Juros fecham em queda com alívio no câmbio e melhora na percepção sobre inflação

Publicado em 07/01/2020 19:55

São Paulo - O relativo alívio visto nos negócios internacionais também chegou aos juros, que renovaram mínimas sequenciais no período da tarde, especialmente no trecho mais curto. A tensão da manhã deu lugar a fundamentos no mercado, e os investidores passaram a ponderar que há sinais de que o choque de carnes bovinas ficou concentrado em 2019 e que a tensão entre Estados Unidos e Irã diminuiu.

Se o dólar foi a principal fonte de pressão no começo da tarde, com alta de 0,7%, a moeda americana também contribuiu para o gradual acomodação dos juros ao longo da tarde.

Getúlio Ost, gestor de renda fixa da Porto Seguro Investimentos, explica que, além da inversão do sinal da moeda americana, a ampliação do recuo nas cotações do petróleo abriu espaço para a baixa na curva.

"No mais, há sinais de que a inflação está cedendo rápido, o que ajuda especialmente a parte mais curta a fechar", afirma Ost, citando especialmente as pesquisas de inflação na ponta.

Em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o coordenador do IPC da Fipe, Guilherme Moreira, salientou que a proteína bovina - uma das principais causas da aceleração recente do indicador - mostrou leve queda na ponta na última semana de dezembro.

O índice subiu 0,94% no último mês do ano, mais do que em novembro (0,68%), mas menos do que apontava a mediana das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast, de 1,23%. E foi menor do que a taxa da terceira quadrissemana do mês passado (+1,14%), fechando 2019 em 4,4%.

Para o gestor de renda fixa da Absolute Invest, Maurício Patini, a percepção do mercado é que o choque de carnes vai "voltar rápido", o que contribuiu para a queda no trecho da curva de juros mais sensível à política monetária.

Desta forma, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular e a estendida no menor nível desde 30 de outubro, a 4,485%, de 4,525% ontem no ajuste.

Parte do mercado começa a reconhecer, contudo, o risco de que o incêndio de grandes proporções que atinge a Austrália - um dos principais exportadores de proteínas do mundo - pressione a disponibilidade do produto no mercado internacional e dê sobrevida à inflação do grupo no mercado interno, ainda que não se trate de um cenário base.

Nos demais vencimentos, a taxa do DI para janeiro de 2023 passou de 5,820% para 5,780% (regular) e 5,760% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,440% (regular) e 6,430% (estendida), de 6,460%. O DI para janeiro de 2027 encerrou a sessão regular com taxa de 6,790%, mesmo nível do ajuste de ontem, e a estendida em 6,770%.

Ouro fecha em alta com tensões no Oriente Médio e busca por segurança

São Paulo - Os contratos futuros de ouro fecharam esta terça-feira, 7, em alta, superando a marca do dia anterior no maior nível desde 2013. Os investidores continuam preferindo ativos mais seguros diante das incertezas em relação ao cenário geopolítico, após o ataque americano que matou o general iraniano no Iraque, Qassim Suleimani, na semana passada.

Pesam também nas preocupações certa incerteza sobre a assinatura do acordo comercial sino-americano, após notícias de que a viagem da comitiva asiática para os Estados Unidos não tem data confirmada, e que o governo chinês não vai elevar a importação de grãos dos Estados Unidos.

O ouro para fevereiro subiu 0,35%, a US$ 1.574,3 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).

As tensões entre EUA e Irã e as dúvidas sobre o desenrolar do conflito nas próximas semanas sustentam certa cautela, com investidores buscando a segurança do ouro. Nesta terça, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que o Irã nunca terá arma nuclear, que os Estados Unidos atacaram e assassinaram o general Qassim Suleimani para impedir um "ataque iminente" orquestrado contra americanos.

Segundo análise do ING, "sem surpresa, o ouro continua a encontrar um bom apoio, dados os desenvolvimentos no Oriente Médio". A instituição diz ainda que a "atual rede especulativa de longo prazo "provavelmente será significativamente maior, dada a mudança para ativos de refúgio nos últimos dias".

As negociações comerciais entre EUA e China voltaram a rondar as preocupações dos investidores nesta terça, com dúvidas sobre a assinatura do acordo "fase 1". O vice-ministro de Agricultura da China, Han Jun, afirmou que Pequim não elevará sua cota anual de importação de grãos dos EUA, de acordo com o Caixin Global.

Mais tarde, o Global Times informou, por fontes, que ainda não está clara uma data específica para a cerimônia de assinatura do pacto comercial nos EUA.

Fonte: Agência Estado

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