Governo declara estado de transmissão comunitária do coronavírus em todo território nacional

Publicado em 20/03/2020 16:19 e atualizado em 21/03/2020 16:51
Casos confirmados de coronavírus no Brasil vão a 921, com 11 mortes, diz ministério

(Reuters) - O governo federal declarou nesta sexta-feira estado de transmissão comunitária do coronavírus em todo território nacional, segundo portaria publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

A portaria assinada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, determina para contenção da propagação do novo coronavírus o isolamento domiciliar de pessoas com sintomas respiratórios e daquelas que residam no mesmo local, ainda que estejam assintomáticos.

Mandetta havia dito mais cedo nesta sexta que era preciso que todos se conscientizassem que o problema da epidemia é nacional e que a divisão por Estados é apenas administrativa, numa referência a recentes decisões de governadores procurando restringir a entrada de pessoas em suas unidades.

Casos confirmados de coronavírus no Brasil vão a 921, com 11 mortes, diz ministério

SÃO PAULO (Reuters) - O número de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil chegou a 904 nesta sexta-feira, alta de 283 em relação à véspera, informou o Ministério da Saúde, que contabiliza ainda nove mortes em decorrência do Covid-19 no país.

Segundo a pasta, o Estado de São Paulo segue com maior número de infecções confirmadas, 396, avanço de 110 na comparação com quinta-feira, enquanto os óbitos no Estado somam nove. O governador João Doria (PSDB) assinou decreto que coloca São Paulo em estado de calamidade pública.

Na sequência, o Rio de Janeiro tem 109 casos confirmados, ante 65 na véspera, e duas mortes.

Em todo o país, 24 Estados e o Distrito Federal registraram casos confirmados da doença. Apenas Maranhão e Roraima não têm nenhuma infecção confirmada, segundo dados da pasta.

Pelas previsões do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o Brasil deve ter um rápido avanço do número de casos, o que pode fazer com que o sistema de saúde entre em um eventual colapso em abril. Ele espera um "platô" na contagem de infecções em julho, e uma queda brusca em setembro.

Mandetta fala em eventual colapso do sistema, mas diz que restrições de circulação visam evitar isso

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta sexta-feira que as restrições de circulação das pessoas visa evitar um eventual colapso do sistema de saúde no Brasil em função da pandemia do novo coronavírus, como ocorreu na Itália.

Segundo Mandetta, o vírus tem um padrão de transmissão muito competente e com a sociedade "andando normal" isso leva a uma aceleração muito forte no número de casos, a "uma espiral".

"Ainda não estamos nela, São Paulo está fazendo o início do seu redemoinho. A gente imagina que ela vai pegar velocidade, subir, nas próximas semanas, 10 dias", disse Mandetta a um grupo de empresários nesta sexta-feira, por meio de videoconferência realizada com o presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades.

"A gente deve entrar em abril e iniciar a subida rápida" acrescentou, repetindo que essa subida rápida deve durar além de abril, maio e junho. Segundo as projeções do ministro, em julho a curva passa a um platô e a partir de agosto esse vai começar a mostrar tendência de queda. "Aí a queda, em setembro, é uma queda profunda, tal qual foi a queda de março na China."

O ministro ressaltou, no entanto, que o Brasil tem alguns pontos fortes.

"Nós temos um sistema de saúde presente, nós conseguimos amenizar o atendimento. Nós temos um tempo para ganhar. Nós temos aí 30 dias para que a gente resista, razoavelmente bem, com muitos casos, dependendo da dinâmica da sociedade", disse.

Ele ressaltou, no entanto, que mesmo assim, o sistema pode entrar em colapso em pouco mais de um mês.

"Mas claramente, ao final de abril, nosso sistema entra em colapso", disse, para explicar que "colapso é quando você pode ter o dinheiro, pode ter o plano de saúde, pode ter a ordem judicial, mas simplesmente não há sistema para você entrar".

Segundo ele, foi é o caso atual da Itália. Daí, disse o ministro, a necessidade de se restringir a circulação das pessoas, para se evitar chegar a isso.

"Evitar esse colapso, eventualmente, pode ser necessário segurar a movimentação, para ver se consegue diminuir a transmissão", disse.

"Quando a gente toma uma medida de segurar 14 dias, por exemplo, o impacto dessa medida só é sentido 28 dias depois. Porque a cadeia de transmissão, ela é sustentada e você quebra."

O ministro explicou que está modulando essas restrições com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e outras autoridades, sob a coordenação do presidente.

"Para ver se trabalhamos com algumas interrupções, caminhando um pouco, parando um pouco, segurando o máximo dos idosos, que são eles que levam o colapso do sistema, protegendo ao máximo. Isolando literalmente.

Itália registra 627 novas mortes por coronavírus em um dia; total chega a 4.032

  • Homens com máscaras de protenção pegam caixam de pessoa morta pelo coronavírus em cemitério em Bérgamo, na Itália 

ROMA (Reuters) - O número de mortos pela pandemia de coronavírus na Itália saltou em 627, para um total de 4.032, disseram autoridades nesta sexta-feira, uma alta de 18,4%, no maior crescimento em termos absolutos em um dia desde o início dos contágios há um mês atrás.

Na quinta-feira, a Itália ultrapassou a China como o país a registrar mais vítimas fatais devido ao vírus, que é altamente contagioso vírus.

Até esta sexta-feira, a Itália havia registrado um máximo de mortes em um dia de 475. Na China, onde a velocidade de contágio já foi significativamente reduzida, o número nunca chegou a ultrapassar 150.

O número total de casos de coronavírus na Itália cresceu para 47.021, de um total de 41.035 anteriormente, uma expansão de 14,6%, segundo a Agência de Proteção Civil.

A região da Lombardia, ao norte do país, segue em situação crítica, com 2.549 mortes e 22.264 casos.

Dos infectados pelo país, 5.129 haviam se recuperado totalmente até esta sexta-feira, contra 4.440 na véspera. Havia ainda 2.655 pessoas sob cuidados intensivos, contra 2.498 antes.

Alarmadas com coronavírus, regiões da Itália proíbem caminhadas e passeios em parques

  • ROMA (Reuters) - Regiões da Itália que lutam para debelar a epidemia de coronavírus impuseram novas restrições nesta sexta-feira, depois que o número de mortos do país ultrapassou os da China.

"Já temos muitas centenas de mortos. O que mais é preciso para as pessoas entenderem a tragédia que estamos enfrentando?", ponderou Sergio Venturi, chefe da equipe de reação ao coronavírus de Emilia-Romagna.

A Lombardia, que está no epicentro da epidemia, disse que cerca de 100 soldados serão enviados em breve para ajudar a polícia local a impor a interdição, e pediu ao governo que adote novas medidas para manter os italianos em casa.

"Infelizmente, não estamos vendo uma mudança de tendência nos números, que estão subindo", disse o governador da Lombardia, Attilio Fontana, em uma coletiva de imprensa.

A região de Vêneto, no norte, fechou parques e disse que os moradores não podem mais fazer caminhadas, e a adjacente Emilia-Romagna proibiu caminhadas e passeios de bicicleta, dizendo que as pessoas têm que ficar em casa para evitar infecções.

O número de mortos de coronavírus na Itália subiu 427 na quinta-feira, elevando o total para 3.405 – mais do que os 3.248 registrados na China, onde o surto começou no ano passado.

"Talvez o pico não venha na semana que vem, mas na semana seguinte", disse Angelo Borrelli, chefe da Agência de Proteção Civil italiana, à rádio Rai.

A cifra total de infecções subiu de 35.713 para 41.035, e as autoridades estão especialmente preocupadas com uma disparada de casos na capital financeira Milão.

"A linha de frente agora está em Milão", disse Massimo Galli, chefe da unidade de doenças infecciosas do hospital Sacco da cidade, ao jornal Repubblica. "Estou extremamente preocupado com o que está acontecendo... ainda há pessoas demais por aí afora."

Na semana passada, o governo ordenou que restaurantes, bares e a maioria das lojas de todo o país fechassem até 25 de março, e também fechou escolas e universidade e orientou todos a só saírem para fazer o absolutamente essencial até 3 de abril.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, disse que as medidas terão que ser prorrogadas, mas não deu mais detalhes.

Tentando elevar o moral, pela primeira vez rádios italianas transmitiram o hino nacional às 11h, e em seguida as canções emblemáticas "Azzurro", "La canzone del sole" e "Nel blu dipinto di blu".

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar cai ante real com fluxo de venda de moeda e alta do petróleo
Ibovespa fecha com alta tímida em dia de ajustes e volume fraco
Vice-presidente, Geraldo Alckmin, e presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, anunciam investimentos de mais de R$ 18,3 milhões para preparar empresas para exportação
Taxas de juros futuras têm alta firme no Brasil com dados de emprego nos EUA e alta do petróleo
Dólar recua ante o real com apetite por risco global após dados de emprego dos EUA
Wall Street sobe após dados fortes de emprego nos EUA elevarem confiança