Minerva espera em 2020 desempenho melhor do que no ano anterior
A Minerva Foods tem condições de conseguir, no ano de 2020, um desempenho melhor do que o de 2019 em decorrência das mudanças no cenário global. "Em 2019, o quarto trimestre foi o único com capacidade máxima aprovada para exportar à China - e não incluiu as autorizações para a Indonésia, aonde vamos começar a exportar este ano", disse o diretor Financeiro da companhia, Edison Ticle, após a companhia divulgar os resultados financeiros referentes ao quarto trimestre de 2019.
O CEO, Fernando Galleti de Queiroz, destacou também os fundamentos macroeconômicos. "Há mudança de hábito no sudeste asiático, onde estão focando em alimentação mais ocidentalizada e o consumo de carne bovina vem crescendo", afirmou. "Além disso, a peste suína africana cria uma lacuna de produção na China que será coberta com importações e alguma produção local de outras proteínas. A peste suína africana não está sanada e nem controlada; ainda não há cura ou vacina", completou.
Ele também destacou a Austrália, grande produtora de carne bovina e fornecedora para a Ásia, onde espera-se quebra na produção na casa de 18% este ano. "Com isso, o gap da China deve ser suprido principalmente pela América do Sul." Ticle concluiu: "Se juntar esses fatores, faz sentido pensar que 2020 será melhor do que 2019. Possivelmente, próximo das métricas que vimos no quarto trimestre de 2019".
Quanto ao coronavírus, que vem prejudicando a atividade econômica na China, Galleti disse que tem havido redirecionamento temporário para outros mercados do que costumava ser embarcado para a China. Com isso, de acordo com o executivo, não deve haver queda nas exportações totais dos primeiros meses de 2020 - ele destacou que a Secretaria Especial de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia mostrou que até a segunda semana de fevereiro deste ano, a média diária no volume de carne bovina in natura exportado aumentou na comparação com janeiro, assim como a média diária de receita. No entanto, o preço médio por tonelada recuou 7,3% na mesma comparação.
Em relação aos embarques para a China, os executivos afirmaram que os volumes enviados no mês de fevereiro podem recuar, mas devem se recuperar em março. "Por causa do feriado de ano novo, a China consumiu todos os estoques internos. E em decorrência das restrições de transporte, o que estava nos portos ainda não foi transportado para dentro do mercado - não está nas mãos de fábricas, processadoras ou distribuidoras", disse Galleti. "Vemos movimento gradual de retirada dos contêineres que deve se normalizar em um mês, um mês e meio."
O gigante asiático, segundo o CEO, continua sendo o grande destino da empresa. "Com ou sem coronavírus, a China é um grande destino. Ser um dos principais players na China é um dos nossos objetivos", disse. No momento, pouco mais de 50% da capacidade total de abate da empresa está habilitada a ser embarcada para a China. Além disso, em outubro, a companhia anunciou a criação de joint venture com a empresa chinesa Joeyfood, com foco em importação e distribuição de carne bovina no país.
Quanto à recente autorização da China para importação de carne dos Estados Unidos, o executivo destacou dois fatores: o país norte-americano não poderá usar hormônio na produção do produto embarcado para o país e o preço de produção nos EUA pode aumentar em decorrência da fase 1 do acordo com a China, que tende a impulsionar preços de grãos norte-americanos.
Já no Brasil, de acordo com Galleti, a tendência é contrária: "Hoje, a chuva está positiva, então o animal custa pouco para o produtor. Está ganhando peso no pasto".
Dividendos
O CEO da Minerva afirmou que a empresa quer se tornar pagadora de dividendos. A companhia destaca, em comunicado, que o Conselho de Administração aprovou mudança no pagamento de dividendos: sempre que a alavancagem encerrar o ano em 2,5 vezes ou menos, o pagamento aumenta.
A redução do endividamento também é objetivo da companhia. Ticle afirmou que o capital conseguido no follow on completado em janeiro vai inteiramente para pagamento de dívidas, especialmente as de curto prazo, com vencimento nos primeiro e segundo trimestres de 2020.