Bolsonaro desafia mostrar vídeo onde incita manifestação contra o Congresso
Bolsonaro diz que vai pedir boicote de empresários a jornais ‘que mentem o tempo todo’ (O Antagonista)
Em sua live de hoje, Jair Bolsonaro disse que, numa reunião que terá na Fiesp em março, vai pedir a empresários que não anunciem em jornais e revistas “que mentem o tempo todo e trabalham contra o governo”. Citou especificamente a Folha de S.Paulo e a Época.
“Se o governo der errado, toda a economia do Brasil vai sofrer. Vocês não podem dar dinheiro para uma mídia que mente o tempo todo. Tem boas revistas e jornais no Brasil, tem. Vale em cima dessa imprensa que são isentas [sic], que fala a verdade, que estão ajudando o Brasil. Agora, quando você anuncia numa Folha de S.Paulo, por exemplo, vocês estão ajudando o Brasil a afundar. Que eles só querem o tempo todo me derrotar, falam até em impeachment.”
O presidente também falou que vai lembrar os empresários da medida provisória que dispensava as empresas de publicarem balanços nos jornais e que caducou no Congresso.
“O empresariado gasta por ano no Brasil aproximadamente R$ 1,2 bilhão com jornal em papel. A gente não está contra jornal. Eu quero que o empresariado, ao gastar menos, o seu produto fique mais barato na ponta da linha para você comprar aí. Isso é desregulamentar, desburocratizar, é tirar o Estado de cima do cangote de quem produz.”
Ele disse que o “grande erro” que apontam contra o governo é não gastar R$ 1 bilhão por ano com publicidade estatal.
“Estamos gastando, talvez, por volta de 10% disso. Por não gastar dinheiro com parte dessa mídia podre que nós temos, esses ataques o tempo todo, escrevendo besteiras sobre o nosso governo”, afirmou.
Na live, o presidente também afirmou que o vídeo que enviou a aliados pelo WhatsApp não era contra o Congresso e o STF.
Disse que prints de celular vazados à imprensa referiam-se a um vídeo de convocação para manifestação que ocorreu no dia 15 de março de 2015 — quando a população foi às ruas para pedir o impeachment de Dilma Rousseff.
Em live, Bolsonaro pede serenidade e afirma que respeita os Poderes (Agência Brasil)
O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje (27), durante sua live semanal no Facebook, que não está estimulando protestos contra o Congresso Nacional e o Judiciário, e pediu "serenidade" e "responsabilidade". Ele refutou informações, veiculadas nos últimos dias, pela imprensa, de que estaria apoiando atos previstos para o próximo dia 15 de março, e que teriam, entre as pautas anunciadas, de acordo com as notícias, pedidos de fechamento do Legislativo e do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu não vi nenhum presidente de Poder falar sobre essa questão do dia 15, que eu estaria estimulando um movimento contra o Congresso e contra o Judiciário, não existe isso. Não falaram porque não existe isso. Agora, nós não podemos nos envenenar com essa mídia podre que nós temos aí, em grande parte, podre que nós temos ai. Eu apelo a todo mundo, serenidade, patriotismo, responsabilidade, verdade. Nós podemos mudar o destino do Brasil. Não vou falar bem do meu governo, você que julga na ponta da linha. Pode ter certeza que, cada vez mais, os chefes de Poderes vão se ajustando, porque a nossa união, são quatro homens, quanto mais ajustados nós tivermos, nós juntos podemos fazer um Brasil melhor para 210 milhões de pessoas", afirmou.
Bolsonaro disse que respeita os Poderes e que quer ver os projetos enviados pelo governo sendo votados no Congresso Nacional. Segundo ele, como boa parte das suas iniciativas depende do Legislativo, ele acaba sendo cobrado pela população mais do que os parlamentares. "Não existe qualquer crítica a Poderes, agora eu tenho que dar uma satisfação porque na ponta da linha o povo cobra muito mais de mim do que do Legislativo ou do Judiciário".
GLO no Ceará
Sobre o decreto de Garantia da Lei e da Ordem no Ceará, que expira amanhã (28), Bolsonaro afirmou que cabe ao governador do estado resolver o impasse com a Polícia Militar cearense, e ressaltou que o uso da medida deve ser apenas emergencial. Ele aproveitou para pedir apoio de governadores e do Congresso na aprovação do projeto de lei que flexibiliza o conceito de excludente de ilicitude para agentes de segurança durante operações desse tipo. "O que eu pretendo do Parlamento brasileiro, para eu poder ter tranquilidade para assinar GLO, porque nesse momento eu não tenho tranquilidade, nós queremos atender os governadores, mas os governadores tem que ter ciência de que precisam nos apoiar para que o parlamento vote o excludente de ilicitude."
Na segunda-feira (24), uma comitiva integrada pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da Defesa, Fernando Azevedo, e da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, visitou o estado e se reuniu com diversas autoridades locais. Além dos militares, policiais rodoviários federais e a Força Nacional também atuam na segurança ostensiva no estado, a pedido do governo cearense.
As medidas foram adotadas após a paralisação de policiais militares, que estão amotinados em quartéis e batalhões reivindicando melhores condições de trabalho e reajuste salarial. O motim começou no dia 18 e, desde então, ao menos 170 pessoas foram assassinadas no Ceará, entre homicídios dolosos (quando há intenção de matar), feminicídios e latrocínios (furto seguido de morte).
Legalmente, policiais militares são proibidos de fazer greve, motivo pelo qual os protestos da categoria são classificados como motim. No dia 21, o governo cearense instaurou inquéritos e afastou por 120 dias 167 policiais militares que participam da paralisação. Os agentes devem entregar identificações funcionais, distintivos, armas, algemas, além de quaisquer outros itens que os caracterizem nas suas unidades e ficarão fora da folha de pagamento a partir deste mês de fevereiro.