Após recomendação da OMS, governo admite que estuda ampliar testagem
O Ministério da Saúde avalia aumentar o número de análises para diagnóstico do novo coronavírus no Brasil, com a importação de testes rápidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou ontem a ampliação do número de testes e o isolamento das pessoas consideradas suspeitas de estarem infectadas. De acordo com o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, o governo ainda estuda internamente a recomendação.
Por enquanto, a pasta informa que continuará a dar prioridade à análise de pacientes com potencial de desenvolver quadro grave em locais que já apresentam transmissão comunitária do vírus. O último levantamento do governo aponta que há no Brasil 234 pacientes confirmados para a doença, ante 200 em domingo (um aumento de 34 casos, ou 17%). O Estado de São Paulo apresenta o maior número de infectados - 152, ante 136 no boletim anterior. Depois, vem o Rio, que registra 31 casos.
Pela manhã, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu que os países com casos do novo coronavírus isolem os infectados para prevenir o avanço da pandemia. Em sua fala, o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus, defendeu a necessidade de as pessoas saberem qual pessoa lhe transmitiu o vírus e de manter as estratégias de contenção do risco.
"A mensagem central é: testar, testar e testar", disse o diretor-geral. "Você não consegue parar essa pandemia se não souber quem está infectado. Esta é uma doença séria. Embora as evidências sugiram que aqueles com mais de 60 anos corram maior risco, jovens, incluindo crianças, morreram." A OMS lembrou ainda que mesmo que a pessoa não esteja se sentindo mal pode infectar alguém por até 14 dias. Por isso, é preciso respeitar o período de duas semanas após o fim dos sintomas. E vetar visitas.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, a recomendação da OMS é "complexa", pois a própria organização havia recomendado testar apenas os cem primeiros casos e, depois, focar em grupos de risco. Oliveira disse que o Brasil vai manter a política de testar casos graves, internados, em locais com transmissão comunitária. E testar e isolar pessoas com febre e outro sintoma de gripe onde não houver transmissão disseminada da doença.
"Quando assumo que o vírus está circulando na minha comunidade, já não interessa saber a totalidade dos casos. Por isso mudamos a vigilância de casos individualizados para monitoramento de casos graves", disse Oliveira. O secretário de Vigilância em Saúde ressaltou ainda que o número de testes é limitado. "Hoje, se procurar na iniciativa privada, não há insumos suficientes. E me estranha muito a OMS recomendar desta maneira, uma vez que os insumos são insuficientes para testar todo mundo. Vamos testar todos os casos sintomáticos. Os próprios laboratórios privados estão tomando essa decisão", disse.
Representante da OMS no Brasil, a médica Socorro Gross afirma que países que não têm recursos suficientes para testar todos os casos devem dar prioridade e pacientes que podem desenvolver quadros graves. O governo já comprou 30 mil testes de diagnóstico de novo coronavírus feitos pela Fiocruz e encomendou outros 150 mil. Cada unidade custa R$ 98,80 aos cofres públicos. A Fiocruz estuda ainda realizar parcerias de transferência de tecnologia com empresas privadas para produção no Brasil de testes mais modernos de diagnóstico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.