Economia chinesa cai 6,8% no primeiro trimestre devido ao impacto do vírus
Beijing, 17 abr (Xinhua) -- O produto interno bruto (PIB) da China foi de 20,65 trilhões de yuans (US$ 2,91 trilhões) no primeiro trimestre de 2020 em meio ao impacto da COVID-19, uma baixa anual de 6,8%, mostraram nesta sexta-feira os dados do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE).
O desenvolvimento econômico e social do país manteve-se no geral estável no primeiro trimestre do ano, afirmou o DNE em uma coletiva de imprensa, embora reconhecendo que o surto da COVID-19 tem sido um teste severo.
Os dados mostraram que a produção do setor de serviços, que representa cerca de 60% do total do PIB, caiu 5,2%, enquanto a indústria primária e a secundária registraram baixas de 3,2% e 9,6%, respectivamente.
"A situação de controle e prevenção da epidemia continuou melhorando com uma interrupção básica na transmissão epidêmica no país", disse o DNE, acrescentando que a retomada do trabalho e da produção está acelerando e as indústrias fundamentais estão crescendo constantemente.
As cifras da sexta-feira apontaram que o mercado de trabalho da China melhorou ligeiramente em março, com a taxa de desemprego pesquisada nas áreas urbanas em 5,9%, queda de 0,3 ponto percentual ante o mês anterior.
Afetado por coronavírus, PIB da China no 1º tri encolhe pela primeira vez na série histórica
Por Gabriel Crossley e Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - A economia da China contraiu no primeiro trimestre pela primeira vez na série histórica uma vez que o coronavírus fechou fábricas e lojas e deixou milhões de pessoas sem trabalho.
O Produto Interno Bruto recuou 6,8% entre janeiro e março na comparação com o ano anterior, mostraram dados oficiais nesta sexta-feira, contra expectativa de analistas de queda de 6,5% e revertendo a expansão de 6% no quarto trimestre de 2019.
Foi a primeira contração da segunda maior economia do mundo desde ao menos 1992, quando dados trimestrais oficiais do PIB começaram a ser publicados.
Mas o lado bom foi uma queda muito menor do que a esperada na produção industrual de março, sugerindo que o alívio tributário e de crédito para empresas afetadas pelo vírus está ajudando a retomar partes da economia fechadas desde fevereiro.
Entretanto, analistas dizem que Pequim enfrenta uma dura batalha para reanimar o crescimento e acabar com as fortes perdas de emprego uma vez que a disseminação global do vírus devasta a demanda dos principais parceiros comerciais e o consumo local cai.
"Os dados do PIB do primeiro trimestre ainda estão amplamente dentro das expectativas, refletindo as perdas da paralisação econômica quando toda a sociedade estava isolada", disse Lu Zhengwei, economista-chefe do Industrial Bank.
"Para a próxima fase, a falta de demanda geral é a preocupação. A demanda doméstica não se recuperou totalmente uma vez que o consumo relacionado aos agrupamentos sociais ainda está proibido enquanto a demanda externa deve ser prejudicada enquanto a pandemia se espalha."
Na comparação trimestral, o PIB caiu 9,8% nos três primeiros meses do ano, informou a Agência Nacional de Estatísticas, contra expectativa de contração de 9,9% e ante crescimento de 1,5% no trimestre anterior.
O porta-voz da agência de estatísticas, Mao Shengyong, disse em entrevista à imprensa que o desempenho econômico da China no segundo trimestre deve ser muito melhor do que no primeiro.
Entretanto, o consumo doméstico mais fraco, que tem sido o grande motor do crescimento, continua sendo uma preocupação já que a renda desacelera e o resto do mundo cai em recessão.
A renda per capita disponível, após ajuste pela inflação, caiu 3,9% sobre o ano anterior no primeiro trimestre, mostraram os dados.
A produção industrual recuou 1,1% em março na comparação com o ano anterior, contra expectativa de contração de 7,3%. Mas destacando os desafios no consumo, as vendas no varejo perderam 15,8%, ante projeção de queda de 10%. O investimento em ativo fixo perdeu 16,1% entre janeiro e março sobre o ano anterior.
RESGATE
Os líderes chineses já prometeram mais medidas para combater as perdas mas estão cientes das lições aprendidas em 2008-09, quando fortes estímulos pressionaram a economia com enormes dívidas.
No mês passado, o Politburo do Partido Comunista disse que está avaliando medidas como mais títulos especiais de governos locais e bônus especiais do Tesouro.
O banco central já afrouxou a política monetária para ajudar a liberar crédito para a economia, mas seu afrouxamento até agora tem sido menos agressivo do que durante a crise financeira.
O governo também contará com mais estímulo fiscal para alimentar o investimento em infraestrutura e consumo, o que pode levar o déficit orçamentário de 2020 a uma máxima recorde.
Para 2020, a expectativa é de que o crescimento econômico da China caia para 2,5%, ritmo anual mais lento em quase meio século, mostrou pesquisa da Reuters esta semana.