Com "muita besteira" dólar pode ir a R$ 5, diz Guedes, que fala em erro do IBGE no cálculo do PIB

Publicado em 05/03/2020 16:41

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuiu nesta quinta-feira a alta do dólar para os patamares recentes aos efeitos do coronavírus, à desaceleração econômica e à cobertura da imprensa sobre "choques" entre Executivo e Legislativo e rechaçou questionamentos sobre eventual erro do governo ao prever o PIB do ano passado, dizendo que o IBGE comete erros e que a economia pode ter crescido 1,4% em 2019.

Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de a cotação do dólar chegar a 5 reais, Guedes disse que caso "muita besteira" seja feita, esse patamar pode ser alcançado.

"Se o presidente pedir para sair, se o presidente do Congresso pedir para sair... se todo mundo pedir para sair... se todo mundo falar que... entende... se tiver... bom, às vezes eu faço algumas brincadeiras de professor e isso vira coisa errada", disse Guedes.

"É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível (5 reais). Se fizer muita coisa certa, ele pode descer", completou, em conversa com jornalistas após participar de evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Guedes repetiu que o país mudou seu modelo econômico e usou agora uma nova metáfora: "Agora o modelo é 4x4, tração nas quatro rodas. Juro caiu de 15% para 4%. Câmbio que era R$1,80 subiu para R$4", afirmou.

Perguntado sobre se a alta do dólar para os níveis atuais preocupa, Guedes respondeu: "Quando sobe rápido preocupa, por isso o BC atua", lembrando ainda que as reformas econômicas ainda não foram integralmente implementadas.

Considerando um ambiente "normal" de demanda do investidor por "hedge" no dólar, Guedes disse que quem quiser remeter dinheiro para o exterior pode remeter. "O BC está vendendo, está provendo alguma liquidez e está tudo bem. Não tem nada de errado. É um câmbio flutuante. Por isso o BC vende um pouco (de dólar), para não deixar subir rápido demais."

Guedes citou que a implementação das reformas pode ajudar a baixar o dólar e citou a cobertura da imprensa nesse contexto.

"Como estamos confiantes que o Congresso vai apoiar a reforma, como estamos confiantes que o presidente apoia as reformas e está mandando as reformas, como estamos confiantes que a mídia vai entender que o Brasil está mudando para melhor, é uma questão de tempo, quem sabe se vocês estiverem menos nervosos daqui a um mês e vendo as mudanças econômicas que estão acontecendo quem sabe o dólar acalma", disse o ministro.

IBGE

Guedes rejeitou questionamentos sobre o crescimento da economia em 2019 ter ficado abaixo do previsto no começo do ano passado e disse que, se o IBGE mantiver os "30% de erro que ele faz todo ano", o PIB deverá ter crescido 1,4%, e não 1,1% como divulgado na véspera.

"O que saiu foi uma primeira estimativa para 1,1%. Se o IBGE mantiver os 30% de erro que ele faz todo ano, quem sabe vai subir para 1,4% com essa margem de erro", afirmou.

Perguntado, Guedes disse que estimativas acima de 2% eram da Secretaria de Política Econômica (SPE) --que faz parte do Ministério da Economia.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar volta a subir ante o real com mercado de olho no Oriente Médio
Ibovespa fecha em queda com ajuste em Vale e receios fiscais
Taxas futuras de juros sobem com alta dos yields dos Treasuries e receios com o fiscal
Ações europeias caem conforme nervosismo sobre Oriente Médio reduz apetite por risco
Wall Street recua com dados econômicos e conflito no Oriente Médio em foco
Ibovespa recua mais de 1% com fiscal no radar e queda de Vale