Partidas do Campeonato Italiano são canceladas na Itália após surto de coronavírus

Publicado em 23/02/2020 17:17

ROMA (Reuters) - Quatro partidas da Serie A, o Campeonato Italiano, mais uma partida de rúgbi feminino internacional, foram adiadas neste domingo por conta do surto de coronavírus no norte da Itália.

O governo italiano ordenou no sábado que Inter de Milão x Sampdoria, Atalanta x Sassuolo e Verona x Cagliari fossem cancelados, sem indicação de nova data para reagendamento dos jogos.

No domingo, a partida do Torino contra o Parma em casa também foi cancelada, disse o clube, enquanto o jogo de rúgbi union feminino entre Itália e Escócia, parte do torneio Six Nations, a ser disputado em Legnano, na região da Lombardia, também acabou adiado, confirmou a federação escocesa de rúgbi.

Com isso, apenas duas partidas da Serie A são disputadas neste domingo: Genoa x Lazio em Gênova e Roma x Lecce em Roma.

A Itália está lutando contra o pior surto de coronavírus registrado na Europa, com ao menos três mortes no norte do país desde a última sexta-feira, e mais 150 infecções.

Procurando prevenir o contágio, o governo interditou eventos públicos nas áreas mais afetadas e fechou escolas e universidades. A região da Lombardia inclui Milão, e Turim fica a apenas 150 km dali, em Piemonte.

Giovanni Malago, chefe do Comitê Olímpico Italiano (CONI), admitiu que será difícil reagendar as partidas mas lembrou que isso é secundário frente a um caso de saúde pública.

"A saúde dos atletas e de todos os cidadãos vêm em primeiro lugar", disse ele à emissora Sky Sports Itália. "O mundo do esporte não deve trilhar seu próprio caminho, e sim obedecer o que dizem as autoridades e o governo."

Malago disse que a ideia da Inter jogar no San Siro com portões fechados chegou a ser considerada, mas "houve problemas ligados a você ter 70 mil pessoas com ingressos comprados e o potencial de desordem pública caso algumas pessoas se dirigissem ao estádio."

A Inter, que está na terceira colocação do Campeonato Italiano, deve receber o time búlgaro Ludogorets Razgrad em partida de volta das oitavas-de-final da Liga Europa na próxima quinta-feira, uma partida que já corre riscos de não ser realizada.

O jornal Gazzetta dello Sport afirmou que o jogo pode acontecer com portões fechados.

O Napoli vai receber o Barcelona em partida de ida das oitavas-de-final da Champions League na terça-feira, mas não há indícios de que a partida esteja sob ameaça.

A Federação Italiana de Futebol (FIGC) disse neste domingo que montou uma força-tarefa para analisar a situação.

Itália luta contra "explosão" de casos do coronavírus, após terceira morte registrada

MILÃO (Reuters) - A Itália fez um enorme mutirão neste domingo para conter o maior surto de coronavírus da Europa, isolando as cidades mais afetadas e proibindo eventos públicos em grande parte do norte do país, depois que um terceiro paciente morreu vítima da doença.

Autoridades das regiões abastadas da Lombardia e do Vêneto, que são o ponto focal da crise, ordenaram que escolas e universidades fechassem por pelo menos uma semana, além de interditar museus e cinemas e cancelar os últimos dois dias do Carnaval de Veneza.

A unidade de proteção civil informou que o número de casos do vírus altamente contagioso chegou a 152. E todos eles, com exceção de três, apareceram desde a última sexta-feira.

"Fiquei surpreso com essa explosão de casos", disse o primeiro-ministro Giuseppe Conte à emissora estatal RAI, alertando que os números provavelmente aumentarão nos próximos dias. "Faremos tudo o que pudermos para conter o contágio", disse ele.

A morte mais recente foi de uma mulher idosa na cidade de Crema, cerca de 45 km a leste da capital financeira da Itália, Milão. Como pelo menos uma das outras pessoas que morreram, ela vinha sofrendo de sérios problemas de saúde subjacentes, disseram autoridades.

O número de casos certificados da doença na Lombardia subiu de 54 para 110 no dia anterior, enquanto no Vêneto cerca de 21 pessoas foram diagnosticadas com o vírus, incluindo duas em Veneza, que estava lotada de turistas para o carnaval.

As autoridades de saúde relataram casos isolados nas regiões vizinhas do Piemonte e da Emília Romana.

Quase uma dúzia de cidades na Lombardia e no Vêneto, com uma população combinada de cerca de 50.000, foram efetivamente colocadas em quarentena, com os moradores locais instados a ficar em casa e com permissão especial necessária para entrar ou sair das áreas designadas.

Em Milão, os moradores correram para estocar itens essenciais, enquanto alguns pais decidiram levar seus filhos para fora da cidade.

"Hoje é loucura. Parece que estamos em Bagdá. Não podemos reabastecer as prateleiras com rapidez suficiente", disse uma assistente de loja do supermercado Esselunga Solari em Milão, recusando-se a dar seu nome porque não estava autorizada a falar com o meios de comunicação.

'PACIENTE ZERO'

A Lombardia e o Vêneto juntos representam 30% da produção doméstica bruta da Itália. Qualquer interrupção prolongada provavelmente terá um sério impacto em toda a economia, que já está perto da recessão.

O turismo certamente terá um impacto imediato, com escolas em todo o país cancelando viagens, incluindo os feriados prolongados para esqui.

As autoridades de saúde estão tentando descobrir como começou o surto no norte italiano.

A suspeita inicial na Lombardia recaiu sobre um empresário recentemente retornado da China, o epicentro do novo vírus, mas seu exames deram resultado negativo. No Vêneto, os médicos testaram um grupo de oito visitantes chineses que estiveram na cidade que abrigou a primeira fatalidade, mas, novamente, mostraram resultados negativos.

"Estamos (agora) ainda mais preocupados, porque se não conseguimos encontrar o 'paciente zero', significa que o vírus é ainda mais onipresente do que pensávamos", disse Zaia.

Antes de sexta-feira, a Itália havia relatado apenas três casos do vírus - todos eles pessoas que chegaram recentemente da cidade chinesa de Wuhan, onde a doença surgiu no final do ano passado.

Fonte: Reuters

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