Cidade sul-coreana fica deserta depois de "supercontágio" de coronavírus em igreja

Publicado em 20/02/2020 20:54

SEUL/PEQUIM (Reuters) - As ruas da quarta maior cidade da Coreia do Sul ficaram desertas nesta quinta-feira, e os moradores se refugiaram dentro de casa depois que dezenas de pessoas contraíram o coronavírus no que foi descrito pelas autoridades como um "evento de supercontágio" em uma igreja.

Os shopping centers e cinemas desertos de Daegu, cidade de 2,5 milhões de habitantes, se tornaram uma das imagens mais impactantes fora da China de um surto que autoridades internacionais estão tentando impedir de se tornar uma pandemia global.

Novas pesquisas que indicaram que o vírus é mais contagioso do que se pensava inicialmente aumentaram o alarme. Na China, onde o vírus já matou mais de 2.100 pessoas, autoridades mudaram a metodologia usada para relatar infecções, criando novas dúvidas sobre dados que citaram como prova de que sua estratégia está funcionando.

O prefeito de Daegu, Kwon Young-jin, orientou os moradores a ficarem em casa depois que 90 pessoas que participavam de um culto na Igreja de Jesus o Templo do Tabernáculo do Testemunho mostraram sintomas de infecção e dezenas de casos novos foram confirmados.

Uma mulher de 61 anos que foi diagnosticada, conhecida como "paciente 31", esteve na igreja, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia descreveu o surto local como um "evento de supercontágio".

"Estamos em uma crise inédita", disse Kwon aos repórteres, acrescentando que todos os membros da igreja serão examinados. "Pedimos a eles que fiquem em casa, isolados de suas famílias."

Descrevendo as ruas vazias, o morador Kim Geun-woo, de 28 anos, disse à Reuters por telefone: "É como se alguém tivesse soltado uma bomba no meio da cidade. Parece um apocalipse zumbi."

Atualmente, a Coreia do Sul tem 104 casos confirmados da doença semelhante à gripe, e registrou sua primeira morte.

Cientistas da China que estudaram material coletado de nariz e garganta de 18 pacientes infectados com o vírus disseram que ele se comporta muito mais como a influenza do que outros vírus bastante relacionados, insinuando que ele pode se disseminar mais facilmente do que se acreditava.

Em ao menos um caso, o vírus estava presente apesar de o paciente não ter sintomas, indicando que pacientes assintomáticos podem propagar a doença, escreveram elas nas conclusões preliminares publicadas no periódico científico New England Journal of Medicine.

Novo coronavírus pode existir por um longo tempo, diz especialista chinês

Beijing, 20 fev (Xinhua) -- É possível que a doença do novo coronavírus (COVID-19) possa existir por um longo período como a gripe, disse um especialista chinês em respiração.

Em 2003, o SARS desapareceu tão rapidamente quanto emergiu. A COVID-19 será diferente?

Em uma entrevista para a Televisão Central da China na noite de quarta-feira, Wang Chen, vice-presidente da Academia Chinesa de Engenharia, disse que, como o SARS tem uma forte transmissibilidade e patogenicidade, é difícil para o vírus sobreviver e continuar se espalhando entre as pessoas. Se o vírus mata o hospedeiro, ele também desaparece.

No entanto, é possível que a COVID-19 se transforme em uma doença de longa duração como a gripe, destacou Wang.

"Devemos estar preparados para isso", disse Wang, enfatizando a necessidade de estudar as características biológicas do vírus e fazer os arranjos correspondentes em prevenção e tratamento clínico, além de outras medidas preventivas na produção e vida diária.

Ele enfatizou o importante papel da pesquisa científica no conhecimento da COVID-19 e na prevenção e controle do vírus.

China confirma 394 novos casos de infecção pelo novo coronavírus e 114 novas mortes

Beijing, 20 fev (Xinhua) -- A Comissão Nacional de Saúde disse nesta quinta-feira que foram confirmados 394 novos casos de infecção pelo novo coronavírus e 114 mortes na quarta-feira nas 31 regiões de nível provincial e no Corpo de Produção e Construção de Xinjiang na China.

Entre as mortes, 108 ocorreram na Província de Hubei e uma em Hebei, Shanghai, Fujian, Shandong, Yunnan e Shaanxi, respectivamente.

Casos em Hubei aumentam para 411 nesta quinta, 20 de fevereiro

PEQUIM (Reuters) - A província de Hubei, na região central da China, teve 411 novos casos confirmados de infecção por coronavírus na quinta-feira, informou a comissão de saúde da província na sexta-feira (horário local), ante 349 casos no dia anterior.

O leve aumento nos casos reverteu três dias de quedas.

Isso eleva o número total acumulado de casos confirmados em Hubei para 62.442.

O número de mortos em Hubei com o surto atingiu 2.144 no final da quinta-feira, um aumento de 115 em relação ao dia anterior.

Um paciente que se recuperou da pneumonia do novo coronavírus acena para pessoas antes de receber alta do Hospital Popular em Tengchong, Província de Yunnan, sudoeste da China, em 19 de fevereiro de 2020. (Foto por Guan Zhiqin/Xinhua).

Mercado de jogos para celular esquenta em meio à florescente economia de ficar em casa

Beijing, 20 fev (Xinhua) -- A resiliência inata da economia chinesa, bem como o uso de ajustes anticíclicos, ajudarão o país a manter um crescimento estável, apesar do surto do novo coronavírus, afirmou Lian Ping, economista-chefe do Banco de Comunicações.

O surto pode exercer uma pressão descendente de curto prazo sobre o consumo e o investimento, mas não mudará os sólidos fundamentos econômicos do país, disse Lian em entrevista à Xinhua.

Em 2019, a economia chinesa se manteve estável no geral, com sinais otimistas nos setores de manufatura, varejo, comércio exterior e financiamento, prenunciando um crescimento estável a longo prazo, assinalou Lian.

Segundo ele, embora a epidemia tenha prejudicado indústrias como turismo, catering e entretenimento, um rápido crescimento foi registrado em setores emergentes como compras online, trabalho, aprendizagem, treinamento e serviços de saúde.

Lian também observou que o consumo terá uma recuperação assim que o surto terminar e as demandas reprimidas forem liberadas, beneficiando a indústria terciária.

Além disso, o país tem espaço político suficiente para manter o crescimento estável, acrescentou.

O Ministério das Finanças alocou até agora 1,85 trilhão de yuans (US$ 264,2 bilhões) de novos títulos do governo local antes do previsto para este ano para fortalecer a economia.

O banco central injetou um valor superior à previsão de 1,7 trilhão de yuans via recompras reversas (reverse repos) no mercado nos primeiros dois dias após o feriado da Festa da Primavera, demonstrando sua determinação de estabilizar as expectativas e impulsionar a confiança do mercado.

Lian sugeriu que o país fortaleça a política fiscal proativa e mantenha uma liquidez suficiente para ajudar as pequenas e microempresas a superar essa difícil fase.

Ao mesmo tempo, são necessários um suporte financeiro direcionado e taxas de juros mais baixas para aliviar a carga sobre a economia real, avaliou ele.

"O pessimismo sobre o impacto da epidemia no crescimento de longo prazo da China não se sustenta", disse Lian.

 

Fonte: Reuters/Xinhua

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