Situação do abastecimento de alimentos na China e impactos no Brasil
Beijing, 28 jan (Xinhua) -- O Ministério do Comércio (MC) da China realizou uma videoconferência nesta segunda-feira para informar sobre o abastecimento de necessidades diárias em meio do surto do novo coronavírus. O MC vai promover o monitoramento e controlar com precisão a situação de oferta e procura nos mercados.
É necessário garantir o abastecimento de importantes produtos como grãos, petróleo, carnes, ovos e vegetais, assim como designar um grupo de pontos de entrega de suprimentos de emergência, anunciou a pasta.
China manda 6 mil médicos para Hubei para combate ao vírus
Wu Lingling, enfermeira do Hospital Central do Distrito de Fengxian de Shanghai, despede-se do marido Zhao Kun antes de partir para Wuhan, na Estação Ferroviária Sul de Shanghai, leste da China, em 27 de janeiro de 2020. (Xinhua/Ding Ting)
Beijing, 28 jan (Xinhua) -- A Comissão Nacional de Saúde (CNS) revelou nesta terça-feira que a China já mandou cerca de 6 mil trabalhadores médicos provenientes de todo o país para a Província de Hubei, para o combate ao surto do novo coronavírus.
Cerca de 4.130 profissionais de saúde, em 30 equipes, já chegaram e começaram a trabalhar, revelou o oficial da CNS, Jiao Yahui, em uma conferência de imprensa realizada em Beijing, acrescentando que mais 1.800 trabalhadores médicos chegarão até o final desta terça-feira.
As primeiras equipes foram enviadas de Shanghai e Guangdong na última sexta-feira.
Esses times foram apoiar os profissionais médicos em Hubei, onde o surto já causou muitas mortes.
Até o fim de segunda-feira, 2.714 casos haviam sido confirmados em Hubei e 2.567 pacientes foram hospitalizados, segundo a Comissão Provincial de Saúde. Os hospitais de toda a província receberam 31.934 pacientes com febre na segunda-feira.
Uma equipe de assistência médica do Hospital Nanfang partindo para Wuhan em Guangzhou, capital da Província de Guangdong, sul da China, em 24 de janeiro de 2020. (Xinhua)
MERCADO FINANCEIRO
Diante das últimas notícias, o mercado financeiro global registrou, nesta segunda-feira (27), um dia de perdas generalizadas e intensa aversão ao risco. Já nesta terça, o dia parece ser de estabilidade e a busca por um redirecionamento à espera das próximas informações. Afinal, ainda há uma série de incertezas e informações desencontradas em torno do problema.
Alguns analistas comparam o surto com o coronavírus ao surto de SARS em 2003, que afetou 8 mil pessoas ao redor do mundo e causou a morte de outras 800. Na ocasião, ainda de acordo com os especialistas, o problema ajudou na redução do crescimento chinês em cerca de 1% na China e de aproximadamente 0,5% no Leste Asiático.
A diferença maior entre os dois anos, no entanto, é que em 2003 eram, aproximadamente, 60% da população nas áreas rurais e em 2020, são 60% nas áreas urbananas, como explica o líder de pesquisas da AdMacro, Patrick Perret-Green em entrevista à CNBC.
"As viagens de avião subiram, nesse período, de 80 milhões para 660 milhões. O custo de fechar cidades é também muito maior. A província de Xinjiang tem 56 milhões de pessoas e teve suas empresas fechadas por mais uma semana, Xangai, 24 milhões de pessoas, Hangzhou mais 11 milhões de pessoas", disse Perret-Green. "Há ainda uma grande parcela da população que está isolada, uma enorme quantidade de negócios parada e, assim, muitas empresas terão de pensar em cancelar alguns pedidos e ordens de serviço", completa.
Para Perret-Green, tal surto de coronavírus, caso não seja rapidamente controlado, poderia ter um "efeito Lehman" - referindo-se ao caso do Lehman Brothers, banco que desencadeou a crise econômica global de 2008 - e pode levar a economia mundial à uma recessão efetiva.
Afinal, o papel da China na economia global também é diferente daquele de 18 anos atrás. Ainda de acordo com o executivo, no final de 2002, o PIB chinês era estimado em US$ 1,5 bilhão, 4% do mundial. No final de 2019, a cifra foi de US$ 14,3 bilhões, mais do que 16% do global.
No contraponto, Harmut Issel, um dos chefes da UBS Global Wealth, também à CNBC, acredita que toda essa 'crise' na economia mundial não passa do primeiro trimestre de 2020. "Vemos esse tipo de recuo, essa baixa intensa, mais como uma oportunidade, especialmente em mercados emergentes, principalmente na Ásia, à exceção do Japão", diz.
Para ele, depois dos últimos eventos - como a SARS em 2003 - o governo chinês evoluiu, se aprimorou e já se mostra mais eficiente no controle de vírus como o corona.
No mercado de commodities agrícolas, a preocupação inicial se deu com a demanda da China por alimentos e matéria-prima para sua produção, como soja para o processamento e fabricação de ração. No entanto, estudos preliminares apontam que um efeito negativo deva ser sentido somente no curto prazo, quando a logística segue bastante limitada, como mais uma forma de tentar conter um contágio mais rápido do vírus.
Com restrições de deslocamento da população e o cancelamento de alguns eventos do feriado do Ano Novo Lunar - o feriado mais importante da nação asiática e onde a demanda por proteína aumenta consideravelmente, a comercialização das carnes está sendo afetada e se mostra um pouco mais lenta, como aponta um levantamento feito pela consultoria INTL FCStone.
Leia mais:
Mais do que isso, números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que tanto as exportações de carne bovina, quanto suína indicam potencial para registrarem recordes históricos para o mês de janeiro, com acumulados bem maiores do que no mesmo mês de 2019.
E nesta terça-feira de uma tentativa de estabilidade para mercado financeiro internacional, os futuros do milho já passavam a operar em campo positivo, com altas de mais de 1% na Bolsa de Chicago. Soja e trigo seguiam no vermelho, porém, com baixas bem mais tímidas do que as registradas no pregão anterior.
Na Bolsa de Nova York, entre as softcommodities, os futuros do arábica ainda cediam, com perdas de maia de 1%, enquanto o açúcar subia mais de 2% e o algodão quase 1%. O petróleo WTI também passava a operar em campo positivo, com 0,53%, por volta de 15h50 (Brasília), valendo US$ 53,45 por barril.
Nos índices acionários, quase todos operam com boas altas - acima de 1% - na tentativa de recuperarem parte das perdas intensas desta segunda-feira. Do mesmo modo, o ouro cai 0,47% e a prata mais de 3%.
(Com informações da CNBC e do South China Morning Post)