China diz que acordo comercial é bom para todos e mídia estatal desencoraja "picuinhas"
A mídia estatal chinesa alertou nesta quinta-feira contra qualquer "picuinha", ao mesmo tempo em que Pequim retratou a Fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos e seus novos compromissos de compras maciças de produtos norte-americanos como um benefício para a economia chinesa.
Em troca de algum alívio tarifário, a China concordou em comprar pelo menos 200 bilhões de dólares acionais em bens e serviços norte-americanos ao longo de dois anos, incluindo 32 bilhões a mais em importações de produtos agrícolas dos EUA - metas que alguns analistas dizem serem difíceis de alcançar.
No país mais populoso do mundo, a cobertura da assinatura foi gerenciada com rigor e o acordo comercial rapidamente saiu dos 10 principais tópicos de tendências na plataforma chinesa Weibo, semelhante ao Twitter.
Uma pessoa que trabalha em censura na gigante chinesa de mídia social ByteDance e uma alta autoridade em um meio de comunicação estatal disse à Reuters que os funcionários foram instruídos a usar apenas relatórios oficiais sobre o acordo - orientação que não é incomum para notícias políticas sensíveis.
A mídia oficial e as declarações do governo foram otimistas, com o Diário do Povo dizendo que o aumento das importações agrícolas "enriquecerá as mesas de jantar das pessoas comuns".
Um artigo da mesma publicação sob o pseudônimo "Zhong Sheng", geralmente usado para expressar suas opiniões sobre política externa, disse que o pacto estava alinhado com as reformas da China, a abertura e a busca por crescimento de alta qualidade.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse que a Fase 1 do acordo é boa para os dois países e para o mundo quando perguntado se ele achava o acordo injusto.
O Ministério do Comércio da China, que normalmente comenta questões comerciais, cancelou no início desta semana sua entrevista coletiva rotineira de quinta-feira.
Um debate robusto não foi, contudo, incentivado.
Um editorial do Global Times, tabloide do Diário do Povo, afirmou que debater "sobre quem perdeu ou ganhou é superficial".
"Pedimos às pessoas e força que exercitem alguma restrição em suas picuinhas sobre o acordo e em falar mal de futuras negociações comerciais", disse.
O acordo é bem-vindo para o presidente Xi Jinping, que enfrenta uma economia em desaceleração, inquietação em Hong Kong e a recente reeleição do presidente do partido pró-independência de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse Wang Yiwei, professor de relações internacionais na Universidade Renmin em Pequim.
"O fato de a China não ter sido derrotada completamente já é um sucesso", disse ele.