Doria volta a fazer críticas a Bolsonaro e amplia confinamento até dia 22
Diferentemente do presidente Jair Bolsonaro, que alegando receio de crise econômica pede a volta dos cidadãos brasileiros ao trabalho, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tem defendido o isolamento social para frear o avanço da covid-19.
Durante anúncio da prorrogação da quarentena no Estado, Doria voltou a criticar Bolsonaro. "Não pauto minhas ações por populismo. Pauto pela verdade e pela ciência. Todas as iniciativas de São Paulo são amparadas na ciência e opinião médica", disse o tucano.
"Temos que nos afastar dos que pregam o ódio, que não assumem o interesse maior que é salvar as vidas. No Brasil, defendem o isolamento social o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandeta, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o vice-presidente, Hamilton Mourão. Será que a Organização Mundial da Saúde está errada? Será que ministros e secretários de Saúde de 56 países do mundo estão errados? Será que um único presidente da República no mundo é o certo?", disse
E continuou: "Aqueles que incentivam a vida normal, que pressionam o prefeito da capital e que me pressionam pelo whatsapp, por cartas e que violam os princípios da Medicina, a eles eu pergunto: vocês estão preparados para os caixões com as vítimas do coronavírus? Vocês que defendem a abertura, aglomerações, que minimizam a crise gravíssima em que estamos, vão enterrar as vítimas? Depois de salvar vidas, vamos salvar a Economia", afirmou Doria.
Prorrogação
Doria prorrogou a quarentena em São Paulo para conter o avanço do novo coronavírus por mais 15 dias. A quarentena começou em São Paulo no dia 24 de março e teria validade até esta terça-feira, dia 7, mas foi prorrogada até o dia 22 deste mês. O anúncio foi feito em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta segunda-feira, 6, e participaram dela diversos médicos, entre eles David Uip, chefe do Centro de Contingência da Coivd-19, que estava afastado por ter sido infectado pelo vírus.
SP prorroga quarentena até o dia 22 de abril
O governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em São Paulo para conter o avanço do novo coronavírus por mais 15 dias. A quarentena começou em São Paulo no dia 24 de março e teria validade até esta terça-feira, dia 7, mas foi prorrogada até o dia 22 deste mês. O anúncio foi feito em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta segunda-feira, 6, e participaram dela diversos médicos, entre eles David Uip, chefe do Centro de Contingência da Coivd-19, que estava afastado por ter sido infectado pelo vírus.
O decreto do Estado de São Paulo determinou o fechamento do comércio e de serviços não essenciais, o que inclui bares, restaurantes e cafés, que só podem funcionar com serviços de delivery. Já os considerados essenciais, como farmácias e supermercados, podem abrir as portas. A medida vale para todos os municípios do Estado.
São Paulo é o Estado com o maior número de mortes e de casos do novo coronavírus no Brasil. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, o Estado tem 275 óbitos, 56% do total do País. O Estado tem 4.620 casos confirmados, 41% dos casos brasileiros.
O balanço mais recente do Ministério da Saúde, do final da tarde deste domingo, indicava que o País tem 486 mortes e 11.130 casos.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, afirmou que estudos coordenados por epidemiologistas apontam que houve 56% de redução na mobilidade social do Estado. O ideal, segundo ele, é um porcentual acima de 60%.
Antes do anúncio, Doria voltou a pedir que empresários não demitam funcionários neste período. "Um apelo, façam todo o possível para não demitir. Compreendo as restrições deste momento. Mais do que nunca, seus funcionários e colaboradores esperam de vocês que exerçam sua responsabilidade social e seu lado humanitário. O sofrimento é de todos, mas principalmente dos que dependem do salário para sobreviver", disse Doria.
Doações
O governador João Doria também anunciou que o governo deverá receber R$ 218 milhões de empresários de São Paulo para o combate à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Nesta segunda, o Comitê Solidário, grupo formado pelos empreendedores paulistas e membros do governo do Estado, se reuniu virtualmente pela terceira vez.
Segundo Doria, o valor arrecadado será convertido em cestas básicas para atender aos mais pobres. Os produtos que foram arrecadados deverão ser doados também.
O governador disse também que todas as iniciativas do governo e da Prefeitura da capital "são pautadas pela verdade e pela ciência".
Bolsonaro chama reunião ministerial de última hora, Mandetta pode ser demitido
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro convocou nesta segunda-feira uma reunião ministerial, incluindo também presidentes de bancos, para o mesmo horário em que costuma ocorrer a entrevista coletiva sobre a atualização dos dados da epidemia de coronavírus no país com a presença de vários ministros.
A convocação para a reunião foi feita repentinamente no final da manhã desta segunda-feira. Normalmente, Bolsonaro reúne o ministério nas terças-feiras. A razão da reunião não foi informada pelo Palácio do Planalto.
Nesta segunda, o presidente teve um almoço com os chamados ministros palacianos --Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, Jorge Oliveira, da Secretaria-geral da Presidência, e Walter Braga Netto, da Casa Civil. De acordo com uma fonte, estava também o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania.
Depois de perder o cargo, Terra, que é médico, tem se associado às posições de Bolsonaro em relação à epidemia de coronavírus, defendendo em suas redes sociais e em entrevistas temas como o isolamento vertical e o uso da cloroquina. As posições, controversas, são o inverso do defendido pela Organização Mundial da Saúde e seguidas pelo Ministério da Saúde.
Terra também esteve por trás da organização de um encontro entre médicos e o presidente na última sexta-feira, chamado para tratar do uso da cloroquina. O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, não foi chamado e foi avisado por médicos seus amigos.
As divergências entre Mandetta e Bolsonaro sobre a posição em relação ao tratamento da epidemia vem crescendo novamente, depois de um período de trégua tumultuada.
Na última semana, o presidente ameaçou publicamente Mandetta de demissão. Na tarde de domingo, ao falar com apoiadores evangélicos em frente ao Alvorada, disse que "alguns ministros estavam se achando" e "viraram estrelas".
"Mas a hora deles não chegou ainda não, vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor", disse.
Dias antes, em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro já havia criticado Mandetta e afirmou que não demitiria ninguém "no meio da guerra", mas deixou claro que o ministro poderia ser demitido.
O Planalto informou que a entrevista coletiva som a atualização sobre a pandemia será realizada com a participação de secretários da Casa Civil e dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Regional.