Novos casos de coronavírus caem na China, mas temor de disseminação global cresce

Publicado em 22/02/2020 19:12

PEQUIM (Reuters) - A China relatou neste sábado uma aguda queda em novos casos e em mortes pelo coronavírus, mas oficiais de saúde alertam que ainda é muito cedo para previsões sobre o surto, enquanto novas infecções continuam a crescer em outros países.

As autoridades chinesas informaram que a parte continental do país teve 397 novos casos confirmados na sexta-feira, em comparação a 889 um dia antes. Os números, no entanto, cresceram em outros lugares. Os surtos na Coreia do Sul, Irã, Itália e Líbano pioraram. 

Na Coreia do Sul, autoridades disseram que o número de novas infecções, neste sábado, dobrou para 433 e indicaram que o total poderia crescer significativamente porque mais de 1.000 pessoas que estiveram em uma igreja no centro do surto relataram sintomas parecidos com os da gripe. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu bem a queda de novos casos chineses, mas afirmou que estava preocupada com o número de novas infecções em outros locais, sem que houvesse uma ligação clara com a China, como um histórico de viagens ou contatos com casos confirmados. 

"Nossa principal preocupação continua sendo o potencial do COVID-19 (o novo vírus) se espalhar em países com sistemas de saúde mais frágeis", afirmou o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. 

A agência da ONU está pedindo 675 milhões de dólares em apoio para os países mais vulneráveis, afirmou, acrescentando que 13 países na África são vistos como prioridade, pelas suas ligações com a China. 

No total, a China relatou 75.569 casos e 2.239 mortes à OMS, disse Tedros. Segundo dados disponíveis, a doença permanece moderada em 80% dos pacientes e grave ou crítica em 20%. O vírus foi fatal em 2% dos casos relatados. 

A doença já se espalhou por 26 países e territórios fora da China continental, matando 13 pessoas, segundo contagem da Reuters. 

Os últimos números da China mostraram que apenas 31 dos novos casos de sexta-feira foram fora do epicentro do vírus, na província de Hubei, a menor soma desde que a Comissão Nacional de Saúde começou a compilar dados nacionais, um mês atrás. 

No entanto, novas descobertas, embora isoladas, sobre o coronavírus podem complicar os esforços para controlá-lo, incluindo o anúncio do governo de Hubei, neste sábado, de que um homem idoso demorou 27 dias para mostrar sintomas após a infecção, o dobro do período de incubação presumido de 14 dias. 

Isso aconteceu depois de cientistas chineses relataram que uma mulher de Wuhan havia viajado 675 km e contagiado cinco parentes sem mostrar sinais da infecção. 

Coronavírus reduzirá 0,1 ponto percentual do crescimento global, diz FMI

RIAD (Reuters) - O surto de coronavírus no mundo provavelmente reduzirá o crescimento econômico da China este ano para 5,6%, uma queda de 0,4 ponto percentual em relação às perspectivas de janeiro, e 0,1 pontos percentual em relação ao crescimento global, informou o FMI no sábado.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, apresentou as perspectivas para os chefes de bancos centrais e ministros das finanças das 20 maiores economias do mundo reunidas em Riad neste final de semana, e onde a epidemia foi um dos pontos centrais da discussão. No entanto, acrescentou Georgieva, o FMI continua analisando a possibilidade de cenários mais difíceis

A China, que não enviou altos funcionários para a reunião do G20 por causa da crise do vírus, relatou uma queda acentuada em novas mortes e casos no sábado. Mas as autoridades mundiais de saúde alertaram que era muito cedo para fazer previsões sobre o surto, à medida que novas infecções continuavam a aumentar em outros países.

"No cenário atual, as políticas anunciadas estão sendo implementadas e a economia da China retornaria ao normal no segundo trimestre. Como resultado, o impacto na economia mundial seria relativamente menor e de curta duração", disse Georgieva. "Mas também estamos analisando cenários mais difíceis, onde a propagação do vírus continua por mais tempo e globalmente, e as conseqüências no crescimento serão mais prolongadas".

A China disse que ainda pode atingir sua meta de crescimento econômico para 2020, apesar da epidemia.

O mais recente esboço de comunicado da reunião do G20 dá menos destaque ao surto de coronavírus como um risco de crescimento, dizendo apenas que o G20 "melhoraria o monitoramento global de riscos, incluindo o recente surto de COVID-19", a sigla médica para o coronavírus.

Georgieva informou ainda que as autoridades chinesas estão trabalhando para mitigar o impacto negativo na economia com medidas de crise, provisão de liquidez, medidas fiscais e apoio financeiro.

"Enquanto o impacto da epidemia continua se desenrolando, a avaliação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que, com medidas fortes e coordenadas, a disseminação do vírus na China e no mundo ainda pode ser contida, assim como a tragédia humana", disse ela.

O surto de coronavírus pode restringir a demanda por petróleo na China, que registrou mais de 2.000 mortes, e em outros países asiáticos, deprimindo ainda mais os preços do petróleo, informou nesta sexta-feira o órgão da indústria do Instituto de Finanças Internacionais (IIF).

Georgieva disse que a cooperação global é essencial para a contenção do vírus e seu impacto econômico, principalmente se o surto se mostrar mais persistente e disseminado. Segundo a diretora, é imperativo reconhecer o risco potencial para estados e países frágeis e com sistemas de saúde fracos, acrescentando que o FMI está pronto para fornecer subsídios para o alívio da dívida a seus membros mais pobres e vulneráveis.

EUA tentam bloquear menção a mudanças climáticas como risco para economia em comunicado do G20

RIAD (Reuters) - Os Estados Unidos foram contrários a menções às mudanças climáticas no comunicado dos líderes financeiros do mundo, disseram diplomatas do G20, depois que um novo rascunho da declaração conjunta mostrou que o G20 analisa incluir a questão como fator de risco para o crescimento.

Ministros das finanças e chefes de bancos centrais das 20 maiores economias do mundo (G20) estão discutindo os principais desafios econômicos globais neste final de semana em Riad, concentrando-se nas perspectivas de crescimento e novas regras para tributar as empresas digitais globais.

O G20 espera uma recuperação modesta no crescimento global este ano e no próximo, mas observou riscos negativos para essa perspectiva decorrentes de "tensões comerciais geopolíticas e remanescentes, incerteza política e risco macroeconômico relacionados à sustentabilidade ambiental".

O último comunicado preliminar dá menos destaque ao surto de coronavírus como risco de crescimento, dizendo apenas que o G20 "melhoraria o monitoramento global de riscos, incluindo o recente surto de COVID-19", a sigla médica para o coronavírus.

Fontes informaram à Reuters que os Estados Unidos relutam em aceitar a linguagem das mudanças climáticas como um risco para a economia.

"Normalmente, a China também bloqueia, mas como eles são representados em níveis mais baixos, são principalmente os EUA", disse um diplomata do G20.

"O clima é o último ponto difícil do comunicado. Ainda não há acordo", disse uma segunda fonte familiarizada com as negociações.

Fonte: Reuters

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