B3 recua após arbitragem sobre acesso à central depositária abrir espaço para concorrente
As ações da B3 recuavam fortemente nesta segunda-feira, após a conclusão de negociação de preço e demais condições para a prestação de serviços de transferência de valores mobiliários (serviços de CSD) com a Americas Trading Group (ATG) para acesso a sua central depositária.
"Como resultado desse processo, foi firmado contrato que estabelece as condições para a prestação de Serviços de CSD para o mercado de renda variável por parte da B3", disse em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com a B3, entre outras cláusulas, o contrato estabelece Taxa de Transferência de Ativos (TTA) base a ser aplicada pela B3 sobre as transações que processar de 0,26 pontos básicos, sobre o que serão aplicados descontos de acordo com o crescimento dos volumes totais do mercado.
A questão foi solucionada por meio de procedimento de mediação, disse a B3.
Por volta das 11:15, as ações da B3 caíam 4,91%, a 46,69 reais, maior declínio do Ibovespa <.BVSP>, que tinha variação positiva de 0,06%. Vale citar que, no ano, os papéis da B3 acumulam valorização de cerca de 78%.
Na visão do analista Luiz Azevedo, do Banco Safra, este era o último passo para possibilitar a entrada de um concorrente no mercado de renda variável, no caso, para o segmento Bovespa. A B3 até hoje domina sozinha esse mercado no Brasil.
Para Azevedo, a entrada da ATG no mercado agora "dependerá da sua própria capacidade de se conectar à B3 e conseguir massa crítica de corretoras para operar em sua plataforma".
Fundada em 2010 por ex-executivos da corretora Ágora, a ATG vende serviços de negociação eletrônica na bolsa a corretoras de ações e gestores de recursos, mas ficou mais conhecida dois anos depois quando anunciou planos de criar uma plataforma eletrônica para concorrer com a B3, então BM&FBovespa. (https://bit.ly/2QcQ6v5)
No final de 2017, a ATG conectou-se ao serviço de depositária da B3 e estava ajustando seu sistema de liquidação em preparação para competir no mercado à vista de ações no Brasil enquanto aguardava o resultado da arbitragem.