Pacote contra coronavírus do Senado vai superar US$ 2 trilhões, diz assessor da Casa Branca

Publicado em 21/03/2020 16:15 e atualizado em 21/03/2020 19:09

WASHINGTON (Reuters) - O pacote de estímulo econômico para dar uma resposta à pandemia de coronavírus que está sendo negociado pelo Senado dos Estados Unidos terá valor superior a 2 trilhões de dólares, afirmou o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, neste sábado.

“O pacote está chegando a por volta de 10% do PIB”, disse Kudlow a repórteres. Questionado se isso significaria mais de 2 trilhões de dólares, Kudlow disse: “Correto”.

“Estamos apenas tentando cobrir as necessidades certas”, disse Kudlow. “É um problema de semanas e meses, não anos. Apenas queremos uma ponte”.

Kudlow também disse que parlamentares estão considerando um alívio de impostos sobre folhas de pagamentos para pequenos negócios.

Fed anuncia mais medidas emergenciais para atacar restrições de liquidez

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) continuou a oferecer apoio de emergência nesta sexta-feira ao intensificar os esforços com outros grandes bancos centrais para aliviar uma crise global de financiamento em dólares, amparar um mercado essencial para as finanças dos governos estaduais e locais dos EUA e aumentar suas compras de títulos lastreados em hipotecas.

Em um movimento coordenado, o Fed disse que aperfeiçoaria os acordos permanentes de linha de swap de liquidez em dólar dos EUA com Banco do Canadá, Banco da Inglaterra, Banco do Japão, Banco Central Europeu e Banco Nacional Suíço para aliviar ainda mais o estresse de financiamento do dólar no exterior.

O Fed disse que aumentaria a frequência das operações com vencimento em 7 dias de semanal para diária, começando em 23 de março e continuando pelo menos até o final de abril. Os bancos centrais também continuarão a realizar operações semanais de vencimentos de 84 dias.

"As linhas de swap entre esses bancos centrais estão disponíveis e permanecem como um importante instrumento de liquidez para aliviar as tensões nos mercados globais de financiamento", afirmou o Fed em comunicado.

Os dólares estão em grande demanda --e em escassa oferta-- nos mercados fora das fronteiras dos Estados Unidos, à medida que bancos, empresas e governos se esforçam para garantir pagamentos de dívidas em dólares que muitos acumularam.

Isso fez com que os custos de financiamento do dólar subissem em espiral e levou a um rali histórico no valor do dólar em relação a outras moedas.

AJUDA A MERCADO LOCAL

Em um movimento separado, o Fed disse nesta sexta-feira que estenderia seu apoio à liquidez no mercado de dívida municipal, o principal mercado de financiamento para Estados dos EUA, governos locais e autoridades oficiais, como sistemas de trânsito.

O Fed também anunciou nesta sexta-feira seu mais recente esforço para tranquilizar dealers e outras instituições financeiras de que fornecerá a liquidez necessária para manter os mercados funcionando sem problemas.

O Federal Reserve de Nova York, o braço de operações de mercado do Fed, disse que continuará a disponibilizar 1 trilhão de dólares por dia em operações compromissadas durante o restante do mês, com metade desse valor oferecida pela manhã e a outra, no período da tarde. O Fed havia dito anteriormente que planejava oferecer esse volume de apoio até o final desta semana.

O BC dos EUA informou também que faria compras adicionais de títulos lastreados em hipotecas nesta sexta-feira, totalizando 15 bilhões de dólares em duas operações e comprando pelo menos 100 bilhões de dólares em bônus hipotecários na próxima semana, incluindo 40 bilhões de dólares na próxima segunda-feira.

No ritmo atual, o Fed poderia alcançar os 200 bilhões de dólares em títulos hipotecários que visava até o final do mês. As autoridades do Fed disseram repetidamente que estão dispostas a aumentar esse total conforme as condições do mercado exigirem.

O Fed tem realizado ações de emergência quase diárias desde que anunciou um pacote de medidas no domingo, que inclui reduzir as taxas de juros para quase zero e comprometer centenas de bilhões de dólares em compras de ativos, além de munir autoridades estrangeiras de oferta de financiamento barato em dólares.

Alemanha terá 156 bi de euros para novos empréstimos e autorização para 200 bilhões em dívidas

BERLIM (Reuters) - A Alemanha está preparando medidas de estímulo que exigirão por volta de 156 bilhões de euros em novos empréstimos e autorização adicional de dívida de até 200 bilhões de euros para enfrentar o impacto econômico da pandemia de coronavírus, segundo um projeto de lei e autoridades.

O pacote incluirá um orçamento governamental suplementar de 156 bilhões de euros, 100 bilhões de euros para um fundo de estabilidade econômica que possa assumir participação direta em empresas e 100 bilhões de euros em créditos ao banco público de desenvolvimento KfW para empréstimos a empresas em dificuldades, afirmaram as fontes.

A soma de possivelmente 356 bilhões de euros em novas dívidas representaria por volta de 10% do produto interno bruto da Alemanha.

Os últimos detalhes da medida estão sendo discutidos por ministros ao longo do fim de semana, acrescentaram as fontes.

A chanceler alemã, Angela Merkel, prometeu fazer o “que for preciso” para combater o impacto da epidemia na economia, e o governo prometeu meio trilhão de euros iniciais em garantias de liquidez para negócio afetados, via banco de fomento.

China cortará taxas, estimulará investimento privado e acelerará obras de infraestrutura

PEQUIM (Reuters) - A China cortará taxas em larga escala para estimular investimentos do setor privado e também acelerará o desenvolvimento de “infraestrutura nova” para tentar estimular a economia, afirmaram autoridades do governo chinês, neste sábado.

A China aprofundará o desenvolvimento do 5G, construirá mais centros de dados e cidades inteligentes como parte do novo esforço de infraestrutura, afirmou Zheng Jian, da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, em entrevista coletiva.

Outra autoridade, Hong Ou, afirmou que 89,1% de projetos de grandes infraestruturas e recursos naturais retomaram suas operações em 20 de março, com exceção da província de Hubei, epicentro do surto de coronavírus no país.

Um total de 1,848 trilhão de iuanes (260,47 bilhões de dólares) em títulos do governo local foram antecipados até agora em 2020, incluindo 1,29 trilhão de iuanes em títulos especiais, usados por governos locais para financiar o desenvolvimento de infraestruturas, afirmou Song Qiuling, oficial do Ministério da Economia, na entrevista coletiva.

FMI vê impacto severo de pandemia na economia global, mas crise será temporária

WASHINGTON (Reuters) - O impacto da pandemia global de coronavírus será "bastante severo", mas um longo período de expansão e altas taxas de emprego mostram que a economia global deveria resistir ao choque atual, disse nesta sexta-feira uma importante autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Martin Mühleisen, que chefia o departamento de política e análise estratégica do FMI, disse em um podcast do Fundo que o principal objetivo dos governos deve ser limitar a propagação do vírus de forma a garantir que o choque econômico seja temporário.

Ele disse que bancos e governos adotaram medidas sem precedentes para fornecer liquidez aos mercados e mantê-los funcionando "talvez mais do que precisávamos", mas essas medidas devem ser coordenadas internacionalmente para que tenham seus efeitos amplificados.

"Quanto mais organizadas e coordenadas forem as respostas de saúde a essa crise, mais rapidamente será possível que a confiança retorne", afirmou.

Líderes do G7 disseram na semana passada que fariam "o que for preciso" para responder ao surto, mas não forneceram detalhes específicos, o que deixou os mercados instáveis.

Líderes das 20 principais economias do mundo (G20) realizarão uma cúpula virtual na próxima semana, mas as divisões do grupo diminuem as esperanças de uma ação coordenada forte, dizem especialistas.

O coronavírus já infectou mais de 254.700 pessoas em todo o mundo e matou 10.451. Os esforços para conter a propagação da doença resultaram em severos choques na oferta e na demanda em todo o mundo, atingindo o setor financeiro.

Mühleisen disse que as instituições financeiras estão mais resistentes do que antes da crise financeira global de 2008-2009, e o crescimento constante e as altas taxas de emprego devem criar alguns amortecedores.

"Nesse sentido, a crise chegou em um momento em que esperamos estar preparados para esse tipo de choque", disse ele, embora o impacto ainda seja "bastante severo".

Mühleisen disse que o FMI está trabalhando para enfrentar a crise por meio de empréstimos e doações com taxas de juros baixas ou zeradas e está pronto para ajudar os mercados emergentes a lidar com as acentuadas saídas de capital.

Os preços das commodities, especialmente a forte queda no barril do petróleo, representam um desafio adicional para muitos países, enquanto ajudam os que importam matérias-primas, disse ele.

No entanto, o estrategista disse que a crise destacou a necessidade de que os governos e o setor privado tenham amortecedores suficientes, o que significa que o FMI continuaria a olhar para altos níveis de dívida.

"É importante que os países ajam de forma responsável e que tenhamos espaço para responder se houver realmente necessidade de uma resposta de políticas públicas no grau que está acontecendo no momento", acrescentou.

Fonte: Reuters

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