Trump alerta sobre recessão nos EUA e pede suspensão de atividades sociais

Publicado em 16/03/2020 19:11 e atualizado em 17/03/2020 04:26

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um pedido aos norte-americanos nesta segunda-feira para que seja suspensa a maior parte das atividades sociais e reuniões entre grupos de mais de 10 pessoas em uma nova e agressiva iniciativa para reduzir a propagação do coronavírus no país. 

Ao anunciar as novas orientações de sua força tarefa de combate ao coronavírus, o presidente disse que as pessoas deveriam evitar viagens discricionárias e evitar restaurantes, praças de alimentação e academias.

Enquanto os mercados afundavam, Trump alertava sobre a possibilidade de recessão, fato que poderia afetar suas chances de reeleição em novembro. O presidente republicano disse que estava focado em abordar a crise de saúde e que a economia melhoraria assim que a crise estivesse resolvida. 

A força-tarefa implorou que os mais jovens sigam as novas orientações, mesmo que eles sofram menos caso contraiam o vírus. Pessoas mais velhas, especialmente as que já tenham problemas de saúde, são as que têm o maior risco de desenvolver a doença respiratória.

"Tomamos a decisão de endurecer ainda mais as orientações para achatar a curva de infecções agora", disse Trump a jornalistas na Casa Branca. "Nós gostaríamos muito de estar à frente da curva, e não atrás dela." 

Repórteres escalonaram seus assentos, sentando sempre com uma cadeira vazia de distância um do outro na sala de imprensa da Casa Branca, para obedecer as medidas de distanciamento social. 

Trump disse que o pior da epidemia pode passar até julho, agosto ou depois, e classificou o vírus como um inimigo invisível. 

"Com várias semanas de ação focada, podemos virar o jogo rapidamente", disse. 

O presidente foi criticado por minimizar a gravidade da epidemia nos primeiros dias de propagação do vírus nos EUA. Na segunda-feira, quando perguntado, ele se deu uma boa nota por sua resposta. 

Trump afirmou que isolamento em nível nacional ainda não estava sendo considerado neste momento. 

Normalmente, um entusiasta da economia norte-americana, Trump reconheceu a possibilidade de recessão ao minimizar mais um dia de queda dramática dos mercados financeiros em meio às preocupações dos investidores com o quadro de pandemia.

"O mercado irá tomar conta de si mesmo", disse Trump, acrescentando que o setor financeiro se fortaleceria depois que o vírus fosse controlado. Trump sempre considerou que as altas nos mercados de ações eram um sinal do sucesso de seu governo. 

Trump disse que o governo já discutia regularmente sobre restrições domésticas de viagem, mas que esperava não precisar aplicar tais medidas. 

Ele disse pensar que ainda seria possível para os líderes do G7 se reunirem no retiro de Camp David, em Maryland, em junho. Trump frustrou os países europeus, que representam grande parte do G7, ao instituir restrições de viagem a partir de países europeus sem consultá-los antes.

Wall Street afunda com disseminação de vírus aumentando preocupações

NOVA YORK (Reuters) - Wall Street sofreu a sua maior queda desde o início da crise do coronavírus, com o S&P 500 fechando no nível mais baixo desde dezembro de 2018, com os investidores temendo que a pandemia do coronavírus esteja se mostrando um adversário mais difícil do que os bancos centrais, legisladores ou a Casa Branca são capazes de combater.

O S&P 500 recuou cerca de 12%, apesar da decisão surpresa do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) no domingo de reduzir as taxas de juros para quase zero, o que aumentou o alarme em torno da rápida disseminação da pandemia e de como ela tem paralisado partes da economia global e reduzido as receitas das empresas.

"É um mercado à deriva, sem nada ao que se agarrar. Não há nada que possa realmente nos dar uma noção de quando toda a extensão do impacto do vírus será conhecida", disse Jeffrey Kleintop, estrategista chefe de investimentos globais da Charles Schwab.

O Dow Jones caiu 12,93%, para 20.188,52 pontos, o S&P 500 perdeu 11,98%, para 2.386,13 pontos e o Nasdaq Composite perdeu 12,32%, para 6.904,59 pontos.

Pesquisa mostra crescente preocupação nos EUA sobre coronavírus e queda da confiança no governo

WASHINGTON (Reuters) - 60 dos norte-americanos estão "muito" ou "um pouco preocupados" com o fato de que eles ou um membro da família serão expostos ao coronavírus, contra 36% em fevereiro, enquanto a confiança na capacidade de resposta do governo caiu drasticamente, mostrou uma nova pesquisa.

A sondagem Gallup foi realizada de 2 a 13 de março, logo após o primeiro caso positivo do vírus nos Estados Unidos, e ocorreu enquanto o governo Trump acelerava sua resposta à pandemia.

61 por cento dos norte-americanos estão "muito" ou "um pouco confiantes" na capacidade de resposta do governo dos EUA, uma queda de 16% em relação a fevereiro, mostrou a pesquisa.

EUA têm 3.487 casos de coronavírus e 68 mortes decorrentes da pandemia

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) informou nesta segunda-feira, 16, que o país tem 3.487 casos confirmados de coronavírus e 68 mortes decorrentes da pandemia. Entre os infectados, 205 viajaram para outros países e 214 mantiveram contato com pessoas que estiveram no exterior, mas ainda não foi possível identificar a origem da contaminação nas outras 3.068 pessoas.

Além disso, os EUA também têm 46 cidadãos com coronavírus que foram repatriados do cruzeiro Diamond Princess, que ficou em quarentena no litoral do Japão em fevereiro, e três infectados que foram repatriados de Wuhan, cidade chinesa que foi o epicentro da pandemia.

 

Fonte: Reuters

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