China diz que acordo comercial é bom para todos e mídia estatal desencoraja "picuinhas"

Publicado em 16/01/2020 09:22

A mídia estatal chinesa alertou nesta quinta-feira contra qualquer "picuinha", ao mesmo tempo em que Pequim retratou a Fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos e seus novos compromissos de compras maciças de produtos norte-americanos como um benefício para a economia chinesa.

Em troca de algum alívio tarifário, a China concordou em comprar pelo menos 200 bilhões de dólares acionais em bens e serviços norte-americanos ao longo de dois anos, incluindo 32 bilhões a mais em importações de produtos agrícolas dos EUA - metas que alguns analistas dizem serem difíceis de alcançar.

No país mais populoso do mundo, a cobertura da assinatura foi gerenciada com rigor e o acordo comercial rapidamente saiu dos 10 principais tópicos de tendências na plataforma chinesa Weibo, semelhante ao Twitter.

Uma pessoa que trabalha em censura na gigante chinesa de mídia social ByteDance e uma alta autoridade em um meio de comunicação estatal disse à Reuters que os funcionários foram instruídos a usar apenas relatórios oficiais sobre o acordo - orientação que não é incomum para notícias políticas sensíveis.

A mídia oficial e as declarações do governo foram otimistas, com o Diário do Povo dizendo que o aumento das importações agrícolas "enriquecerá as mesas de jantar das pessoas comuns".

Um artigo da mesma publicação sob o pseudônimo "Zhong Sheng", geralmente usado para expressar suas opiniões sobre política externa, disse que o pacto estava alinhado com as reformas da China, a abertura e a busca por crescimento de alta qualidade.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse que a Fase 1 do acordo é boa para os dois países e para o mundo quando perguntado se ele achava o acordo injusto.

O Ministério do Comércio da China, que normalmente comenta questões comerciais, cancelou no início desta semana sua entrevista coletiva rotineira de quinta-feira.

Um debate robusto não foi, contudo, incentivado.

Um editorial do Global Times, tabloide do Diário do Povo, afirmou que debater "sobre quem perdeu ou ganhou é superficial".

"Pedimos às pessoas e força que exercitem alguma restrição em suas picuinhas sobre o acordo e em falar mal de futuras negociações comerciais", disse.

O acordo é bem-vindo para o presidente Xi Jinping, que enfrenta uma economia em desaceleração, inquietação em Hong Kong e a recente reeleição do presidente do partido pró-independência de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse Wang Yiwei, professor de relações internacionais na Universidade Renmin em Pequim.

"O fato de a China não ter sido derrotada completamente já é um sucesso", disse ele.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Inflação cai abaixo de 200% na Argentina em meio a queda do consumo
Dólar fecha estável ante real com ata do Copom e expectativa por medidas fiscais
Alemanha deve realizar eleição antecipada em 23 de fevereiro
Dólar tem leve baixa, mas segue acima dos R$5,76 com forte pressão externa
Dólar tem leve alta na abertura com contínuo impulso de vitória de Trump
BC diz que piora adicional nas expectativas de inflação pode prolongar aperto nos juros
undefined