Mortes causadas por coronavírus aumentam e China encara mais restrições na fronteira
XANGAI (Reuters) - O número de mortes causadas pela epidemia de coronavírus cresceu em 46 para 259 na China, afirmou a autoridade sanitária do país neste sábado e Estados Unidos e outras nações anunciaram novas restrições na fronteira para estrangeiros que estiveram na China.
A província central de Hubei, centro da epidemia, está praticamente em quarentena, com as estradas fechadas e o transporte público desativado. Em outros locais da China, autoridades colocaram restrições em viagens e atividades econômicas.
Nos últimos números, a Comissão de Saúde Nacional da China afirmou que houve 2.102 novas infecções confirmadas no país, levando o total para 11.791. Por volta de duas dúzias de outros países relataram 137 casos.
Os dados chineses sugerem que o surto de coronavírus é menos fatal o que o surto de 2002/03 de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que matou quase 800 pessoas das 8.000 infectadas, embora números como esses possam evoluir rapidamente.
Em Pequim, foram montados balcões nas entradas de conjuntos habitacionais, onde voluntários usando faixas e máscaras vermelhas anotam detalhes de moradores voltando de suas cidades natal, após o feriado do Ano Novo Lunar.
“Enquanto eu estiver protegido e não ir a lugares lotados, eu não temo minha cidade natal ou Pequim”, disse um trabalhador migrante de 58 anos cujo sobrenome é Sun.
Mas outros se mostraran mais preocupados. "Haverá muitas pessoas voltando para a cidade, acho que colocará Pequim sob risco de mais infecções”, disse Zhang Chunlei, 45, outro trabalhador migrante que retornava.
A Organização Mundial de Saúde, que nesta semana declarou o surto como uma preocupação global de saúde pública, disse que restrições ao comércio global e a viagens não são necessárias.
Mas Cingapura e os Estados Unidos anunciaram medidas, na sexta-feira, para proibir a entrada em seus territórios de estrangeiros que estiveram recentemente na China.
EVACUAÇÕES
A Austrália seguiu a mesma linha, com o primeiro-ministro, Scott Morrison, dizendo que o país negará a entrada a todos os estrangeiros viajando da China continental a partir de sábado.
“Estamos na verdade operando com uma abundância de cuidado nestas circunstâncias”, disse Morrison a repórteres, em Sydney. “Para que os australianos possam seguir suas rotinas com confiança.”
As companhias aéreas Qantas Airways e a Air New Zealand afirmaram que proibições de viagens forçaram as empresas a suspender voos diretos da China a partir de 9 de fevereiro. Todas as três maiores companhias aéreas norte-americanas disseram na sexta-feira que cancelarão seus voos que partem da China continental.
Por volta de 10 mil voos foram suspensos desde o surto do novo coronavírus, segundo a empresa de análise de dados de viagem Cirium, ilustrando as preocupações de que haveria uma desaceleração econômica na China e em outros locais.
Muitas nações têm organizado voos fretados para repatriar cidadãos da China e colocá-los em isolamento por aproximadamente duas semanas, período de incubação do vírus. Mais de 300 sul-coreanos retornaram para casa no sábado, e oficiais indonésios afirmaram que por volta de 250 dos seus cidadãos foram retirados de Hubei.
O Reino Unido afirmou que estava retirando alguns funcionários de sua embaixada e de seus consulados na China.
“Caso a situação fique pior no futuro, a habilidade de a embaixada e consulados do Reino Unido de fornecer auxílio a cidadãos britânicos na China pode ser restrita”, disse o governo britânico em um comunicado.
Muitas das caras clínicas privadas cuidando de estrangeiros na China começaram a recusar pessoas com febre, levantando preocupações entre expatriados de que eles terão que depender de instalações locais lotadas.
“Não quero ir a um hospital local com uma dor de garganta e então pegar algo mais sério”, disse a tcheca Veronika Krubner, em Tianjin, que está considerando deixar o país com sua filha de 21 meses.
INTERRUPÇÕES
Infecções aumentaram em duas cidades próximas de Wuhan, levantando preocupações de que novos epicentros estão surgindo, apesar de rígidas restrições de viagens.
Em uma delas, Huanggang, autoridades pediram a moradores que designassem um indivíduo para sair de casa, disse um jornal local. A cidade tem população de aproximadamente 7,5 milhões.
A cidade de Tianjin, no norte, que abriga aproximadamente 15 milhões de pessoas, suspendeu negócios e escolas até segunda ordem.
Embora a OMS tenha elogiado as tentativas da China de conter o vírus, o órgão Defensores dos Direitos Humanos na China, baseado nos EUA, pediu as restrições de movimentos fossem aliviadas e que fosse combatida a discriminação contra moradores de Wuhan e Hubei.
“Direitos humanos não podem ser uma baixa do trabalho do governo para conter o surto de coronavírus que matou quase 200 pessoas e afetou milhões”, disse o grupo.
Ainda assim, os esforços para conter o vírus causaram perturbações e o risco de exacerbar a desaceleração da segunda maior economia do mundo.
O crescimento já havia diminuído no último quarto para apenas 6%, menor marca em 30 anos. O impacto do vírus levou a Capital Economics a diminuir quase pela metade sua estimativa de crescimento do país para o primeiro trimestre, de 5,7% para 3%.
O banco central chinês afirmou que o impacto era temporário e que fundamentos econômicos permanecem sólidos, mas aumentaria o apoio monetário e de crédito, inclusive diminuindo custos de empréstimos para empresas afetadas.
A Apple afirmou neste sábado que fechará todas suas lojas oficiais e escritórios corporativos na China até 9 de fevereiro, a mais recente de uma dezena de grandes empresas, incluindo a sueca IKEA e o Walmart, que restringiram viagens e operações no país devido ao surto.
Paraguai restringe entrada de viajantes vindos da China por surto de coronavírus
ASSUNÇÃO (Reuters) - O Paraguai informou na sexta-feira que suspendeu por tempo indeterminado a emissão de vistos para pessoas que estejam chegando ao país vindas da China, em uma medida de prevenção contra o surto de coronavírus que atinge o país asiático.
O Ministério de Relações Exteriores do Paraguai anunciou a medida em comunicado após a província chinesa de Hebei ter divulgado mais 45 novas mortes, levando o total de vítimas do coronavírus para 249.
Uma série de países da América Central impuseram medidas de restrição de viagem para tentar evitar a disseminação da doença, incluindo o impedimento da entrada de viajantes que visitaram a China recentemente.
O Paraguai não registrou ainda casos confirmados do coronavírus, embora esteja fazendo exames em um homem que visitou uma região próxima de Wuhan, epicentro da contaminação pela doença. Os resultados da análise devem ficar prontos na próxima semana, informou o Ministério da Saúde.
Forças armadas da Rússia vão retirar cidadãos da China, dizem agências
MOSCOU (Reuters) - O exército da Rússia vai retirar cidadãos russos da China por causa do surto de coronavírus, informaram agências de notícias neste sábado.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a retirada vai ocorrer nas regiões mais afetadas pelo surto, publicaram as agências TASS e Interfax.
Peskov disse primeiramente que a retirada começaria neste sábado, mas depois se corrigiu e afirmou que será realizada na segunda e terça-feira.
O ministério da Defesa da Rússia planeja usar cinco aviões para retirar as pessoas da China, informou a agência de notícias RIA.
A vice-premiê, Tatiana Golikova, disse na sexta-feira que a Rússia planejava retirar 600 de seus cidadãos das províncias de Wuhan e Hubei, epicentro do surto de coronavírus na China, e que eles ficarão sob quarentena por 14 dias.
A Rússia já divulgou dois casos de coronavírus e restringiu voos diretos para a China, seu maior parceiro comercial.
Petrobras decide repatriar pessoal na China
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras suspendeu viagens de funcionários para China, Japão e Cingapura por conta do avanço coronavírus e decidiu repatriar empregados que se encontravam em território chinês, informou a companhia neste sábado.
Segundo a empresa, 37 empregados da companhia que se encontravam em missão no território chinês tiveram seu retorno antecipado.
"Vinte e quatro já estão no Brasil ou em voo a caminho. Doze estão com voos marcados até 4 de fevereiro", disse a empresa em nota. "Um dos empregados está de férias fora da China e terá seu voo de retorno alterado para o Brasil", complementou a estatal.
A Petrobras já tinha informado na quarta-feira a suspensão de viagens de pessoal programadas para a China, mas não tinha se manifestado sobre repatriação de funcionários. Na terça-feira, a Vale informou que suspendeu por tempo indeterminado as viagens de negócios para a China, seu principal cliente.
O coronavírus já matou mais de 200 pessoas na China e o Brasil tinha até sexta-feira 12 casos suspeitos, segundo Ministério da Saúde.