EUA garante que China irá comprar de US$ 40 bilhões a 50 bilhões em produtos agrícolas

Publicado em 12/01/2020 18:16
Acordo comercial entre EUA e China não mudou na tradução, diz Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, neste domingo.

WASHINGTON (Reuters) - Os compromissos da China na primeira fase do acordo comercial com os Estados Unidos não foram modificados durante um longo processo de tradução e serão divulgados esta semana, quando o documento for assinado em Washington, disse o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, neste domingo.

Mnuchin afirmou à emissora Fox News que o acordo fechado em 13 de dezembro ainda exige que a China compre entre 40 bilhões e 50 bilhões de dólares de produtos agrícolas dos EUA anualmente e um total de 200 bilhões de dólares de bens norte-americanos como um todo ao longo de dois anos.

“Não foi modificado na tradução. Eu não sei como esse boato começou”, disse Mnuchin ao programa “Sunday Morning Futures with Maria Bartiromo”.

“Temos realizado um processo de tradução que acho que dissemos ser, na verdade, uma questão técnica”, disse Mnuchin. “E a linguagem será divulgada esta semana. Então eu acho que, no dia da assinatura, vamos divulgar a versão em inglês”.

“E as pessoas podem ver. É um acordo muito, muito extenso”, acrescentou.

Autoridades da Casa Branca haviam dito na sexta-feira que o texto final em chinês ainda não havia sido completo, por mais que convites tenham sido enviados para mais de 200 pessoas para o evento de assinatura da fase um do acordo, em 15 de janeiro, na Casa Branca.

Questionado se ainda espera que a China compre de 40 bilhões a 50 bilhões de dólares de produtos agrícolas dos EUA, segundo o acordo, Mnuchin disse: “Sim. Deixe-me dizer, são 200 bilhões de dólares em produtos adicionais no geral ao longo de dois anos e, especificamente, de 40 bilhões a 50 bilhões em agricultura”.

EUA e China concordam com negociações semestrais visando reformas e resolução de disputas, diz WSJ

(Reuters) - Os Estados Unidos e a China concordaram em ter conversas semestrais destinadas a pressionar por reformas nos dois países e a resolver disputas, informou o Wall Street Journal neste sábado.

As negociações serão anunciadas em 15 de janeiro como parte da assinatura da fase um do acordo comercial entre os EUA e a China, mas serão separadas de qualquer negociação comercial da segunda fase, informou o Journal, acrescentando que o esforço será liderado do lado norte-americano pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e do lado chinês pelo vice-primeiro-ministro, Liu He.

Os dois países, que travam uma guerra comercial há mais de um ano, ponderam nomear o processo como "Diálogo Econômico Abrangente", de acordo com o WSJ.

Programação de embarque de soja do Brasil à China aponta queda acentuada este mês

  • Navio é carregado com soja para exportação no porto de Paranaguá (PR) 27/03/2003 REUTERS/Paulo Whitaker

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil para a China em janeiro podem cair quase pela metade na comparação com o mesmo período do ano passado, considerando dados apurados até o momento da programação de navios nos portos, de acordo com informações da agência marítima Cargonave compiladas pela Reuters.

Até quinta-feira, os embarques programados para a China somavam cerca de 800 mil toneladas, com mais de dez navios agendados, ante aproximadamente 1,4 milhão de toneladas estimados em janeiro de 2019 segundo "line-up" de embarcações apurado no mesmo período do ano passado pela agência.

A redução esperada nos embarques brasileiros para a China até agora, segundo analistas, ocorre em momento em que chineses estão perto de assinar o acordo comercial fase 1 com os Estados Unidos, o que deixa compradores mais distantes da soja brasileira.

Além disso, as exportações do Brasil para a China em janeiro do ano passado, quando havia nesta época cerca de 20 navios programados para enviar soja ao país asiático, refletiram muitos negócios feitos quando a guerra comercial sino-americana estava mais acirrada.

"Janeiro do ano passado foi atípico, porque nós tivemos um recorde de exportação em 2018, e o mercado seguiu muito aquecido com as demandas da China (no início de 2019)... Até aquele momento, havia a impressão de que a disputa (China-EUA) iria durar", explicou a consultora Andrea Cordeiro.

Ela lembrou ainda que China e EUA estão muito próximos e, conforme as notícias, devem assinar um acordo na semana que vem.

Se esse acerto entre as duas maiores economias do mundo ocorrer, a analista não descarta que haja um certo "esvaziamento" de compras do produto brasileiro, com a possível ocorrência até de "washouts", ou cancelamento de negócios no Brasil com recompra nos EUA pelas tradings.

O analista de complexo soja Gabriel Viana, da Safras & Mercado, concorda.

"Agora apareceu uma aproximação um pouco mais forte entre EUA e China, estão mais perto de assinar algum acordo comercial. A China deve ter dado uma esfriada nas compras do Brasil, já pensando em compras de soja dos EUA", disse ele, ao ser questionado sobre os embarques programados.

Ainda que o "line-up" aponte uma redução, o mercado relatou alguns negócios com soja brasileira esta semana.

OUTROS DESTINOS

Embora uma redução de embarques para a China seja esperada para janeiro, olhando a fotografia do "line-up" do momento, as exportações totais do país --considerando outros destinos-- apontam para uma estabilidade, somando ao todo cerca de 2 milhões de toneladas.

O número de navios sem um destino claro na programação é quase o mesmo ante o registrado no ano passado, em torno de dez.

No entanto, neste ano há mais embarcações nomeadas para transportar soja para outros países que não a China, principal cliente do Brasil --ela adquiriu mais de 57 milhões de toneladas de soja do país em 2019, segundo a Cargonave.

No "line-up" de janeiro de 2019, desconsiderados navios sem indicação de destino, havia praticamente somente embarques para a China, com exceção de dois para a Rússia.

Já para janeiro de 2020, há embarques de soja previstos para Espanha (três navios), Rússia (dois), Tailândia (dois), Turquia (dois), Reino Unido (um) e Romênia (um).

A analista Ana Luiza Lodi, da INTL FCStone, comentou ainda que o Brasil está enfrentando neste janeiro uma menor disponibilidade de soja, após exportações acima do esperado em 2019 e com uma colheita (que se inicia neste mês) mais atrasada na comparação com a safra anterior.

Ana Luiza ponderou ainda que, "como estamos no começo do mês, os dados ainda podem mudar bastante". Lembrou também que o Brasil usualmente não exporta tanta soja em janeiro, quando a colheita ainda está só começando.

Enquanto nos melhores meses os embarques de soja do Brasil costumam superar 10 milhões de toneladas, em janeiro do ano passado atingiram 2,15 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

MILHO

As exportações de milho do Brasil também indicam um recuo na comparação com janeiro do ano passado, de acordo com dados da Cargonave.

A programação de navios aponta, até o momento, embarques de pouco mais de 1,1 milhão de toneladas, versus mais de 2,5 milhões de toneladas na fotografia do "line-up" desta época do ano passado, segundo a agência marítima.

Em janeiro do ano passado, os embarques de milho somaram 4,2 milhões de toneladas.

Segundo a analista da FCStone, as exportações de milho deverão sim ficar abaixo do ano passado em janeiro, em meio a preocupações com a oferta no primeiro semestre, enquanto não entra a segunda safra, a maior do cereal no Brasil.

(Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Gabriel Araujo)

Fonte: Reuters

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