Espanha vê ritmo de mortes menor e afrouxa isolamento contra coronavírus

Publicado em 13/04/2020 08:51

MADRI (Reuters) - A Espanha, um dos países mais atingidos pela epidemia global do coronavírus, começou a afrouxar nesta segunda-feira as restrições duras do isolamento, que mantiveram as pessoas em casa durante mais de um mês e frearam a atividade econômica.

O número cumulativo de mortes causadas pelo coronavírus chegou a 17.489 nesta segunda-feira, 517 acima das 16.972 de domingo, disse o Ministério da Saúde. Os casos confirmados totalizaram 169.496, ante os 166.019 do dia anterior.

Mas se tratou do menor aumento diário proporcional de mortes e novas infecções.

Como há sinais de uma melhoria, ainda que titubeante, na situação, alguns negócios tiveram permissão de reabrir, como a construção e a manufatura.

Mas a maior parte da população continua confinada nos lares, e lojas, bares e espaços públicos permanecerão fechados ao menos até 26 de abril.

Pessoas presentes em grandes polos de transporte receberam máscaras da polícia ao irem trabalhar na manhã desta segunda-feira.

"A saúde dos trabalhadores precisa ser garantida. Se isto for minimamente afetado, a atividade não pode recomeçar", disse o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, à rádio Cadena Ser.

As restrições do isolamento ajudaram a desacelerar um índice de mortalidade crescente, que chegou ao pico no início de abril, mas testaram a determinação de pessoas retidas em casa.

"Você finalmente se convence de que estamos em casa por uma boa causa", disse Benito Guerrero, consultor de comunicação de 28 anos ainda isolado em Madri.

Só alguns usuários do transporte interurbano entravam e saíam da estação de trem madrilenha de Atocha, normalmente movimentada, na manhã desta segunda-feira. O tráfego também era leve nas ruas, onde o que mais se via eram ônibus da rede pública.

Carlos Mogorrón Flores, engenheiro civil de 27 anos de Talarrubias, em Extremadura, planejava voltar ao trabalho na terça-feira, mas disse que isso ainda é arriscado.

"Teria preferido esperar mais 15 dias confinado em casa, ou ao menos mais uma semana, e depois voltar. Você sempre fica com medo de pegar (o vírus), e ainda mais sabendo que sua vida pode estar em perigo, ou dos seus parentes", disse.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse no domingo que a decisão de reativar alguns setores foi tomada depois de se consultar um comitê de especialistas. Qualquer relaxamento adicional dependerá dos avanços na luta contra o vírus, disse.

Rússia registra novo recorde diário de casos de Covid-19

MOSCOU (Reuters) - A Rússia registrou o recorde diário de 2.558 novos casos de Covid-19 nesta segunda-feira, elevando o total do país a 18.328.

O centro de resposta russo à crise instaurada pelo vírus informou que 149 pessoas infectadas morreram até então, um aumento de 18 durante a noite.

Itália planeja lançamento de 'carteira de imunidade' com teste rápido

O desenvolvimento de um novo teste nacional para verificar a presença de anticorpos contra o coronavírus é o primeiro passo na estratégia italiana para entrar na chamada fase 2 da epidemia, aquela que deverá assistir ao começo da retomada econômica. O teste permitiria aos italianos lançar uma espécie de "carteira de imunidade". Essa é uma das hipóteses discutidas no Parlamento.

O uso maciço dos exames, aliado a manutenção de máscaras e da distância social seriam as bases da reabertura. "É ilusório pensar em um mundo sem pessoas contaminadas dentro de um mês. As linhas sanitária serão decididas pelo comitê científico, que deve se guiar pelo caminho dos testes", afirmou o ministro dos Negócios Regionais, Francesco Boccia ao jornal Il Sole 24 Ore.

Lucca Zaia, governador da região do Vêneto, vizinha à Lombardia, afirmou que os testes de anticorpos é a última barreira para a retomada. "Pense nos trabalhadores que poderão ter a certificação, porque imunizados poderão sair de casa tranquilos "

Para pôr em prática o plano, a Policlínica San Matteo, de Pavia, desenvolveu o primeiro exame de sangue italiano para verificar a presença de anticorpos da covid-19. A empresa DiaSorin anunciou ainda que deve ser a segunda a desenvolver o teste, que deve custar € 5. O resultado sai em uma hora. Os laboratórios afirmam que podem processar 500 mil deles por dia.

O teste, segundo os pesquisadores, serve para mostrar quem, depois do contato com o coronavírus, desenvolveu anticorpos, estando imunizado. Ele seria uma espécie de "carteira de imunidade". Para o presidente do Conselho Superior Sanitário da Itália, Franco Locatelli, também entrevistado pelo Il Sole 24 Ore, graças ao teste será possível ter um retrato fiel da epidemia. Esses dados serão usados para estabelecer "a retomada da atividade produtiva em algumas áreas".

A Itália conta com quase 150 mil casos de covid-19 e quase 20 mil mortos. Na quinta-feira, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou que o país permanecerá em quarentena até 3 de maio. Mas devem reabrir, no dia 14, livrarias, lojas roupas para bebês, fábricas de computadores e obras hidráulicas

Os negócios reabertos terão der ser limpos duas vezes por dia, manter o ambiente arejado e dispor de sistemas para desinfetar as mãos ao lado de teclados, telas e caixas. O uso de máscara será obrigatório em lugares fechados e se deve usar luvas descartáveis para compra e venda de alimentos. O horário de funcionamento será ampliado e nos mercados, será permitida a entrada por vez de um cliente para cada 40 m² da loja.

Em 3 de maio, a ideia é primeiro acabar com a quarentena das fábricas. "Devemos prestar muita atenção na fase 2. Se errarmos, teremos de recomeçar do zero", disse o chanceler, Luigi di Maio à RAI. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

África corre contra o tempo para conter vírus

Desde que o coronavírus foi considerado uma pandemia, autoridades de saúde expressam preocupação com a África. O número oficial de casos confirmados ainda é baixo, 10 mil, mas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) faz um alerta: é preciso agir contra o tempo para evitar uma catástrofe.

Nos 54 países do continente vive um sétimo da população mundial - muitos em guerra e pobreza extrema. "Temos de agir agora, informar sobre a doença, como preveni-la, preparar clínicas e hospitais para atendimento rápido e garantir que as pessoas tenham acesso ao básico: água e sabão. Se agirmos rápido, conseguiremos evitar o pior", afirma Crystal Wells, porta-voz do CICV no leste da África.

Até agora, a África do Sul tem o maior número de contaminados no continente, com mais de 1,7 mil casos e 9 mortes. No país, profissionais de saúde usam trajes de proteção e máscaras ao testar a população, que está confinada até dia 16 sob ordem do governo. O presidente, Cyril Ramaphosa, lançou uma campanha que mobilizou 10 mil médicos, enfermeiras e voluntários para impedir a disseminação da doença.

Mas a preocupação dos agentes comunitários está em outros países, principalmente pela precariedade dos sistemas de saúde. Os hospitais sofrem com falta de camas e respiradores, há poucos médicos e serviços como água corrente são raros em muitos lugares. Segundo o CICV, a situação é ainda mais grave porque não houve redução da violência em países em guerra, o que tende a sobrecarregar os centros de saúde.

"O surto está pressionando sistemas sofisticados de saúde na Europa e Ásia, com equipes médicas sobrecarregadas lutando para tratar seus pacientes, e instalações de terapia intensiva lotadas nos países ricos. Imagine o que acontecerá com os sistemas de saúde na África quando o vírus chegar", disse Winnie Byanyima, diretora do Programa Conjunto da ONU sobre Aids (Unaids).

Wells relata uma preocupação especial com alguns países, como o Sudão do Sul, que sofre com a guerra há muitos anos, tem comunidades devastadas, hospitais lotados de feridos por bala. "As pessoas lá morrem de outras doenças, como malária, que tem tratamento, porque não há acesso a um sistema de saúde adequado", afirma.

O fato de os conflitos continuarem exige que as organizações humanitárias continuem atuando. "As pessoas continuam contando com nossos sistemas para sobreviver, como a distribuição de comida. O que estamos fazendo é colocar as pessoas na fila em uma distância adequada, pedindo que lavem as mãos sempre", explica.

Em Burkina Fasso, país mais afetado do oeste da África, o número de deslocados pelos conflitos internos é o ponto mais alarmante porque, segundo o CICV, dificulta táticas de detecção da covid-19 e a manutenção do distanciamento social.

"A Somália também tem infraestrutura precária. Apenas 50% da população vive em regiões urbanas com acesso a sistemas de saúde adequados", disse Wells. Segundo a agência France Press, na Somália há menos de um médico para cada 10 mil habitantes e muitos já estão contaminados com a covid-19.

"No norte do Mali, mais de 90% das instalações de saúde foram destruídas pela guerra e as que sobraram estão lotadas por feridos", afirmou Wells. O governo do país impôs um toque de recolher para tentar evitar a propagação da doença.

O vírus, segundo o CICV, pode não ser controlado caso afete os países e comunidades mais frágeis da África. "Nosso maior medo é que se ele continuar a se espalhar e chegar em áreas que são muito pobres ou enfrentam crises em razão da violência, o controle da doença será quase impossível e os sistemas de saúde vão colapsar."

A Cruz Vermelha lançou um apelo, no mês passado, pedindo 800 milhões de francos suíços (US$ 823 milhões) para ajudar as comunidades mais vulneráveis do mundo. A verba será destinada também para fornecer mais suprimentos a estabelecimentos de saúde, expandir programas de saneamento e prevenção da covid-19

Os governos africanos estão impondo restrições de circulação, medidas de confinamento, fechamento de fronteiras, mas o CICV pede que seja garantido o acesso a água e sabão e haja muita divulgação sobre a doença e a pandemia. "Notícias falsas podem levar à morte. Precisamos informar sobre o que é o coronavírus, o que faz e como pode ser combatido para que as famílias saibam como agir se alguém ficar doente."

O CICV considera essencial que os sistemas de saúde sejam melhorados porque em alguns locais as medidas impostas sob orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), como o distanciamento entre as pessoas, não poderão ser cumpridas. "Como manter a distância aconselhada quando se vive em um campo de refugiados e se dorme em uma tenda com mais 10 pessoas da família? Por isso, precisamos garantir as questões básicas", afirma Wells. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Fonte: Reuters/Estadão Conteúdo

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