Demanda por petróleo deve ter 1° recuo desde 2009 devido ao coronavírus, diz IEA
Por Ron Bousso
LONDRES (Reuters) - A demanda global por petróleo deve recuar em 2020, no que seria a primeira contração em mais de uma década, em meio aos impactos do coronavírus sobre a atividade econômica do mundo, disse a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) nesta segunda-feira.
A revisão para baixo na projeção de demanda vem em dia em que os preços da commodity chegaram a desabar mais de 30%, na maior queda diária desde a Guerra do Golfo em 1991, após a Arábia Saudita ter lançado uma disputa por participação no mercado em seguida à falência de um pacto de produção com a Rússia.
A IEA disse que a demanda por petróleo deve somar 99,9 milhões de barris por dia (bpd) em 2020, o que representa redução de quase 1 milhão de bpd frente à previsão anterior para o ano, sinalizando uma contração de 90 mil bpd. Seria a primeira queda na demanda desde 2009.
A IEA, com sede em Paris, disse em relatório com projeções de médio prazo que em um cenário extremo, no qual governos não conseguiriam conter a disseminação do coronavírus, o consumo poderia cair em até 730 mil bpd.
O vírus, que já impactou mais de 100 mil pessoas, levou a uma queda acentuada na produção industrial, principalmente na China e outras economias da Ásia, assim como na Itália.
O diretor executivo da IEA, Fatih Birol, pediu que produtores tenham "comportamento responsável" em meio à crise do coronavírus, após o colapso de um acordo para restrição de oferta entre Opep, Rússia e outros produtores na semana passada, que levou à derrocada dos preços nesta segunda-feira.
"Em um momento desses, de incerteza e potencial vulnerabilidade da economia global... jogar roleta russa com os mercados de petróleo pode ter consequências graves", disse Birol a jornalistas.
Birol disse que preços baixos podem colocar importantes países produtores, como Iraque, Angola e Nigéria, sob "enormes" dificuldades financeiras, alimentando pressões sociais.
A IEA disse ainda que, após o choque de demanda em 2020, o consumo de petróleo provavelmente voltaria forte e subiria 2,1 milhões de bpd em 2021.