Bancada ruralista apoia autonomia do BC, mas ainda não fecha questão, diz deputado

Publicado em 18/02/2020 14:56

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) apoia o projeto de autonomia formal do Banco Central, mas não fechou questão sobre o voto favorável à iniciativa, afirmou nesta terça-feira o vice-presidente na Câmara dos Deputados da frente, Sérgio Souza (MDB-PR).

A FPA conta com 247 deputados e 40 senadores, sendo cosiderada uma bancada de peso nas duas Casas do Congresso.

Souza falou a jornalistas após almoço realizado na sede da frente com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O deputado avaliou que a autonomia conferirá maior estabilidade aos preços e negócios futuros, o que é importante para o setor agropecuário.

Ele também afirmou que o prazo para apreciação do projeto de autonomia que está na Câmara -- texto que conta com o apoio do Executivo -- ainda será definido pelo presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas que a expectativa é que seja votado após o carnaval.

Segundo Souza, os parlamentares também apresentaram suas demandas ao presidente do BC, incluindo o apelo por um spread mais baixo e por juros subsidiados também menores, num contexto de Selic em sua mínima histórica.

"Nós estamos com juro médio de 8% a 9% para o agronegócio, enquanto a Selic está em 4,25%. Isso não cabe mais dentro do bolso do produtor", disse.

"Vamos levar uma proposta de juro bem menor para o nosso agronegócio", acrescentou ele, sem detalhar percentuais.

Mais tarde, o relator do projeto de autonomia na Câmara, deputado Celso Maldaner (MDB-SC), disse que o fechamento formal de questão será debatido na primeira reunião da FPA após o carnaval.

Após o Senado aprovar na CAE outro projeto de autonomia do BC, Maldaner disse que a Câmara é que será protagonista no tema.

Em apresentação a parlamentares nesta terça-feira, Campos Neto voltou a defender a autonomia, citando dado que aponta que a autonomia de bancos centrais aumenta em 50% as chances de um país ter inflação baixa, sem prejuízo à atividade econômica.

Segundo Campos Neto, há consenso entre pesquisadores sobre o tema. A apresentação foi divulgada pela assessoria da autarquia.

CRÉDITO COOPERATIVO

No encontro, Campos Neto também falou sobre a reforma da lei complementar 130, para fomento ao crédito cooperativo por meio do chamado empréstimo sindicalizado, além de aprimoramento da organização sistêmica e aumento da eficiência do segmento e melhoria de gestão e governança.

Segundo apresentação do presidente do BC, a meta para 2022 é que as cooperativas respondam por 20% do crédito, ante percentual de 9% em outubro de 2019.

No documento, Campos Neto expôs que, enquanto bancos tradicionais sofreram com a crise financeira de 2008 e com a recessão no país em 2015 e 2016, com o BC tendo que reestruturar 20% das instituições financeiras, as intervenções no cooperativismo representaram menos de 0,5% do segmento.

Na avaliação do BC, as cooperativas apresentaram crescimento expressivo e sustentável e, olhando adiante, contam com "grande potencial de crescimento na própria base".

Fonte: Reuters

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