Bolsonaro afirma que não existe possibilidade do governo aumentar a CIDE

Publicado em 09/03/2020 18:00


O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 9, que vai manter a política de preços da Petrobras e que o governo não vai aumentar impostos sobre combustíveis em meio à queda global do preço do petróleo, se referindo especificamente às Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). As declarações foram publicadas por Bolsonaro em sua conta no Twitter.

"Não existe possibilidade do governo aumentar a Cide para manter os preços dos combustíveis. O barril do petróleo caiu, em média, 30% (US$ 35 o barril). A Petrobras continuará mantendo sua política de preços sem interferências. A tendência é que os preços caiam nas refinarias", tuitou o presidente.

O derretimento do preço do petróleo acontece depois que a Arábia Saudita resolveu cortar o preço do barril em meio a uma guerra de preços com a Rússia. Os dois países estão entre os maiores produtores mundiais de petróleo. A disputa gerou a maior queda no preço do barril desde a Guerra do Golfo, em 1991.

Bolsonaro diz que caos nos mercados (petróleo e coronavírus) mostra Brasil se arrumando para enfrentar crises

MIAMI (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro minimizou o caos no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira, colocando a responsabilidade pela turbulência nos preços do petróleo, depois de afirmar durante discurso em Miami que os números da economia vem mostrando que o Brasil começou a se arrumar.

“Obviamente os números de hoje tem a ver, a queda drástica da Bolsa de Valores no mundo todo, tem a ver com a queda do petróleo que despencou, se eu não me engano, 30%", disse Bolsonaro durante encontro com membros da comunidade brasileira na Flórida.

Além disso, o presidente afirmou que o novo coronavírus também tem influência no nervosismo dos mercados e, repetindo o que já dissera o presidente norte-americano, Donald Trump, disse acreditar que a epidemia esteja sendo superestimada por razões econômicas.

“Tem a questão do coronavírus também, que no meu entender está superdimensionado o poder destruidor desse vírus, então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica”, defendeu.

Em mais de uma ocasião, Trump --em quem Bolsonaro admite se inspirar-- afirmou que a crise do coronavírus está sendo “inflamada” pela mídia “fake news” para “muito além do que os fatos mostram”.

A bolsa paulista teve o pior dia em mais de duas décadas nesta segunda, em sessão marcada por circuit breaker após decisões da Arábia Saudita derrubarem os preços do petróleo e elevarem as incertezas a um mercado já afetado por temores sobre os reflexos do coronavírus na economia global. Ao mesmo tempo, o dólar atingiu novos recordes históricos, aproximando-se de 4,80 reais.

As ações da Petrobras fecharam em queda histórica de quase 30%, com a empresa perdendo cerca de 91 bilhões de reais em valor de mercado. Com a queda de 12,17% de hoje, o Ibovespa voltou a 86.067 pontos, a mínima desde dezembro de 2018, anulando todos os ganhos durante o governo Bolsonaro.

Servindo como porta-voz do governo, em Miami, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque garantiu que o presidente estava tranquilo mesmo com a crise e que não seriam tomadas medidas emergenciais para tentar controlar o pânico dos mercados.

Bolsonaro defendeu o desempenho da economia, elogiou a realização da reforma da Previdência e disse que "temos duas grandes reformas pela frente", referindo-se às mudanças administrativas e tributárias.

Os mercados brasileiros seguem na expectativa para o andamento dessa reformas, consideradas essenciais para a retomada da economia este ano. A reforma administrativa ainda precisa ser enviada pelo governo ao Congresso, enquanto a segunda já começou a andar no Legislativo, mas ainda sem as sugestões do Executivo.

Fonte: Estadão Conteúdo

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