Bolsonaro vai ao Ministério da Economia para reunião sobre enfrentamento ao coronavírus
O presidente Jair Bolsonaro chegou ao Ministério da Economia pouco antes das 15h nesta segunda-feira para discutir as ações de enfrentamento ao coronavírus num encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não estava inicialmente previsto na agenda pública de ambos.
Na sexta-feira, Guedes chegou a falar que mais medidas para a economia seriam anunciadas até esta segunda. Desde a manhã, o ministro está em reunião com secretários para debater o tema, mas ainda não há clareza quanto a um novo pacote de iniciativas.
De concreto, o governo enviou ao Congresso Medida Provisória para abertura de crédito extraordinário de 5,1 bilhões de reais para o combate ao coronavírus, e anunciou que iria importar sem tarifas produtos médicos e hospitalares essenciais ao abastecimento.
Também divulgou medidas para baratear e alongar o pagamento de empréstimos consignados para aposentados e pensionistas e a antecipação para abril de metade do 13º para esses beneficiários, no valor de 23 bilhões de reais.
Mas, em meio a críticas de que as medidas já colocadas em práticas serão insuficientes para fazer frente ao desafio imposto pela disseminação do vírus, Guedes indicou que sua equipe se debruçava sobre outras ações, como eventual liberação de saques do FGTS, diferimento de recolhimento tributário de empresas e uso de recursos não sacados do Pis/Pasep.
As discussões ocorrem enquanto governos mundo afora anunciam a implementação de fortes medidas de auxílio fiscal e afrouxamento monetário para evitar que suas economias sucumbam à ameaça do coronavírus, conforme perspectivas de mergulho na atividade econômica global seguem injetando volatilidade nos mercados.
Na manhã desta segunda-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, em reunião extraordinária, medidas para facilitar a renegociação de dívidas bancárias ao afrouxar requerimentos que devem ser cumpridos pelas instituições financeiras, numa resposta aos potenciais impactos do coronavírus sobre a economia brasileira.
Na terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para reunião de dois dias para deliberar sobre a taxa de juros, que está atualmente em 4,25% ao ano. Expectativa é de um corte de 0,25 ponto, segundo pesquisa da Reuters de sexta-feira.
Antes das preocupações com o coronavírus ganharem vulto, o Banco Central havia divulgado, em 20 de fevereiro, redução na alíquota do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo e ajuste de uma regra de exigência de liquidez das instituições.
Na ocasião, o BC disse que a iniciativa liberaria 135 bilhões de reais para a economia a partir de março, recursos que a autarquia disse esperar que fossem destinados ao crédito.
Em nota nesta segunda-feira, a autoridade monetária afirmou que essas medidas também vão "contribuir, nesse momento, para suavizar os efeitos do Covid-19 sobre a economia brasileira".
Bolsonaro anunciou na semana passada ter testado negativo para o coronavírus, mas seus médicos recomendaram que permanecesse isolado, comportamento que o presidente não tem seguido à risca. Na véspera, inclusive, o presidente cumprimentou vários manifestantes a favor de seu governo no Palácio do Planalto.
Pelo menos 11 pessoas de sua comitiva aos Estados Unidos foram contaminadas pelo coronavírus.