Dólar está misto, mas segue acima dos R$ 5,00, em meio a medidas e leilão do BC
São Paulo, 17 - O dólar mostra sinais mistos, mas segue acima dos R$ 5,00 na manhã desta terça-feira, 17. Neste primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os investidores ajustam posições em meio à percepção de que é pequeno o impacto fiscal do pacote do governo de R$ 147 bilhões para fazer frente ao coronavírus, anunciado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda-feira, 16, à noite.
"Essas medidas são bem-vindas, ainda que julguemos ser necessário a adoção de outras medidas nos próximos dias e semanas", avaliam economistas da Renascença DTVM, em nota a clientes.
O dólar exibe sinais desiguais - queda à vista e alta no dólar abril - em meio aos ajustes iniciais, após fechamentos com sinais mistos ontem, e o anúncio pouco antes da abertura hoje de um leilão de linha com recompra novo de até US$ 2 bilhões (9h30).
Pontualmente, o dólar à vista chegou a subir à máxima de R$ 4,0559 (+0,07%), em linha com o dólar abril, mas logo retomou a baixa. No exterior, o dólar tem alta generalizada ante divisas principais e emergentes.
Às 9h23, o dólar à vista caía 0,41%, a R$ 5,0344. O dólar para abril subia 0,81%, a R$ 5,0355.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava contra o real na manhã desta terça-feira, dando uma pausa no rali após superar 5 reais no fechamento da véspera, com os investidores reagindo a leilões do Banco Central em meio à pandemia de coronavírus e à espera de decisão de juros pelo Copom.
Às 10:12, o dólar recuava 0,21%, a 5,0360 reais na venda. Na B3, o contrato mais líquido de dólar futuro tinha ganho de 0,83%, a 5,0365 reais.
"Todo o movimento de hoje está em torno do coronavírus", disse à Reuters Flavio Serrano, economista sênior do banco Haitong. "Há uma pequena correção em relação ao movimento de ontem, mas tudo vai depender das notícias (sobre o vírus). É um movimento de 'risk on-risk off'", afirmou.
Segundo Serrano, também "há expectativa maior em relação ao Banco Central" após anúncio de novo leilão para esta terça-feira.
Nesta terça-feira, o Banco Central vendeu 2 bilhões de dólares por meio de leilões de linhas -- venda com compromisso de recompra. Uma medida semelhante havia sido realizada na sexta-feira, a primeira vez que o BC fez oferta líquida de moeda nessa modalidade desde 17 e 18 de dezembro do ano passado.
Os leilões de linha costumam ser realizados em momentos de demanda pontual por liquidez.
Na segunda-feira, quando o dólar à vista saltou 4,86%, a 5,0467 reais na venda, nova máxima recorde nominal para um encerramento, e tocou 5,07 reais na máxima do dia, o BC não interviu nos mercados de câmbio.
Ainda no radar dos investidores está a reunião de política monetária do Copom, com amplas expectativas de novo corte na taxa Selic. Uma pesquisa da Reuters divulgada na sexta-feira mostrou que as autoridades provavelmente reduzirão a taxa básica de juros a 4,00% ao ano na quarta-feira, ante 4,25%, de acordo com 13 dos 26 analistas consultados entre 9 e 13 de março.
Oito dos analistas que responderam à sondagem previram uma redução mais agressiva, de 50 pontos-base, para 3,75%, enquanto cinco disseram que não esperavam nenhuma mudança.
Desde então, em meio a medidas cada vez mais dramáticas em todo o mundo para conter a pandemia, as apostas em cortes mais profundos aumentaram, com bancos como o UBS precificando corte de 1 ponto percentual.
Já a XP Investimentos disse em nota nesta terça-feira que "a chance de corte de 0,75 ponto percentual na taxa Selic subiu consideravelmente após o anúncio de medidas (pelo governo brasileiro), mas continuamos acreditando que o BC cortará 0,50 ponto percentual nessa semana".
O Ministério da Economia anunciou na segunda-feira pacote de 147,3 bilhões de reais voltados ao combate dos efeitos do coronavírus com medidas que incluem a antecipação de pagamentos obrigatórios, remanejamento de gastos e prorrogação de recolhimento de tributos.
Recentemente, os patamares cada vez menores da Selic foram apontados como um fator responsável pela disparada do dólar, que já acumula alta de cerca de 25% em 2020. A redução do diferencial de juros entre o Brasil e outros países torna rendimentos locais baseados na taxa básica de juros menos atraentes para o investidor estrangeiro, o que reduz a entrada de fluxos nos mercados brasileiros.