Agronegócio e parcerias tecnológicas marcarão visita de Bolsonaro à Índia

Publicado em 24/01/2020 11:03

O presidente Jair Bolsonaro chega nesta sexta-feira, 24, à Índia para uma viagem de quatro dias em que deve assinar 12 acordos de investimento e cooperação comercial em áreas como agronegócio e tecnologia. No domingo, 26, ele participará das celebrações do Dia da República - data em que entrou em vigor a Constituição indiana - e terá reuniões com empresários e líderes políticos, entre eles o primeiro-ministro Narendra Modi.

Na pauta das discussões estará a ambição dos dois países em aprofundar o comércio e as relações bilaterais. Em 2019, o intercâmbio comercial entre Brasil e Índia foi de U$ 7,5 bilhões. "Não há razão para não alcançar metas mais ambiciosas, como duplicar o comércio nos próximos três ou cinco anos", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o cônsul da Índia em São Paulo, Amit Kumar Mishra.

Entre as áreas com maior potencial está o agronegócio. Os indianos pretendem direcionar parte da produção de cana - que hoje vira açúcar - para aumentar a porcentagem de álcool na gasolina. Hoje, essa mistura não passa de 7%.

O objetivo é chegar a 10%, até 2022, e a 20%, em 2030. A redução da oferta de açúcar teria um impacto nos preços internacionais do produto. Segundo o governo indiano, para atingir a marca, a experiência do Brasil no setor de biocombustíveis é fundamental.

Antes do embarque, Bolsonaro falou sobre a expectativa para a viagem durante uma rápida entrevista na saída do Palácio da Alvorada. O presidente declarou que o Brasil gostaria de ver a Índia utilizar mais etanol em seus combustíveis. "É um grande interesse nosso que eles usem mais etanol no combustível deles, que daí, entre a lei da oferta e da procura, eles produzem menos açúcar e ajudam a equilibrar o mercado", afirmou o presidente.

Já os indianos, que são referência em tecnologia e inovação, podem oferecer soluções em áreas como análise de big data, inteligência artificial, internet das coisas e segurança cibernética. Hoje, a Índia é o segundo país com mais startups de tecnologia no mundo.

Diplomacia

"Precisamos de um envolvimento mais próximo entre os interessados nessas áreas nos dois países para resolver nossos desafios de desenvolvimento e crescimento", resume o cônsul.

Outro fator comum importante que une os dois países é a liderança nacionalista de Bolsonaro e Modi. Ambos lideram grupos políticos conservadores, de tons populistas e com fortes elementos econômicos de caráter liberal.

Brasil e Índia compartilham ainda uma reivindicação histórica: uma vaga de membro permanente na eventual ampliação do Conselho de Segurança da ONU - embora o chanceler Ernesto Araújo tenha dito algumas vezes que a vaga "não é mais uma prioridade" do governo brasileiro.

Bolsonaro será o convidado de honra de Modi para a cerimônia de domingo, a principal festa nacional da Índia - apenas Fernando Henrique Cardoso, em 1996, e Luiz Inácio Lula da Silva, em 2004, tiveram o mesmo privilégio. Na prática, o convite simboliza o interesse em reforçar os laços com o Brasil - em edições anteriores das comemorações, o governo indiano convidou aliados históricos, como EUA, França, Japão e África do Sul.

"Quando a Índia faz um convite honorário para qualquer presidente é um símbolo de que queremos uma parceria internacional com esse país. Estamos compartilhando valores", explica o professor Umesh Mukhi, do Departamento de Administração da FGV-EAESP. A Índia é o segundo maior mercado do mundo e um dos países que cresce a ritmo mais acelerado. Desde 2015, o PIB vem aumentando a um ritmo de 7%.

Comitiva

Um dos atos mais simbólicos será neste sábado, 25, na entrega de flores no túmulo do líder pacifista Mahatma Gandhi, decisivo na independência da Índia e uma referência do país de 1,3 bilhão de habitantes. Bolsonaro também deve visitar o Taj Mahal, mausoléu localizado na cidade de Agra, antes de voltar ao Brasil, na segunda-feira.

A agenda do presidente será intensa, inclui encontros com as autoridades indianas e empresários de diferentes setores da economia. Ao seu lado estarão os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tereza Cristina (Agricultura), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Osmar Terra (Cidadania) e Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Paulo Beraldo, enviado especial

Fonte: Estadão Conteúdo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ações da China e de Hong Kong caem com decepção por incentivo e preocupações com Trump
Senado aprova projeto que regula mercado de carbono
Existem vários caminhos possíveis para se atingir a meta de inflação, diz Galípolo
Petrobras reitera que responderá Ibama sobre Foz do Amazonas ainda este mês
Ibovespa fecha no azul com suporte de Embraer em dia repleto de balanços
Dow Jones e S&P 500 têm alta leve após dado de inflação manter intacta expectativa de corte do Fed
undefined