feira mostra 288 casos no país e dez mortes pela doença.

Cumanacoa vem passando por manifestações contra a falta de alimentos e de combustíveis. O aumento nos preços por comerciantes revoltou ainda mais a população da cidade onde vivem mais de 50 mil pessoas.

Em mensagem publicada no Twitter, Guaidó culpou o regime de Nicolás Maduro pela crise e disse que os chavistas "subestimaram o povo, crendo que a repressão e o medo podem conter o inevitável". "Um governo de emergência nacional sem os usurpadores é urgente", escreveu Guaidó.

Guaidó vem pedindo um governo de emergência desde março, quando os Estados Unidos propuseram que ele e Maduro se afastassem do poder e permitissem novas eleições presidenciais na Venezuela. O chefe do regime chavista, porém, negou a proposta, que chamou de "aberração".

Controle de preços

O presidente venezuelano Nicolás Maduro alertou na quarta-feira que controles rígidos de preços dos bens poderiam retornar, com o surto de coronavírus e uma aguda falta de gasolina que fez a inflação acelerar.

O governo chavista relaxou no ano passado a aplicação de controles de preços, vigentes há quase duas décadas, permitindo ao setor privado desempenhar um papel maior na importação e venda de mercadorias em face das sanções dos EUA destinadas a derrubar Maduro, acusado de corrupção e violações dos direitos humanos.

Mas nas últimas semanas, os preços começaram a subir, em parte devido à escassez de gasolina, resultado de anos de falta de manutenção e investimento nas refinarias, e mais recentemente devido às sanções, que complicaram o transporte de produtos.

"Eu dei instruções precisas para lidar com a especulação, os setores da economia que não desejam cooperar com o país", disse Maduro em um discurso na televisão estatal. "Todos os mecanismos para regular e monitorar a produção, custos e os preços estão ativados".

A Venezuela está no sexto ano de uma hiperinflação, que os economistas atribuem à desenfreada impressão de dinheiro para cobrir déficits fiscais e intervenções estatais pesadas na economia.

Maduro frequentemente culpa as sanções dos EUA e uma suposta sabotagem da oposição pelos problemas do país. Os passos de Maduro em direção à liberalização da política econômica no ano passado não mudaram a economia.

Segundo a Assembleia Nacional, órgão legislativo controlado pela oposição que teve o mandato anulado por Maduro, a inflação interanual chega a 3,365%. O governo não publica regularmente indicadores econômicos.

O custo de um quilo de carne em Caracas aumentou 72% nos últimos 30 dias, segundo os cálculos da agência Reuters. (Com agências internacionais).

Fonte: Estadão Conteúdo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar cai ante real com fluxo de venda de moeda e alta do petróleo
Ibovespa fecha com alta tímida em dia de ajustes e volume fraco
Vice-presidente, Geraldo Alckmin, e presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, anunciam investimentos de mais de R$ 18,3 milhões para preparar empresas para exportação
Taxas de juros futuras têm alta firme no Brasil com dados de emprego nos EUA e alta do petróleo
Dólar recua ante o real com apetite por risco global após dados de emprego dos EUA
Wall Street sobe após dados fortes de emprego nos EUA elevarem confiança