Guedes dirá em Davos: No primeiro ano, tiramos o Brasil do abismo fiscal
Brasília - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que vai defender no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), as reformas implementadas pelo governo Jair Bolsonaro, responsáveis por tirar o Brasil do "abismo fiscal", segundo ele.
"Do ponto de vista econômico, nós tiramos, no primeiro ano, o Brasil do abismo fiscal, da margem de abismo fiscal que a gente estava", disse Guedes, em entrevista a Fernando Rodrigues, do Poder em Foco, no SBT. O programa será exibido no domingo, 19.
O ministro citou, como exemplos de medidas que melhoraram o quadro das contas públicas e o ambiente de negócios, a aprovação da reforma da Previdência e da Lei da Liberdade Econômica (com o propósito de reduzir a burocracia nas atividades econômicas).
Guedes será o representante brasileiro no Fórum, realizado há quase 50 anos. O encontro reúne líderes mundiais e chefes das maiores empresas do mundo para discutir o aquecimento da economia global. A reunião deste ano acontecerá entre os dias 21 e 24 deste mês.
O ministro foi questionado se o presidente vai fazer falta. "Sempre que um presidente vai e entrega sua mensagem, evidentemente a imagem do país é fortalecida. Agora o presidente está sendo muito exigido", afirmou. O presidente cancelou a ida levando em conta "aspectos econômicos, de segurança e políticos", segundo o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros.
No encontro do ano passado, Bolsonaro fez um discurso no qual afirmou que gostaria de compatibilizar a preservação ambiental e o avanço econômico.
Ao programa, Guedes disse que neste ano a economia crescerá o dobro do que cresceu antes. Nesta semana, o Ministério da Economia revisou para cima sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. A estimativa para a alta da atividade neste ano passou de 2,32% para 2,40%. Para o ano de 2019, cujo resultado ainda não foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a previsão da área econômica de crescimento passou de 0,90% para 1,12%. (Equipe AE).
Recessão longa e profunda derrubou produtividade da indústria
Rio de Janeiro - A recessão econômica longa e profunda prejudicou mais o setor industrial, que teve queda na produtividade e terá dificuldades de concorrer com seus pares de outros países conforme a economia brasileira for se abrindo, alertou Fabio Bentes, responsável pelo estudo da CNC sobre o fechamento de unidades industriais no País.
"Quando a gente abrir a economia, e é isso que se espera de um governo liberal, a tendência é que a gente não tenha recuperação no número de empresas. Porque abrir a economia vai exigir um grau de esforço de produtividade das indústrias daqui e seguramente muitas delas não estão preparadas", previu Bentes.
Para André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, a recuperação industrial brasileira tem sido prejudicada por diferentes fatores. Alguns são estruturais, como carga tributária elevada. Outros são conjunturais, como a crise na Argentina, os mais de 12 milhões de desempregados e o ambiente de incertezas elevadas desde 2018, que afeta decisões de consumo e de investimentos.
"Tem uma série de fatores influenciando e o setor industrial não consegue de forma alguma deslanchar", avaliou Macedo. "Tem algum tipo de recuperação, mas sem fôlego para eliminar as perdas do passado."
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria brasileira, que mostra quanto do parque industrial está sendo usado, desceu a 75,1% na passagem de novembro para dezembro. Os dados são da Sondagem da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV). A última vez que o Nuci esteve acima de 80% foi em 2014. Desde 2015 o nível de utilização da capacidade instalada gira em torno de 70%.
"Isso significa que a capacidade ociosa (parte dos equipamentos fabris que não é utilizada) da indústria está bastante elevada", ponderou a economista Renata Santos de Mello Franco, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV). Significa que o uso da capacidade produtiva está bem abaixo da média histórica, que fica em torno de 79,9% a 80%.
O levantamento da CNC sobre o fechamento de unidades industriais foi feito com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), hoje sob responsabilidade do Ministério da Economia. Também foram usadas informações das Contas Nacionais do IBGE.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Crise fez País perder 17 unidades industriais por dia entre 2015 e 2018, diz CNC
Rio de Janeiro - Em meio a dificuldades de manter o ritmo de recuperação da produção, a indústria de transformação encolheu significativamente no País nos últimos anos. Pelo menos 17 indústrias fecharam as portas por dia no Brasil ao longo de quatro anos. Ao todo, 25.376 unidades industriais encerraram suas atividades de 2015 a 2018. Os números são de levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com exclusividade para o jornal O Estado de São Paulo/Broadcast.
A extinção de unidades industriais é resultado do acúmulo de perdas na produção da indústria de transformação brasileira entre 2014 e 2016. Houve um início de recuperação em 2017, mas o processo perdeu fôlego em 2018. De janeiro a novembro de 2019, últimos dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física do IBGE, a produção da indústria de transformação ficou praticamente estagnada. Com dificuldades para repor as perdas passadas, a indústria de transformação opera 18,4% abaixo do pico alcançado em março de 2011.
"A transformação está praticamente parada. Se ela não cai, também não demonstra nenhum tipo de crescimento", ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Se a produção industrial cresce, cada aumento de 1 ponto porcentual gera abertura de, aproximadamente, 5,9 mil unidades produtivas no ano seguinte. Se cai, o número de fábricas em atividade diminui na mesma proporção, calculou Fabio Bentes, economista da Divisão Econômica da CNC e responsável pelo estudo.
"O fechamento de unidades produtivas vai se intensificando e atinge um ápice também mais ou menos depois de um ano", explicou Bentes.
O estudo da CNC mostra que o País tinha 384.721 unidades industriais de transformação em 2014. Desceu a 359.345 indústrias em 2018, queda de 6,6% no total de unidades. O Rio de Janeiro teve a maior queda no período (-12,7%). Perdeu 2.535 unidades em quatro anos. Em termos absolutos, o Estado de São Paulo teve a maior perda de unidades produtoras. Foram menos 7.312 unidades, o equivalente a uma redução de 7%.
A expectativa para a produção industrial nos próximos meses é favorável. O processo de abertura da economia e a elevada capacidade ociosa do parque fabril, porém, podem adiar a inauguração de novas unidades industriais. Haverá dificuldade para a retomada mesmo em cenário de crescimento da fabricação de manufaturados.
"A economia está começando a se recuperar, há expectativa de crescimento em torno de 2% na indústria (em 2020). Mas será que vai gerar cerca de 12 mil unidades produtivas em 2021? Acho pouco provável que isso ocorra", opinou Bentes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.