Petróleo fecha em forte queda, no menor valor desde meio de dezembro
São Paulo - O petróleo fechou em forte queda o pregão desta quarta-feira, 8, diante da diminuição de tensões entre os Estados Unidos e o Irã, que geravam preocupação sobre o fornecimento da commodity. Além disso, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano informou alta acima do esperado nos estoques do óleo no país.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do WTI para fevereiro caiu 4,93%, para abaixo da marca de US$ 60, a US$ 59,61 o barril, no menor nível desde 12 de dezembro. O Brent para março, por sua vez, recuou 4,15%, a US$ 65,44 o barril, patamar mais baixo desde 16 de dezembro.
Apesar do ataque iraniano a bases usadas por forças militares americanas no Iraque ontem à noite, as tensões entre os dois países diminuíram com o pronunciamento do presidente dos EUA, Donald Trump, que aplicou sanções ao país persa, mas afirmou que Teerã parece estar "se resignando, o que é uma coisa boa".
Além disso, o fato de que não houve mortos ou feridos no ataque de ontem indica que houve um acordo entre os governos de Washington e Teerã para evitar a escalada de conflitos, avaliaram Gunther Rudzit, professor e coordenador do núcleo de Oriente Médio da ESPM-SP, e Lucas Leite, professor de Relações Internacionais da Faap e especialista em política externa dos EUA, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Os analistas preveem que, agora, os contratos futuros de petróleo, que apagaram os ganhos da última semana, quando saltaram com a escalada de tensões, devem voltar à faixa anterior ao conflito.
Também hoje, o DoE informou que os estoques de petróleo no país subiram na última semana, ao contrário da previsão de queda, enquanto os de gasolina e destilaram avançaram bem mais do que o esperado.
*Com informações da Dow Jones Newswires
Preços do petróleo despencam após declarações de EUA e Irã amenizarem tensões
Por Scott DiSavino, da Reuters
NOVA YORK (Reuters) - Os contratos futuros do petróleo apresentavam forte reviravolta e recuavam quase 4% nesta quarta-feira, após se aproximarem de uma máxima de quatro meses no início da sessão, influenciados por um ataque aéreo iraniano a forças dos Estados Unidos no Iraque, mas recuarem à medida que os países agiram para amenizar as tensões.
Os preços caíram ainda mais depois das evidências de que o ataque de mísseis não danificou instalações petrolíferas. Além disso, as cotações receberam pressão de um relatório de estoques do governo norte-americano, que mostrou uma surpreendente alta nas reservas de petróleo do país.
"Nenhum norte-americano ficou ferido no ataque da noite passada pelo regime iraniano", disse o presidente dos EUA, Donald Trump, em pronunciamento na Casa Branca. Ele fez um apelo para que potências mundiais trabalhem por um novo acordo nuclear com Teerã.
Antes mesmo das declarações de Trump, os preços já recuavam em relação às máximas registradas durante a noite, uma vez que tuítes do presidente norte-americano e do ministro das Relações Exteriores do Irã sinalizaram ao menos uma calmaria temporária.
O petróleo Brent recuava 2,75 dólares, ou 4,03%, a 65,52 dólares por barril, às 15:01 (horário de Brasília). No início da sessão, o contrato chegou a atingir o maior valor desde meados de setembro, a 71,75 dólares.
O valor de referência internacional tem operado em altas desde outubro, quando o barril tocou uma mínima de 56,15 dólares --a máxima da sessão desta quarta-feira representou um salto de 28% em relação a essa cotação.
Enquanto isso, o petróleo dos EUA caía 2,7 dólares, ou 4,31%, a 60 dólares por barril. A máxima do dia foi de 65,65 dólares, mais alto nível desde o final de abril.
Além das notícias sobre o Oriente Médio, a Administração de Informação sobre Energia dos EUA (AIE) apontou que os estoques de petróleo do país avançaram em 1,2 milhão de barris na semana finalizada em 3 de janeiro. O crescimento surpreendeu o mercado, que esperava um recuo de 2,6 milhões de barris, além de contradizer dados preliminares da indústria, que mostravam uma baixa de 5,9 milhões de barris no período.
"Um tridente de dados baixistas no relatório semanal da AIE adicionou ímpeto à reversão dos preços do petróleo verificada ao longo da noite, enquanto os temores de uma escalada nas tensões diminuíram", disse Matt Smith, diretor de pesquisas em commodities da ClipperData.
O "tridente" mencionado por Smith faz referência a uma forte desaceleração nas operações das refinarias, ao aumento das importações e a um enfraquecimento das exportações de petróleo dos EUA, dados revelados pela AIE.
(Reportagem adicional de Laila Kearney em Nova York, Julia Payne em Londres, Aaron Sheldrick e Yuka Oyabashi em Tóquio, Florence Tan em Cingapura)