Bolsonaro admite risco de abrir o comércio: "Se agravar vem para o meu colo"

Publicado em 17/04/2020 12:33 e atualizado em 17/04/2020 13:37
Doria prorroga quarentena em SP até 10 de maio e diz que há hospitais públicos perto do limite

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro admitiu, nesta sexta-feira, ao dar posse ao novo ministro da Saúde, Nelson Teich, que no caso de um resultado ruim na condução defendida por ele do combate à epidemia de coronavírus, será responsabilizado por um eventual agravamento da situação.

"Abrir o comércio é um risco que eu corro, porque se agravar vem para o meu colo", disse Bolsonaro na cerimônia de posse de Teich.

Ainda assim, o presidente insistiu na necessidade de relaxar o isolamento social, mesmo ressalvando que não pode intervir diretamente na situação, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu a governadores e prefeitos o poder de tomar medidas.

Bolsonaro fez questão de elogiar por diversas vezes o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que foi exonerado na noite de ontem. O ministro deixa o cargo com uma avaliação positiva de 76% da população, de acordo com a última pesquisa Datafolha.

"Tenho certeza que ele (Mandetta) fez o que achava que devia ser feito. Eu tenho certeza que ele sai com a consciência tranquila. Por que substituir? Minha visão é diferente de um ministro que está focado em seu ministério. Minha visão é mais ampla. A visão do Mandetta, muito boa, era focada na saúde, na vida. A minha entrava a economia, o emprego, entrava o Paulo Guedes (ministro da Economia)", disse Bolsonaro.

"Eu tenho certeza que Mandetta deu o melhor de si e eu agradeço. Aqui não tem vitoriosos e derrotados", acrescentou.

Bolsonaro demitiu Mandetta do comando do Ministério da Saúde por discordar da postura do então ministro sobre o enfrentamento à pandemia.

O presidente defende que somente os integrantes do grupo de risco deveriam ficar isolados, enquanto Mandetta publicamente recomendava à população que seguisse as orientações dos governadores de ficarem em casa para evitar a disseminação da doença — que também são defendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

Doria prorroga quarentena em SP até 10 de maio e diz que há hospitais públicos perto do limite

SÃO PAULO (Reuters) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira a prorrogação do decreto de quarentena no Estado até o dia 10 de maio e afirmou que a decisão foi tomada com base no aconselhamento médico que aponta que alguns hospitais públicos já estão perto do limite por causa da pandemia de coronavírus.

"A orientação da ciência foi para prorrogar a quarentena até o dia 10 de maio", disse o governador paulista em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

"Infelizmente os casos estão em expansão", afirmou. "As UTIs e enfermarias dos hospitais públicos e privados estão recebendo um número maior de pacientes a cada dia e já temos alguns hospitais públicos à beira do seu limite", acrescentou Doria.

De acordo com o secretário de Saúde do Estado, José Henrique Germann, também presente na coletiva, o Estado de São Paulo tem 11.568 casos confirmados de Covid-19, com 853 mortes. São Paulo tem ainda 1.259 pacientes internados com a doença em enfermaria e 1.125 em unidades de terapia intensiva.

(Por Eduardo Simões)

Fonte: Reuters

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