Itaú Unibanco vê inflação de 3,50% em 2020 com viés de baixa e novo corte da Selic no radar

Publicado em 10/01/2020 12:30

SÃO PAULO (Reuters) - A estimativa do Itaú Unibanco para o IPCA de 2020 contempla inflação abaixo do centro da meta e tem inclusive viés de baixa, depois de a alta dos preços em 2019 ter ficado acima do patamar central perseguido pelo Banco Central pela primeira vez desde 2016.

O banco prevê que o IPCA varie 3,50% em 2020, abaixo do centro da meta do governo, de 4,00%. Isso após o índice ter fechado 2019 com alta de 4,31%, acima dos 4,25% buscados pelo BC, depois de dois anos de taxas abaixo do centro da meta estipulada.

De acordo com Julia Araujo, economista sênior do Itaú, já neste mês de janeiro os preços das carnes --vilão do fim do ano passado-- devem mostrar deflação, com a arroba do boi gordo estando na casa de 200 reais depois de ter superado 230 reais no fim do ano passado.

"A expectativa é parte dessas altas fortes do fim de 2019 se revertam em parte, o que, junto com a queda do dólar, nos faz adicionar um viés de baixa à nossa projeção (para o IPCA de 2020)", disse Araujo.

O dólar caiu 5,37% em dezembro passado --maior baixa para qualquer mês desde janeiro de 2019, depois de em novembro ter disparado para perto de 4,30 reais e gerado temores de algum impacto mais visível sobre a inflação.

A economista do Itaú, porém, disse que mesmo em 2019 a inflação mais associada ao ritmo da economia --que considera serviços e bens industriais-- ficou "bem comportada", com alta de 2,9%, bem abaixo dos 4,25% do centro da meta, indicação de que não há pressões inflacionárias mais destacadas.

A previsão pelo Itaú de inflação abaixo da meta em 2020 corrobora expectativa do banco de novos cortes da Selic, que deverá terminar este ano em 4,00%, 0,50 ponto percentual abaixo do patamar corrente. A mais recente pesquisa Focus do Banco Central aponta juro básico de 4,50%, conforme mediana das projeções.

Ibovespa ensaia quebrar série de quedas com exterior benigno e recuperação de bancos

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista mostrava o Ibovespa em alta na manhã desta sexta-feira, ensaiando quebrar uma série de cinco pregões fechando no vermelho, em movimento favorecido pelo viés tranquilo no cenário externo e recuperação das ações de bancos.

Às 11:43, o Ibovespa subia 0,41 %, a 116.416,93 pontos. Nos últimos cinco pregões, o índice contabilizou uma perda de 2,2%.

O volume financeiro era de 3,077 bilhões de reais.

"Nosso mercado, ainda sem rumo em janeiro, pode ter um melhor desempenho hoje", afirmou a equipe da Planner, citando que sinais de que Estados Unidos e Irã se afastaram de ameaças deram novo ânimo aos mercados de risco.

"Além disso, na semana que vem está prevista a assinatura do documento para o acordo comercial entre EUA e China", acrescentou.

Dados norte-americanos nesta sexta-feira mostraram que o crescimento do emprego desacelerou mais do que o esperado em dezembro, mas o ritmo de contratação continua suficiente para manter o ritmo da expansão norte-americana.

Em Wall Street, o S&P 500 subia 0,20% logo após o início dos negócios.

No Twitter, o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, avaliou que, no curto-prazo, na ausência de outros eventos no dia, o relatório de emprego dos EUA traz números bons para ativos emergentes e para um dólar mais fraco no mundo.

Da pauta brasileira, o choque da alta no preço da carne pressionou a inflação oficial do país no ano passado e o IPCA terminou 2019 acima do centro da meta oficial, com alta de 4,31%, mas dentro do limite pelo quarto ano seguido.

Em dezembro, o IPCA teve alta de 1,15%.

Para a equipe do Safra, a boa notícia é que alta de dezembro se concentrou em carnes e cuidados pessoais. Ele reiteraram a previsão de queda de 0,25 ponto percentual para a taxa Selic na próxima reunião do Copom, em fevereiro.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN avançava 0,7%, endossando a recuperação do Ibovespa, após recuar nos últimos cinco pregões, acumulando no período uma perda de mais de 8%. BRADESCO PN mostrava elevação de 0,3%, com todas as ações de bancos na composição do índice no azul.

- WEG ON tinha alta de 2,6%, após duas quedas seguidas, período em que acumulou declínio de mais de 5%.

- NOTRE DAME INTERMÉDICA ON subia 2,4%, no primeiro pregão após divulgar que seu conselho de administração aprovou programa de recompra de até 3,4 milhões de ações, equivalente a 0,6% do capital social da companhia. O anúncio vem cerca de um mês após oferta de ações da empresa, que movimentou o equivalente a 5 bilhões de reais e consistiu na distribuição primária de 65 milhões de ações e distribuição secundária de 22,75 milhões de papéis.

- CIELO ON valorizava-se 1,5%, após forte queda na véspera, a quinta consecutiva, ampliando as perdas no mês para quase 12%. O analista do Bradesco BBI Victor Schabbel, ex-executivo na Cielo, cortou na quinta-feira a recomendação do papel a 'underperfom' e reduziu o preço-alvo a 6,5 reais, citando que pressões sobre os resultados da empresa devem continuar e que um potencial 'upside' das renegociações sobre incentivos não deve ser suficiente para mudar a perspectiva.

- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON caíam ambas 0,2%, tendo de pano de fundo fraqueza nos preços do petróleo no mercado externo.

- VALE ON avançava 0,2%, acompanhando o tom positivo também no setor de mineração e siderurgia na Europa.

- SUL AMÉRICA UNIT recuava 0,9%, após renovar cotação recorde intradia mais cedo, a 65,18 reais. Até a véspera, quando o fechou na máxima histórica de 64,92 reais, as units acumulavam valorização superior a 8% em janeiro.

- BRASKEM PNA perdia 0,4%, também experimentando um ajuste de baixa, após ganho de mais de 7% nos dois pregões anteriores. Em 2020, a alta até a quinta-feira somava 16,75%.

Fonte: Reuters

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