Wall Street afunda após Trump restringir viagens; Fed vai injetar 1,5 trilhão de dólares
NOVA YORK (Reuters) - Wall Street afundou nesta quinta-feira, encerrando o maior período de mercado em alta da história nos Estados Unidos depois que novas restrições a viagens para conter a pandemia de coronavírus assustaram investidores e abalaram os mercados mundiais.
A proibição de viagens da Europa para os Estados Unidos pelo presidente Donald Trump, anunciada na quarta-feira, levou os três principais índices de ações norte-americanos a despencarem, com o S&P 500 e o Nasdaq confirmando seu primeiro "bear market" desde a crise financeira.
O "bear market" é confirmado quando um índice cai 20% ou mais abaixo da máxima mais recente de fechamento.
O principal índice do Dow Jones sofreu sua pior perda em um dia desde a segunda-feira negra, em outubro de 1987.
O índice de referência S&P 500 e o Nasdaq perderam mais de um quarto de seu valor desde que atingiram níveis recordes de fechamento há apenas 16 sessões, enquanto nações de todo o mundo discutem como conter o coronavírus, em rápida evolução, e seus efeitos econômicos.
"A ação negativa contínua no mercado está nos dizendo que tudo o que foi feito até agora não foi suficiente", disse Joseph Sroka, diretor de investimentos da NovaPoint em Atlanta. "As pessoas não conseguem apontar para um resultado tangível que vá restaurar a vida diária normal, então a incerteza permanece."
As abrangentes restrições de viagens de Trump, que limitam os voos da Europa continental para os Estados Unidos, encaminharam as ações europeias às mínimas em quase quatro anos, e derrubaram as ações aéreas, já atingidas pela propagação do Covid-19.
Em Wall Street, as companhias aéreas despencaram 19,6%.
A Boeing Co recuou outros 18,1%, com o J.P. Morgan abandonando seu suporte de longo prazo às ações da empresa, encaminhando a fabricante de aviões para a sua pior semana de sempre.
Os rendimentos dos Treasuries caíram à medida em que aumentava a expectativa de flexibilização agressiva por parte do Fed.
Nesta quinta, o Federal Reserve de Nova York anunciou que iria introduzir 1,5 trilhão de dólares em novas operações compromissadas nesta semana.
O índice de volatilidade CBOE, um indicador da ansiedade dos investidores, subiu para níveis nunca vistos desde novembro de 2008, o auge da crise financeira.
O Dow Jones recuou 9,99%, para 21.200.62 pontos, o S&P 500 perdeu 9,51%, para 2.480,64 pontos, e o Nasdaq Composite retrocedeu 9,43%, para 7.201,80 pontos.
Fed fornece injeção maciça de liquidez para acalmar mercados em meio a sinais de estresse
(Reuters) - O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) interveio para conter um colapso no mercado nesta quinta-feira com uma expressiva injeção de dinheiro que, segundo alguns analistas, poderia apontar para uma ação mais agressiva da autoridade monetária para estimular a economia e estabilizar o sistema financeiro.
Nesta quinta-feira, o Fed de Nova York anunciou que fará novas operações compromissadas, nesta semana, no montante de 1,5 trilhão de dólares e começará a comprar uma série de vencimentos como parte de suas compras mensais de Treasuries.
"O Fed provavelmente fará mais em breve, incluindo o corte de taxas para provavelmente zero", disse Ebrahim Rahbari, estrategista-chefe de moeda do Citi, em nota aos clientes nesta quinta.
O banco central disse que ofereceria 500 bilhões de dólares em uma operação compromissada de três meses nesta quinta-feira. Na sexta, o Fed fará outra operação de também 500 bilhões de dólares em operações compromissadas de um mês e outra de 500 bilhões de dólares em compromissadas de três meses.
Notavelmente, o Fed também está alterando os vencimentos dos títulos do Tesouro que compra mensalmente para aumentar as reservas. A partir de sexta-feira, o banco central comprará uma série de vértices correspondentes à composição dos títulos do Tesouro dos EUA em circulação, incluindo cupons, notas, títulos protegidos pela inflação e notas remuneradas por taxa flutuante.
Até agora, o Fed tinha concentrado suas compras em Treasuries de curto prazo, medida que enfatizava que a expansão do balanço era parte de um esforço técnico para aumentar a liquidez --e não o "afrouxamento quantitativo usado para combater a crise financeira de 2007 a 2009.
O espectro mais amplo de vencimentos, no entanto, conduz o Fed de volta ao tipo de esforço da era de crise.
"Isso é basicamente QE (afrouxamento quantitativo)", disse Tim Duy, professor de economia da Universidade do Oregon. "Se você está seguindo a curva inteira, definitivamente está fazendo algo diferente" do que apenas comprar títulos.
As mudanças foram feitas sob a direção do chairman do Fed, Jerome Powell, em consulta com o painel de formulação de políticas do Fed, informou o Fed de Nova York. Os mercados de ações dos EUA reduziram brevemente as perdas depois que a autoridade monetária anunciou os ajustes, antes de retomar uma forte venda.